- Me diz alguma coisa, Jennie — Jisoo afastou a cabeça para encará-la. — Não precisa me dizer palavras bonitas, mas apenas me diz ou faça alguma coisa pra eu saber o que esperar.
A morena tentava encontrar as palavras certas. Poderia dizer bem ali no meio daquele restaurante a sua assistente o quão maravilhosa ela era e o quanto a queria bem. Era só dizer isso que Jisoo entenderia que ela também foi fisgada. Não havia mistérios em só dizer o que era a verdade que estava em seu coração.
Jennie abriu a boca, mas logo tornou a fechar. Sentia sua garganta seca, seu corpo trêmulo e quase pegando fogo por estarem tão próximas e sua mente dizia que Jisoo era a pessoa certa. Era a pessoa que a conhecia bem e a tratava melhor do que todos. Era a pessoa que ela admirava e queria sempre por perto. Era a pessoa que há muito tempo vinha morando em sua mente, mas ela nunca quis admitir.
Era estranho ter um sentimento tão grande velado dentro do peito. A morena nunca tinha passado por aquilo, nunca soube a sensação de amar e ser correspondia. Agora estava rendida de amores pela loira, por tudo de bom que ela a fazia sentir e por fazê-la se sentir única e ela mesma.
Não foi em três dias que ela havia se apaixonado. O sentimento sempre esteve ali, mas ignorou todos os sinais. Era mais fácil não lidar com esses sentimentos. Na verdade, era mais fácil simplesmente fingir que não sentia, que era uma megera, uma vadia e tudo mais que costumavam falar sobre ela. Às vezes, lidar com a verdade era assustador demais e nem todo mundo era corajoso para enfrentá-la. E Jennie não tinha sido corajosa o suficiente para encarar a verdade.
Sentindo seus olhos arderem pela vontade que estava tendo de chorar, a morena foi até a mesa que havia jantado pegar sua bolsa e logo saiu do restaurante. Mentalmente, estava se xingando por ter magoado alguém que não merecia isso. Jisoo foi a primeira pessoa que a viu antes mesmo dela se mostrar, mas, talvez, agora a loira tivesse percebido que ela realmente não tem nada de bom a oferecer, assim como havia dito.
Tudo o que Jennie sabia sobre o amor, era o fato de ter amado um cachorro e seus pais. Seu cachorro morreu quando ela tinha doze anos, seus pais quatro anos mais tarde. Nada que ela amava ficava em sua vida, todos iam embora, mas iam para nunca mais voltar. Por causa desses traumas, não sabia lidar com esse sentimento, então nunca se permitiu se apegar demais a alguém para depois ser deixada. Era muito mais fácil deixar as pessoas, antes que elas fizessem isso.
Sua terapeuta sempre a dizia que uma hora ela teria que lidar com esses conflitos. Mas o que poderia fazer se tudo isso a assustava no momento? Poderia ser julgada por ser traumatizada e preferir se manter dentro de uma couraça aço onde ninguém entrava? Não, ninguém poderia a julgar, pois só ela sabia o que sentia. As pessoas de fora até poderiam compreender, mas compreender não era o mesmo que sentir.
Quando chegou ao carro, não demorou muito e Jisoo apareceu, ela tinha nas mãos uma sacola e seu rosto mostrava que havia se chateado. Agindo como sempre agiu, a loira abriu a porta do carro para Jennie e depois foi para o lado do motorista. Assim que se sentou, Jisoo olhou para a sacola que agora estava em seu colo e olhou para morena.
— Você não comeu a sobremesa — Jisoo estendeu a sacola para que a morena pudesse pegar. — Um jantar não é jantar sem uma sobremesa.
Se já se sentia estúpida, Jennie acabou se sentindo muito pior. Ela havia claramente magoado a loira ao seu lado e ela ainda se preocupou com a sobremesa que não haviam pedido.
O caminho até o píer foi feito em silêncio, um silêncio nada confortável. Jisoo ficava se perguntando se tinha feito alguma coisa errada durante a noite para ela ter acabado daquele jeito. Quando saiu de casa, só tinha a intenção de mostrar a Jennie que se ela quisesse tornar aquela mentira real, elas poderiam. Ninguém jamais saberia que aquilo era uma farsa. E mesmo casadas, poderiam passar por todos os processos que um casal passa até decidirem unir suas escovas de dentes.
Para Jisoo não havia pressa alguma em nada. As duas poderiam apenas aproveitar e se conhecerem melhor como um casal. Porém, vovó Kim havia se enganado, Jennie não a correspondia da mesma forma, apenas sabia fingir muito bem. Esse não era o primeiro fora que levava na vida, mas de longe é o que mais doeu. Jisoo realmente acreditava que seria correspondida e agora se sentia frustrada pela expectativa criada que não se tornou real. O pior em tudo isso é que nem conseguia ficar com raiva de Jennie. Queria continuar fazendo as mesmas coisas e continuar perto dela. Só que, nesse momento, ficar tão perto a machucava. Provavelmente acordaria amanhã com a cabeça mais no lugar e passaria por cima disso, mas nesse momento não conseguia não mostrar o tanto que ficou decepcionada.
Durante o caminho até em casa, Jennie ficou se cobrando mentalmente para dar uma resposta a Jisoo. As palavras vinham na ponta da sua língua, mas simplesmente não saiam. Foi torturante ver o olhar tristonho dela e simplesmente não ser capaz de fazer o mínimo para reverter a situação.
Assim que pisaram em casa, Jisoo foi guardar a sobremesa, pois Jennie disse que havia perdido a fome. As duas seguiram para o quarto e quando a porta foi fechada, a loira pegou seu pijama indo até o banheiro. Logo que voltou, parou no meio do quarto deixando um suspiro escapar.
— Eu vou dormir no quarto de Irene — comunicou pegando Jennie desprevenida.
— Jisoo — se aproximou dela —, não precisa fazer isso.
– Nesse momento eu preciso. Está um clima horrível entre nós, e não gosto disso — colocou as mãos na cintura. — Não se preocupe, amanhã continuarei encenando.
— Jisoo... — a loira tentou sair, mas ela parou na sua frente a impedindo.
— Tudo bem, o silêncio também é uma resposta — Jisoo tentou sair de novo, mas foi impedia.
— Não. Não dei nenhuma resposta ainda — Jennie sentia sua respiração falhar. — É só que...
— Não se preocupa — a interrompeu a olhando nos olhos. — Não é obrigada a me corresponder. Eu só quis ser sincera comigo e com você. Eu te fiz a promessa de te ajudar e vou cumprir, mas hoje eu preciso ficar longe de você — Jisoo se aproximou mais, sentindo a vontade de beijar Jennie, mas deu um passo para trás se controlando. — Estarei no quarto lado, se precisar de algo, me avise.
Lentamente, querendo dar a chance de Jennie falar alguma coisa, Jisoo foi até a porta do quarto, quando a fechou atrás de si, sentiu uma fina dor no fundo do peito. Realmente Jennie não era obrigada a corresponder, mas pelo menos esperava que ela dissesse isso com todas as letras. Se ouvisse logo de cara um não, seria mais fácil de continuar nessa mentira sabendo que nunca teria chances. Com a questão ficando no ar, só fazia seu coração continuar se iludindo que Jennie cairia na real e diria a ela que se sentia da mesma forma.
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A Proposta - Jensoo
Fanfiction{ADAPTAÇÃO} Jennie Ruby Jennie Kim é uma poderosa editora de livros que corre o risco de ser deportada para a Nova Zelândia, seu país natal. Para poder permanecer em Seul, ela diz estar noiva de Jisoo, sua assistente. A jovem aceita ajuda-la, mas i...