Chapter XII

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Alissa flashback

Alguns meses depois da última comemoração do resultado do jogo de quadribol na torre grifinoria, eu e Fred estávamos mais que juntos. Todos os dias depois das aulas desde então, eu e o ruivo nos víamos para fazer algo durante a tarde até o horário do jantar. Podia ser um passeio até a entrada da floresta proibida, uma visita a Hagrid, um piquenique do lado de fora do castelo, qualquer coisa.

Em todos esses momentos, eu chegava um pouco mais tarde no meu quarto. E em todos eles, Malfoy estava no corredor, sempre me olhando como um cão de caça pronto para o ataque. Ele não suportava os grifinorios,  isso não era novidade, mas eu não imaginava que ele também ficaria com raiva de mim. Tudo que eu podia fazer era ignorá-lo. Fred me importava mais que qualquer outra pessoa, nesse momento.

Era uma manhã fria de sábado, o sol dava seus primeiros raios de luz através da janela do meu quarto, e eu planejava passar o dia com Fred, até que o ruivo me ligou.

– Alissa? Espero que tenha tido uma boa noite de sono. - o garoto dizia do outro lado da linha e um sorriso se formara em meus lábios sem perceber.

– Seria melhor se estivesse aqui. - respondi simples.

– Estou com saudades também. - ele começou a dizer. Algo estava por vir. –Liguei para dizer que hoje vou pra casa, ver minha família. Sei que sempre passamos o fim de semana juntos, mas minha mãe disse que minha tia da Escócia veio ontem. Preciso vê-la. - Fred terminou e seu tom parecia apreensivo, suspeito.

– Ah claro. Mas eu poderia ir, sua mãe me adora e seria um prazer conhecer outras pessoas da sua família. - Respondi pigarreando, algo parecia estranho.

– Mamãe realmente disse que é algo pessoal de família... você sabe, por mais que vá as vezes lá, não é... família. Desculpe, amor. - O ruivo disse baixo.

– Tudo bem! Me de notícias, vou ficar no castelo. - falei e encerrei a chamada. Que droga. Eu estava irritada, e isso me fez parecer tóxica para mim mesma.

O que é isso Alissa? Ciúmes da tia? Pelas barbas de Merlin. Mas algo em mim estava gritando, preferi ignorar.

Espantei meus pensamentos e levantei da minha cama indo me trocar. Iria provar pra mim mesma que ainda sei fazer algo sem ele. Não posso ter essa dependência pra sempre.

Já tinha algum tempo desde a última vez que vi Dafne ou Pansy, até mesmo Blaise. Eles não suportavam os Weasleys em sua grande maioria, principalmente Fred, por ser muito debochado. Eu estava distante dos meus amigos. E só percebi agora.

Sai do meu quarto afim de ir atrás de Dafne, liguei algumas vezes mas não tive sucesso. Procurei pelo castelo vagamente mas também não há vi.

– Que ridícula. - bufei pra mim mesma quando me sentei no sofá escuro da sala comunal. Sozinha.

– Xingando a si mesma? Se quiser posso te dar um espelho.

Eu não estava tão sozinha como pensei.

– Ah obrigada, já me detesto o suficiente.

Sorri em ironia para Draco que acabara de encostar as costas na mesa próxima a mim.

– 10 horas da manhã de um lindo sábado, - o loiro começará a dizer olhando para seu relógio de pulso. – e você ainda não tem um ruivo pobre grudado em você? É um milagre. O céu vai cair em tempestade hoje. - Malfoy disse em seu tom sarcástico com um sorriso ladeado em seus lábios. Lazarento. Como ele pode falar assim de todos? Sempre com sua superioridade aflorada.

– Cala a boca, imbecil. - falei em um latido irritado. Eu só queria que ele ficasse quieto ou eu iria estuporar ele aqui mesmo.

– Qual é, Black? Sabe que ele não é bom pra você. - o garoto cuspiu as palavras com um tom enojado, era visível em seu rosto o quanto ele odiava Fred. E ele não era o único.

– E o que você sabe pra ditar o que é bom ou ruim pra mim?

Meu sangue estava fervendo, me levantei do sofá pra ficar a sua altura, mesmo que impossível com meus um metro e sessenta e cinco, e Draco com seus um e oitenta e três.

– Eu te conheço a mais tempo, sei dos seus gostos, suas bandas preferidas, ou o quanto você odeia ser frustrada. - Malfoy começou a dizer e deu um passo em minha direção, seus olhos diretamente nos meus, cinzas como um dia chuvoso, as vezes, olhá-lo era como ter um dementador por perto, dava calafrios.

– Você conhece a minha eu do passado, Malfoy. Éramos crianças. - falei tentando aliviar minha feição de ódio.

– Não, eu conheço você por inteira, desde pequenos e até agora. E bom, todos nós sabemos. Ele não é quem você pensa que é, ele não vai te fazer feliz, ele nem se importa de verdade com você. Sabe o quanto é popular ter uma Black de quatro pra você nessa escola? Ou melhor, a única nascida Black em Hogwarts há 17 anos. - suas palavras eram afiadas, parecia que ele havia planejado tudo isso. Meus punhos estavam serrados tão fortemente que eu sentia minhas unhas pontiagudas penetrando minha pele na palma da mão. Ele estava cara a cara comigo. Como ele podia? Eu nem sequer havia perdido a virgindade pra ele falar assim. Mas é claro que ele não sabia disso.

– Cala a porra da sua boca, Draco. Você não sabe de nada sobre ele! Você só o odeia por diversão, por ele ser amigo de Harry. Você odeia todos que são bons nessa escola, você só pensa em si mesmo. Andando pelos corredores como se fosse o melhor.

Minha voz era amarga, eu podia sentir o gosto de ferrugem em minha língua, a raiva estava tomando conta de mim, eletricidade percorria meu corpo por inteiro.

Baby, eu sou o melhor.

Ele riu nasalado passando os dedos pelos lábios.

– Vê o que temos em comum? Eu só tenho amigos por status, pela fama da minha família. E você só tem namorado pelo mesmo motivo! Esse maldito suja você todinha. E você nem percebe, está cega.

Sua feição mudou de sarcasmo e nojo para irritação pura, havia raiva em suas íris tempestuosas.

– Espero que saiba escolher, Alissa. Eu nem sou uma perda, mas Dafne e Blaise sim. Escolha bem.

Malfoy disse por fim e saiu andando batendo o pé para fora da sala. Do que ele estava falando? Esse maldito, o tempo todo querendo dizer o que devo ou não fazer. Porque ele se importa tanto? Ele passou o ano passado inteiro sem olhar na minha cara. Porque isso de repente? Ele estava louco.

Malfoy saiu e largou uma Alissa perdida para trás, sem entender absolutamente nada.

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