Ruínas III

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Antes

9 de dezembro de 2018

Jão Romania:

Carta:

9/10/2018

De: João Vitor Romania Balbino
Para: Pedro Augusto Tófani Fernandes Palhares.

Existem centenas de sentimentos, das mais variadas sensações, para os mais variados momentos mas sem dúvidas, o mais intenso é o amor.

Alguns filósofos dizem que amar é o impulso apaixonado de uma alma, outros dizem que amar é o comportamento de uma alma que hábita dois indivíduos, mas pra mim é diferente.

Amar é sentir; é um marco eterno e dominante; amar é a vida.

Mas amar também é a dor.

Existe uma linha tênue entre o amor e a dor, as duas estão em constante sincronia, como uma dança cruelmente doce, e está em nossas mãos controlá-las. Caso não exista um equilíbrio, caso haja um grande obstáculo o amor se altera, ou se vacila no mínimo ao temor."

E eu vacilei, meu amor.
Houve obstáculos e eu não soube lidar com eles.

Estou tão envergonhado... me sinto tão fraco sem você do meu lado que consigo jurar que nossa distância nessas últimas horas duraram meses, porque é difícil estar longe de você.

Eu sei que a dor que sinto hoje pouco, a pouco virará água. Virarão memórias. E essas memórias vão com o tempo. se desfazem. mas algumas não encontram consolo, só algum alivio nas pequenas brechas da poesia. você é minha memória inconsolável, feita de pedra e de sombra. e é dela q tudo nasce e dança.

te amar vai da poesia a dor.

Meu amor, não sei se haverá perdão, mas quero que saiba... que se por um milagre você me querer de volta, saiba que eu estarei aqui, porque você é a minha definição de amor e por mais que ela seja cruel e dolorosa, eu nunca deixarei de amar.

[...]

Enxugo com o antebraço a lágrima que insistia em cair.

Prendo a respiração enquanto eu enfio a carta por debaixo da sua porta em uma clara esperança que não demorasse muito para que ele visse.

Engulo o soluço ainda com lábios trêmulos e dou meia volta na tentativa mais rápida de sair dalí.

E então ouço a porta ser destrancada.

Avanço rapidamente para o meu apartamento mas antes disso acontecer a porta se abre.

Me corpo trava no local e eu desejo do fundo do meu coração conseguir ter forças para sair dali, mas nada acontece, nem um mísero passo.

— João?

Um alívio corre em minhas veias quando eu reconheço o verdadeiro dono da voz, na verdade a dona.

— Malu... eu...

Me viro encarando seus grandes olhos castanhos me observando atentamente.

— Ele não está aqui.
Ela diz em um tom frio perceptível, me devolvendo a carta.

Umideço os meus lábios antes de tomar coragem para perguntar.

— Para onde ele foi?

— Acho melhor você deixar ele em paz, João.

Entre Linhas e Ruínas ᵖᵉʲᵃᵒOnde histórias criam vida. Descubra agora