Capítulo 4

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AMY WILSSON


Quando eu tinha 14 anos. Os meus amiguinhos já não queriam mais brincar comigo porque não gostavam do meu irmão. Em todas as brincadeiras eu tentava colocar ele para brincar comigo, mas ele nunca pegava a bola e era sempre o atrasado de nós dois.

Me apelidavam de louca e até de bruxa.

As meninas saiam de perto de mim e sempre tinham a desculpa de que precisavam fazer alguma coisa importante, só para não brincarem comigo.

Com o tempo eu cresci assim, sem amigos. Só eu e o Jay, juntos contra o Bullying escolar e os nossos pais. A todo momento tentávamos ignorar as pessoas e nos concentrávamos em nós mesmos.

Passamos a infância e a adolescência recebendo todo desse ódio das pessoas.

E eu sei que não era culpa de ninguém além deles mesmos, porque não aceitam o meu irmão como ele é e pronto.

— Amy, porque aguentou todos esses anos calada? — Perguntou a Dr. Liem.

— Não sei. — Sussurrei olhando fixamente para o chão. — Talvez a maneira como o meu irmão me tratava, tenha me dado forças para ficar ao lado dele e querer defendê-lo. — Continuei a sussurrar. — Nós passamos a infância inteira juntos, um pelo outro.

Um belo dia no parque, alguns garotos quiseram me incomodar enquanto eu estava no balanço. E mesmo tendo apanhado daqueles valentões, o meu irmão me motivou a ir brincar com ele e me disse que estava tudo bem.

Em uma de nossas brincadeiras de esconde-esconde, achamos um lugar entre as árvores mais afastadas e percebemos que era o lugar perfeito para brincarmos sem sermos incomodados por valentões de novo.

Desde esse dia, nós temos o nosso cantinho secreto no parque.

Penduramos em uma árvore um pneu velho amarrado por uma corda, ali era o nosso balanço. Onde brincávamos sempre que podíamos, já que o parque era perto de casa.

— Me promete que nunca vamos parar de brincar aqui? — Seus olhos tristes e seu nervosismo eram evidentes. Eu quis confortá-lo, então pulei do balanço e fiquei em pé em sua frente.

— Eu juro. — Elevei o meu dedo mindinho para que pudéssemos fazer um juramento. Jay sorriu como nunca jamais o vi sorrir e aceitou o meu juramento dizendo "Para sempre".

Naquele mesmo dia. Brincamos por horas e mal percebemos que o dia já estava se despedindo de nós. Era mais do que a hora de entrar e com certeza já estavam preocupados com a nossa demora.

Mas quando chegamos em casa, eles não só estavam preocupados, como também estavam bravos. Mamãe me abraçou primeiro e depois me deu uma surra por me atrasar para voltar para casa.

Papai não me deixou jantar e me pôs de castigo no quarto. Hora ou outra ele subia e conferia se eu estava sentada na cadeira virada para a parede, como ele havia me colocado.

— Acha que um dia eles vão parar de ser tão duros? — Perguntou Jay sentado no chão ao meu lado. Mesmo os nossos pais não tenham dito ou feito nada para ele, ele me acompanhava em cada castigo, como se nós dois fossemos um só.

— Talvez um dia. — Sussurrei.

— Seu irmão era bastante apegado a você. — Concluiu Liem. O sorriso meigo em seu rosto marcado pelo tempo, me levou a crer que ela estava a se lembrar de algo enquanto eu falava.

O meu irmão existe!Onde histórias criam vida. Descubra agora