Entre Estantes | Fred Weasley (Livro 1)

A verdade à tona

O rosto de Olívia estava pingando suor quando chegou ao terceiro andar. Junho havia trazido consigo um calor sufocante, e ela havia subido todos os lances de escada sem parar de correr, com medo de que pudesse não chegar a tempo.

A porta da sala de Lupin estava aberta. Olívia clareou a garganta, sem se atrever a se aproximar. "Professor?"

Houve uma pausa de alguns segundos.

"Olívia", Lupin respondeu. "Pode entrar."

Ela obedeceu. O escritório estava irreconhecível, com coisas espalhadas em todas as superfícies possíveis. Havia uma mala vazia aberta no chão.

"Eu ouvi...", ela começou. Não tinha pensado no que falar. "Ouvi que o senhor se demitiu."

Lupin assentiu calmamente, enquanto gesticulava a varinha pelo cômodo, fazendo seus pertences voarem e se empacotarem em uma organização impecável. "Sim, é verdade", ele disse.

Ela mordeu o lábio. Queria protestar, pedir ao professor que reconsiderasse sua decisão. Mas sabia que não era seu lugar. E sabia que ela dificilmente mudaria a mente dele.

"E precisa ir hoje mesmo?" perguntou por fim.

"É melhor, Olívia. Assim evitamos qualquer... desconforto."

Ela suspirou. "Certo. Então... Queria agradecer, professor. O senhor foi o melhor que já tivemos."

Lupin parou e engoliu em seco. Ele levantou o olhar e fitou Olívia diretamente. "Você já sabia, não sabia?"

Ela apenas fez que sim.

Ele abriu um meio sorriso. "Não foi a única. O que me entregou?"

Ela franziu a testa; as peças finalmente se encaixando em sua mente. "O Prof. Snape", ela realizou. "Claire e Laura fazem monitoria com ele. Logo no começo do ano, ele deixou o estoque de flores de acônito à mostra para elas... E teve algumas vezes que encontrei ele lhe trazendo o cálice com a poção. Acho que ele esperava que nós fôssemos denunciá-lo."

"E por que não denunciaram?"

Olívia se espantou. "Bom, nós decidimos confiar em Dumbledore. Sabíamos que não corríamos nenhum risco durante as aulas, e nas noites de lua cheia nós nos trancávamos no dormitório."

Lupin deu uma risada fraca.

"E, afinal, o senhor não foi a maior ameaça que já tivemos nesta sala", ela continuou. "Dois anos atrás, o próprio Você-sabe-quem esteve na parte de trás da cabeça do nosso professor por meses."

O professor concordou com a cabeça, ainda sorrindo. "Parece-me que vocês ficarão bem sem mim."

Ela sorriu. "Queria que não fosse necessário."

Lupin puxou sua cadeira e sentou, passando a mão pelos cabelos meio grisalhos. "Eu entendo sua frustração, Olívia. Eu também passei por uma leva de professores diferentes – alguns bons, outros nem tanto – e já me senti assim. Sei que pode parecer às vezes, mas espero que saiba que vocês nunca estarão abandonados. Hogwarts possui um corpo docente singular que se importa muito com os alunos. Dumbledore, especialmente. Lembre-se disso.

"E, se algum dia precisar de ajuda, pode me escrever. Ficarei mais do que feliz em colaborar com o que puder."

Olívia sentiu um nó se formando em sua garganta. "Obrigada", ela disse, quase inaudível. "E, professor", ela clareou a garganta. "Se precisar... Meus pais trabalham no Ministério, posso pedir a eles lhe escreverem uma carta de recomendação ou algo..."

O professor se levantou e voltou a organizar os pertences, desviando o olhar. "Obrigado, Olívia. Mas não desejo que se comprometam por minha causa. Já causei incômodos o suficiente."