O meu irmão existe!

Capítulo final

AMY WILSSON

Depois de contar tudo para a Dr. Liem, ela ligou para uma amiga que trabalhava na polícia e me pediu para contar tudo outra vez. Elas me encaminharam para o hospital para fazerem exames e terem a certeza de que não estava com nenhum machucado grave. Elas me alimentaram com bastante comida e me vestiram com roupas mais limpas.

E enquanto cuidavam de mim, eu percebi que estavam atrás dos meus pais para prendê-los.

Dr. Liem Chaves

Incrivelmente chocada com a história da garota que teve coragem para invadir a minha sala. Eu só conseguia pensar em tudo o que ela passou e em como eu queria colocar os pais dela na cadeia.

Apesar de ainda não termos localizado o irmão dela, estamos o procurando a todo vapor. Eu e a delegada Sandra Rubens, unimos forças para lidar com a situação de modo silencioso para a mídia não atrapalhar.

Eu mal sabia o que fazer pela primeira vez nos meus muitos anos de profissão. Por isso pedi ajuda a minha amiga Sandra, e ela veio me orientar na mesma hora.

Faz dois dias que não encontramos o pai de Amy. Ele se chama, Charles Wilsson e trabalhava como advogado criminal. Foi afastado de seus casos duas vezes, por chegar para trabalhar embriagado e descontrolado.

A mãe de Amy, Lisa Bernes. Nunca trabalhou na vida e era filha de Marcus Bernes, o milionário. Soubemos por fontes próximas da casa de Amy, que ela e o marido tiveram mesmo dois filhos, mas o seu pai rico não gostava de seu marido.

Por isso, ele deixou toda a herança em uma conta para as crianças e somente as crianças. Até elas completarem a maior idade, quem sustentaria seus estudos e alimentação seriam seus pais. E quando ficassem adultos, teriam que dividir a herança do avô e não dariam um centavo aos pais.

Entramos em contato com o advogado da família e ele confirmou tudo a respeito do testamento do Senhor Bernes. E disse que a filha dele e o marido, não ficaram nada contentes com isso.

O advogado disse que testemunhou tudo e explicou que Bernes além de odiar Charles, ele nunca quis que sua filha se casa-se com ele. O rico achava que Bernes era um aproveitador e quando sua filha se uniu a ele, se tornou uma também.

Ele também disse, que Lisa chegou a implorar diversas vezes a seu pai por dinheiro. Mas o senhor Bernes não lhe dava mais nenhum centavo, porque sempre que lhe entregava dinheiro, ela entregava o dinheiro nas mãos do marido e ele gastava tudo.

— Eu descobri uma coisa, Liem. — Disse Sandra aparecendo ao meu lado no banheiro. Eu estava me encarando a horas no espelho pensando na história de Amy e mal percebi ela entrar.

— O quê? — Perguntei ansiosa por uma boa notícia.

— Houve um sequestro na família de Amy e levaram o seu irmão Jay. Faz 17 anos que pediram resgate por ele, mas o avô se negou a pagar, porque achava que era mentira de sua filha e seu genro. Ele alegou que sabia que se tratava de um golpe para lhe arrancarem dinheiro e por isso não deu nada. — A cada palavra que Sandra dizia, meu cérebro embrulhava e se encaixava como um cubo magico. Era surreal tudo o que estava acontecendo.

— E o que aconteceu com o menino? — Perguntei confusa. — Eles devolveram? — Era obvio que sim, para Amy o ver todos os dias eles tinham que ter devolvido o bebê.

— Não. Houve uma complicação e o bebê Jay morreu. — Nada fazia mais sentido para mim. Como Amy o via? Ela afirmava com tanta certeza que tinha raiva das pessoas que discordavam dela. — O bebê gêmeo de Amy, morreu faz 17 anos. — Reafirmou Sandra passando as mãos na cabeça.

— Isso é impossível. — Cruzei os braços. Não dava para acreditar no que eu acabei de ouvir.

— Sim é possível. — Afirmou se encostando na pia ao nosso lado. — Pessoas alegam que viram a criança com eles em casa e que essa história de sequestro, foi para tirar dinheiro do Bernes. — Explicou suspirando. Nem mesmo Sandra parecia acreditar que essa história de fato aconteceu. — Os vizinhos disseram que não falaram antes, porque tinham medo deles. Eram vizinhos violentos e por isso não os denunciaram. — Concluiu passando a mão em sua testa para limpar um pouco de suor.

— Meu Deus. Como vou dizer isso a Amy? — Sussurrei voltando a me encarar no reflexo do espelho. — Mas se o sequestro era de mentira, como o menino morreu? — Questionei ainda sem acreditar na tal história. Talvez a ficha não tivesse caído de fato para mim.

— Isso é fácil de dizer. Eles pagaram um medico que já interrogamos. O medico só precisava alegar que o bebê morreu de causas naturais, por mal formação ou sei lá o que mais. — A noticia me abalou o peito e uma pequena dor começou a crescer no meu coração. — A criança morreu, porque o Charles estava bêbado e caiu da escada com a criança no colo.

— Santo Deus! — Cobri a boca com as mãos. A cada vez mais a história ia ficando pior e eu não tinha ideia do que fazer ou como dar a noticia a Amy.

— É e tem mais. — Passou a mão pelos cabelos demonstrando uma certa inquietação para concluir. — Amy vai herdar o dinheiro do avô em cinco dias. — Elevou as sobrancelhas para indicar que não sabia mais o que me dizer e eu concordei.

Agora tudo começava a fazer sentido. Os pais de Amy, queriam o dinheiro e por isso não mataram a menina só a prenderam contra a vontade e planejavam a soltar no dia do seu aniversário. Para eles pegarem o dinheiro e sabe sei lá o que fariam com a menina depois disso. Mas algo não encaixava...

Se o irmão de Amy morreu... quem ela via todos os dias e conversava? E principalmente, quem a ajudou a escapar de seu pai e a fugir de casa?