Boa noite, meu povo. Como estamos?
Espero que estejam todos bem.
Trouxe mais um capítulo extra para vocês, graças a minha folga depois de semanas fazendo hora extra no trabalho. Espero que gostem.
Boa leitura e até domingo! ❤️
Ps: estamos com o grupo no whatsapp, antes de postar os capítulos eu mando alguns spoilers lá para as meninas e sempre estamos batendo um papinho, que quiser entrar é só chamar.
*******************************************************A noite se apossava lentamente da cidadezinha em que era localizada o convento e junto a ela, o frio fazia companhia, trazendo consigo uma sensação ruim, sensação de dor e injustiça.
Parece que algo sobrenatural ocorre fazendo com que o clima, às sensações e às ações se encaixem perfeitamente como num quebra-cabeças, sejam elas boas ou más.
Quando o clima está quente e aconchegante, trás a tona uma sensação de felicidade e liberdade. Quando está frio como naquele momento, trás os adjetivos já ditos acima, mas temperado com uma sensação a mais de solidão e abandono.
Há quem diga que o frio é melhor que o calor e vice e versa, mas se tem algo dê que não podemos negar, é que o clima se encaixa perfeitamente com o momento ali sendo vivenciado.
E bom, naquela noite já mais escura, às ações dos cidadãos da pequena cidade faziam jus ao frio pouco gélido ali presente.
Num pequeno círculo, entre vozes exaltadas e expressões de ódio, nojo e desprezo se encontravam duas moças ruivas com suas faces um tanto sujas de um fino barro que se formou por conta da quantidade de poeira que se acumulou em seus rostos e pelas diversas lágrimas derramadas, essas que saíam sem permissão pelo susto e medo do que viria a seguir, fazendo com que seus olhos ardessem e inchassem cada vez mais, tomando por conta própria sua coloração avermelhada.
Para quem vive na atualidade desse século XXI onde existe a liberdade de expressão pregada quase que completamente, com raiva facilmente pensaria que aquelas pessoas se intitularam Jesus Cristo por decisão própria e tomaram o poder de julgar as pobres moças. Porém, como conta a história, sabemos que um poder maior por trás tinha às rédeas da situação e quem melhor que o povo para executar suas regras horrifícas estabelecidas tão abertamente? Não tinha.
Simone sempre se sentira mal por fazer parte daquela "comunidade", pode-se assim dizer. Mas naquelas ocasiões, a ânsia de vômito acompanhada pela vontade quase incontrolável de correr tomavam conta da sua carne e alma. Sua alma tão livre e aberta que não acompanhava os costumes e pensamentos arcaicos, diga-se de passagem preconceituosos da época, sentia-se enjaulada por não poder expressar seus pensamentos e se opor contra as ordens da igreja.
Igreja essa da qual ela ocupava um cargo extremamente importante, do qual ela sempre executou com tamanha perfeição, desde o comecinho quando foi nomeada Madre Superiora até aquele presente momento.
Simone imaginava sua Soraya ali no lugar das duas garotas. Sua Soraya tão pequena, inocente e frágil. Não que às moças não fossem também, porém, estamos falando de Soraya agora, a pessoa que tomava conta dos principais pensamentos da madre, eram situações completamente diferentes.
Não que a madre não sentisse pena pelas garotas, obviamente que sim. Mas seu coração doía de pensar na sua pequena noviça no lugar delas ou passando por uma situação pior.
Já havia presenciado situações parecidas como a daquele momento.
Situações em que moças morriam por terem conhecimento em chás medicinais, essas eram taxadas como bruxas ou feiticeiras.
Situações em que moças morriam por simplesmente terem tido a "má sorte" de nascerem ruivas e que, por ironia do destino, também morriam por serem taxadas como bruxas. Caso esse que eram das meninas citadas a cima também.
E a situação que Simone jamais admitiria em voz alta, mas que partia seu coração em incontáveis caquinhos, eram as quais moças que se apaixonavam por outras moças morriam pelo simples fato de não poderem se amar. A mesma já havia presenciado essas situações diversas vezes, e em todas elas precisou apoiar as tomadas de decisões dos padres ou seja lá qualquer homem com um cargo importante dentro da igreja. Em todas às vezes sentia sua bile subir e o mais despido gosto do amargo tomar conta das suas papilas gustativas. Tudo sempre ia contra os seus sentimentos e o que ela considerava certo. Na maioria das vezes chegava a ser sufocante ter nascido mulher, não que ela não gostasse de ser uma, muito pelo contrário. Mas, o problema era ter nascido mulher naquela época, talvez se fosse em hoje em dia, o perfume que ela sempre daria um jeito de ter impregnado em si era o perfume que jazia em um lugar específico que se encontrava dentre os lábios íntimos de outra mulher, aquele que algumas pessoas dizem ter um cheiro agridoce e outras não conseguem encontrar uma definição ou compará-lo com algo parecido. Mas que ela sempre daria um jeito, ainda mais se fosse o da sua Soraya.
Eram diversas situações que na grande maioria mulheres eram o alvo de ataques. Todas ela engoliu calada pois seu passado ainda a atormentava e tinha plena consciência de que estava muito longe das mulheres conseguirem algum tipo de direito e lugar de fala. Mas...
Como fala aquela frase clichê que não tenho conhecimento agora de quem a citou: Sempre existe um "mas".
Mas sua vontade da continuar acomodada em seu cargo e em seus segredos estavam se esvaindo por entre seus dedos sem que ela conseguisse segurar desde que ela chegou. Soraya mesmo sem saber estava tomando o controle do controle que um dia Simone já teve.
Estava nítido pela morena que aquilo tinha passado da fase do desejo apenas carnal, se é que em algum momento teve essa fase. Simone havia se apaixonado por ela, havia se apaixonado pela segunda mulher em toda a sua vida até aquele presente momento. O leão há muito adormecido estava acordando mais faminto e carente do amor que apenas uma mulher sabia dar do que antes.
Simone não sabia como, mas faria durar a "relação" delas o máximo que conseguisse, talvez não da forma que se espera num livro ou filme de romance clichê de hoje em dia, mas seria do jeito dela. Se tivesse que morrer para protegê-la, ela morreria. Não haveria mais o seu pai lhe poupando a vida. Haveria apenas a mais crua paixão e adoração de Simone pela sua pequena Soraya.
Ela estava disposta a isso.
Porém, ainda naquele momento, a madre deu graças por estar longe com a sua noviça quando recebeu a informação naquela noite de que às duas jovens seriam executadas.
Tinha uma certa noção do que Soraya poderia pensar e até como poderia reagir. Ela com certeza assemelharia a situação das duas com a das moças, mesmo que fossem por motivos distintos. Simone não queria isso, não naquela hora e nem nunca, mesmo sabendo que aquele momento poderia chegar.
Ela queria apenas a sua Soraya consigo e aproveitar do que podiam fazer, sendo naquela viagem ou não.
Até porquê Simone sabia, um amor quando bem amado, se torna gritante e ao chegar nesse patamar, a tarefa mais difícil é escondê-lo dos olhares julgadores e bocas acusadoras, as duas se amando ou não.
Ela sabia por experiência própria.
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Madre Superiora - Versão Simoraya
Fanfic18+| Século XIX, Soraya Thronicke com 20 anos de idade decide que às coisas mundanas não servem para ela, decidindo assim, ir para um convento onde passaria por vários treinamentos, até se tornar freira. Mas o que ela não esperava, era que a Madre S...