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Castiel vagava pela estrada escura sozinho.

Apesar de ter uma família grande, com irmãos suficientes para formar pelo menos três times de futebol, Castiel sempre se sentiu sozinho. Não é que ele não goste de seus irmãos, pelo contrário.

A família Novak sempre teve problemas, o principal dos quais é o fanatismo religioso. Isso é bastante óbvio, já que quase todos na família têm nomes bíblicos, assim como Castiel.

No passado, quando ainda era chamado de outra forma, Castiel tinha uma boa relação com sua família, mas isso mudou quando ele tinha 15 anos. Ele não se lembra muito bem daquele dia (provavelmente devido ao uso excessivo de álcool), mas o pouco que ele lembra é mais ou menos assim:

"Novak saiu correndo depois de roubar o armário de bebidas de seu pai. Sua irmã, Anna, viu apenas o grande vestido rosa rodopiar no ar em direção ao quarto da "irmã" e foi atrás.

— Cassie! Já está pronta? Sabe que estamos atrasadas para o culto hoje. Papai vai brigar conosco! Cassie! — A mais velha bateu repetidamente na porta quando percebeu que não estava trancada. Assim que abriu, a mulher levou um susto ao ver sua "irmãzinha" segurando um tufo de seus próprios cabelos. — Cassie!? O que você fez!? Papai vai brigar conosco, sua praga!

O cabelo preto que antes tinha cerca de 70 cm estava espalhado pelo chão do quarto. Em uma das mãos do mais novo havia uma tesoura, e na outra um tufo de cabelo negro.

Não foi uma das decisões mais inteligentes que ele já tomou, mas foi uma das melhores.

Ele sabia que seu pai o repreenderia e o deixaria de castigo por toda a eternidade, mas era algo que precisava ser feito. Ele precisava cortar o cabelo, ele precisava ser ele mesmo.

Desde criança, ele percebeu a diferença entre como se via e como os outros o viam. Ele era sempre chamado de "princesinha" pelos amigos de seus pais por ser comportado, ter boas notas e não causar problemas. O apelido não era para ser malvado, mas por que isso o fazia se sentir tão mal? Provavelmente porque não era para ele. Foi para a "filha" de Chuck Novak, não para ele.

Ele chorou segurando seu próprio cabelo. Ele quebrou o abajur rosa que ficava no criado-mudo ao lado de sua cama, rasgou o papel de parede que sempre odiou, derrubou todos os produtos idiotas de cima de sua cômoda, jogou suas roupas estúpidas do guarda-roupas enquanto mandava tudo para o inferno. Sua irmã, assustada e sem saber o que fazer, ligou para seu pai pelo telefone fixo da sala e o fez sair correndo da igreja para impedir Castiel de destruir todo o quarto.

Quando seu pai chegou e viu o cabelo no chão, A bagunça no quarto e os praguejares de Castiel o fizeram entrar em uma fúria profunda. Ele agarrou o braço do filho e o fez ficar frente a frente com ele.

— Cassie! O que diabos pensa que está fazendo?!

— Eu não me importo mais com porcaria nenhuma - foi interrompido por um tapa seco em seu rosto.

— Olha a boca! Você bebeu, Cassie!? — Apertou ainda mais a mão no braço pálido do filho que desviou o olhar para o quarto caótico e sorriu brevemente. — Olha pra mim quando eu falo com você!

— Ou o quê? Vai me bater de novo? Bata! Eu cansei! Cansei de você! Cansei desse vestido horrível! Cansei dessa máscara que eu uso todo santo dia só para agradar você! — Se afastou do mais velho, olhando-o nos olhos. — Para a sua infelicidade, eu não sou uma "princesinha" idiota! Eu sou um garoto, pai. — Com o coração acelerado, mas com uma calma invejável, continuou. — Eu nunca fui o que você queria. Desculpe-me, mas não consigo mais fingir. Eu sou um menino. E eu detesto esse nome idiota que você me deu. Prefiro muito mais Castiel. — Finalizou e, no pico de coragem que o álcool trouxe, virou-se para dentro do quarto, pegou seu cofrinho e saiu de casa em direção à rua.

A Playlist de Ação de Dean WinchesterOnde histórias criam vida. Descubra agora