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Jisoo deu três batidas na porta do lado e nem mesmo esperou autorização para entrar. Sabia o quanto Irene detestava que ela fizesse isso, mas não estava ligando, estava chateada demais para se importar. Sem demora, foi até a cama da prima e deitou ao seu lado. A morena mexia em seu computador e tinha as sobrancelhas juntas por não entender o que a prima fazia em seu quarto.

— Foi expulsa da cama?

— Quase isso — Jisoo bufou. — Minha noiva não gosta de mim como eu achei que gostava.

— O que ela fez? Não te deixou pedir a sobremesa do jantar? — Irene fechou o notebook o colocando na escrivaninha.

— É tudo mentira, Bae. Não há nada entre nós.

— Como não? Vocês estão noivas, vão se casar no fim de semana. Como pode ser mentira? — a olhou.

— Se eu te contar algo, me promete não dizer a ninguém? — Jisoo perguntou se sentando na cama vendo a prima assentir. — É tudo falso. Não somos um casal de verdade. Só estamos fazendo isso para ela não ser deportada e perder o emprego.

— E por que você se meteu nessa encrenca?

— Ela me envolveu nisso. E eu não soube dizer não a ela. Só que... eu não quero que seja mentira.

— E você já falou isso com ela? — Irene analisou a prima que estava com os ombros curvados e a sobrancelha baixa.

— Ela deveria saber. Eu a levei até meu restaurante. Quis fazer tudo de um jeito especial e no começo estava sendo, ela sabia que era um encontro. Então ela começou a falar de Soojoo e eu percebi que estava com ciúmes, achei que era o momento perfeito para dizer algo legal — Jisoo fitou Irene que não conseguia esconder sua surpresa com tudo aquilo. — Eu falei que ela tinha me cativado de um jeito que só ela seria capaz. Ela ficou em silêncio e quando eu pedi para ela dizer algo, ela pediu pra vir embora.

Irene percebia o quanto sua prima estava chateada. Nem mesmo quando ela terminou com Soojoo ficou daquele jeito.

— Primeiro de tudo, muito bonitinho e bem gay o que você fez — Jisoo não conteve um sorriso com a provocação de Irene. — Segundo, você é burra.

— De que lado você está? — Jisoo a olhou irritada, sem entender a ofensa.

— Do casal e por isso estou dizendo que é burra — Irene se segurou parar não rir da maneira que Jisoo a olhava. — Jennie nitidamente tem dificuldades com demonstrações de afeto. Ela fica toda sem jeito quando a gente vai abraçá-la ou tenta entrar em assuntos que são bem mais pessoais. Com você, ela é mais aberta porque ela já te conhece a mais tempo e, bem, vocês teriam que fingir, ficaria estranho se não se tocassem.

— Eu não estou entendendo. Então significa que ela realmente está fingindo e que não gosta de mim? - Jisoo coçou a cabeça em completa confusão.

— Por que não me surpreendo com você não entendendo nada sobre relacionamento? — Irene balançou a cabeça negando enquanto sorria. — Jisoo, se ela não desse a mínima pra você, acha que ela teria de defendido hoje por causa do que seu pai falou? Acha que se pra ela tudo isso fosse uma simples atuação, você a conhecendo do jeito que a conhece, acha mesmo que ela teria ido jantar com você? Que se importaria em nos conhecer e nos tratar bem? Por mais que ela tenha vindo aqui na intenção de fingir, hoje que almocei com ela e ela longe de você, me parece ser mesmo a pessoa que eu já imaginava.

— Eu não... pensei bem sobre isso — Jisoo foi sincera, pois realmente só considerou que Jennie não a queria e não todas as outras coisas que poderiam estar em questão. — Eu não planejei me apaixonar por ela, mas vovó me fez ver que talvez isso sempre esteve dentro de mim e me incentivou a conquistá-la. Por isso fiz o que fiz hoje. Eu fui sincera, achei que era justo ela saber, mas quando falei, ela só ficou parada sem falar nada ou nem... Sei lá, me abraçar ou beijar, eu comecei a me arrepender.

— E você fez uma coisa muito legal, mas ela pode simplesmente ter se assustado com o que você disse e travado e isso não significa que ela não te quer ao lado dela — Irene disse pacientemente vendo a expressão da loira mudar de chateada para pensativa.

— Eu fui idiota com ela? Eu falei que o silêncio dela já era uma resposta. Ela disse que não, mas eu não a levei a sério.

— Nenhuma de vocês duas estão sendo idiotas, mas cada uma tem uma perspectiva diferente da situação. Você é mais aberta para o mundo, pra você é mais fácil enfrentar essas situações porque esse é o seu jeito. Porém, Jennie é mais retraída, é mais quieta, pouco fala da vida dela, e às vezes se permite se soltar um pouco mais. Com você ela faz isso. Cada uma tem uma vivência diferente e, assim como você está chateada por ela não ter falado nada, ela pode estar chateada pelo mesmo motivo.

Digerindo as palavras de Irene, Jisoo percebeu que ela poderia estar certa e, se estivesse, isso só reforçaria o que sua avó a disse. Jennie era mesmo uma pessoa retraída, sempre mantinha uma distância segura de todos. Vê-la agir de forma mais aberta com sua família — tirando seu pai — a deixava contente, pois sabia que ela era sozinha no mundo. E foi justamente por se dar conta de que a morena há muitos anos não tinha ninguém é que percebeu que Irene tinha razão em vários pontos.

— E o que eu faço agora? — Jisoo perguntou com inocência. — Eu disse a ela que iria dormir aqui porque precisava ficar longe dela.

— Não vou te criticar porque entendo o lado de vocês duas. Nem sempre quem tá dentro da situação vê bem o que está acontecendo. Então, apenas seja você. - Irene deu de ombros.

— Que conselho de merda! - Irene revirou os olhos para o comentário.

— Seja você, continue agindo com ela do jeito que você age e mostre pra ela que entendeu o lado dela, mas que ela não precisa ter medo em se abrir pra você.

— Agora sim, esse foi um conselho melhor — Jisoo sorriu. — Devo voltar lá? Tipo, hoje? Agora? Conversar com ela ou não falar nada, mas mostrar que eu estou ali?

— Deve — a morena a incentivou. — Faça algo legal. Ela pode até ter sido uma chefe bem ruim, mas não é uma pessoa ruim. Vocês estão aqui há três dias, se ela fosse aquele monstro todo que você disse, uma hora ela já teria deixado escapar as garras para ferir alguém.

— Na editora ela sempre foi turrona e mandona. Não se parece em nada com a Jennie daqui — Jisoo repuxou um canto dos lábios ao se lembrar de algumas situações. — Ela botava qualquer idiota para correr e nem precisava descer do salto. A acho incrível exatamente por isso.

— Você demorou três anos para perceber o que sentia. Ela está aqui com você agora, você pode mostrar muito mais que já mostrou durante esse tempo. Assim como ela, eu perdi meus pais, mas tive a tia Dara para me criar, a vovó, até o GD — as duas fizeram careta. — Você também teve essa chance. Ela perdeu os pais e ficou só. Imagina o que ela não teve que enfrentar para chegar até onde está.

— Tem razão.

— Mesmo que tudo tenha começado com uma mentira e ela não consiga ir além no momento, só mostre que você está do lado dela, não como assistente, mas como a pessoa que a quer bem — Jisoo foi envolvida em um abraço.

— Obrigada. Obrigada. Obrigada — Jisoo deu um beijo em seu rosto. — O que seria de mim sem você?

— Eu também não sei — respondeu rindo pela euforia que Jisoo se encontrava. — Vovó está certa, vai conquistar a garota.

Saltitante, Jisoo saiu do quarto decidida que durante todos esses dias, mostraria a Jennie que ela agora não estava sozinha. Vovó Kim a havia feito enxergar que ela estava apaixonada e agora Irene a fez perceber que nem tudo é o que parece.

A Proposta - JensooOnde histórias criam vida. Descubra agora