Isso pode ser amor?

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Sanji:

Depois de deixar o convívio, Sanji se afastou com um misto de inquietude e ansiedade que parecia não querer abandoná-lo. Em meio à confusão de pensamentos, ele decidiu procurar a pessoa mais sensata e observadora do bando, que por incrível que pareça, permanecia acordada. Queria compartilhar o que sentia. Encontrou Robin sentada sob um guarda-sol, concentrada em seu livro, e se aproximou dela com cautela.

– Senhorita Robin… posso conversar com você um instante?

Robin, sempre gentil e com um sorriso tranquilo, fechou o livro suavemente antes de responder:

– Claro, Cozinheiro-san. O que deseja?

Sanji respirou fundo e começou a expor seus sentimentos, falando sobre a nova confusão que sentia e sobre como a presença de Zoro parecia cada vez mais intensa em sua mente. Robin ouviu tudo com atenção, sua expressão serena e acolhedora, permitindo que ele se sentisse mais seguro. Quando Sanji terminou, esperou ansioso por uma resposta, mas a mulher manteve o silêncio por alguns instantes, sorrindo como se já soubesse de tudo.

– Ah, Sanji, eu já tinha notado. Seu comportamento mudou nos últimos dias, seu olhar se tornou mais atento. Já era claro que você admira e talvez goste dele. Pode ter certeza de que estou ao seu lado, e, se decidir falar com ele, acredito que poderia ter uma resposta positiva.

Sanji ficou surpreso e tocado com a sensibilidade de Robin, mas, acima de tudo, espantado com a facilidade com que ela percebia seus sentimentos.

– Obrigado, Robin-chan. Você me ajudou muito, de verdade.

– Não há de quê. Conte comigo sempre que precisar.

Enquanto caminhava de volta para a cozinha, as palavras de Robin continuavam a ecoar na mente de Sanji. Ela estava certa. Talvez fosse hora de dar um passo adiante, mas ele sabia que não teria coragem de se declarar diretamente. Em vez disso, decidiu que começaria a se aproximar aos poucos.

Mais tarde, após terminar suas tarefas, Sanji tomou um banho longo, tentando relaxar e ordenar os pensamentos. Ainda assim, a imagem de Zoro insistia em surgir, o deixando mais confuso. Determinado, ele se levantou, vestiu-se rapidamente e seguiu até o local onde Zoro costumava treinar. Quando chegou lá, não encontrou ninguém. "Talvez ele tenha ido tomar banho", pensou, enquanto se deitava no banco, observando o céu claro e o vento que bagunçava seus cabelos.

Logo, Zoro apareceu com os cabelos ainda molhados e uma garrafa de saquê na mão, sentando-se ao lado de Sanji. As gotas d'água ainda brilhavam sobre seu rosto, chamando a atenção de Sanji, que se esforçava para não ser direto demais, mas estava curioso.

– Ei, cabeça de alga! – provocou, tentando soar casual.

Zoro olhou para ele, intrigado.

– Ah? Do que você me chamou?

Sanji escondeu um sorriso. Ele sabia que aquilo sempre irritava Zoro.

– Marimo, você se sente atraído por alguém do navio?

Zoro ergueu uma sobrancelha, claramente confuso com a pergunta.

– O quê? Por que a pergunta?

– Só estou curioso. Você gosta?

Zoro suspirou e, após uma pausa, respondeu:

– Talvez… eu goste de alguém daqui.

Sanji sentiu seu coração acelerar, com uma ponta de esperança misturada à dúvida. E então Zoro devolveu a pergunta.

– E você, ero-cook? Gosta de alguém?

– Ah… sim, gosto sim – respondeu Sanji, sentindo o rosto esquentar.

Zoro deu um gole em seu saquê, aparentemente tranquilo, enquanto Sanji se segurava para não surtar.

– Marimo, você gostaria de ficar com a pessoa que você gosta?

– Claro que sim, mas… acho que essa pessoa talvez não se interesse por mim – Zoro admitiu, com um leve traço de hesitação.

Sanji mal conseguia esconder o sorriso. Decidiu então arriscar um pouco mais. Aos poucos, ele deitou a cabeça nas pernas de Zoro, que aceitou o gesto sem comentar, continuando a beber tranquilamente.

Sanji levantou, foi até a cozinha e voltou o mais rápido possível com uma garrafa de vinho. Ele se serviu de uma taça de vinho e se sentou, observando Zoro, que logo se juntou a ele com uma garrafa de saquê. A cada gole, Sanji sentia o olhar de Zoro mais intenso, e cada vez que se pegava olhando para os lábios do espadachim, seu pensamento era o mesmo: beijá-lo.

– Ei, marimo – começou Sanji, hesitante. – Você me beijaria?

Zoro quase se engasgou com o saquê e o olhou surpreso.

– Que pergunta é essa? Está bêbado?

– Não estou bêbado. Apenas… responda – insistiu Sanji.

– Talvez – respondeu Zoro, ainda confuso, mas com um leve sorriso de canto.

Sanji se sentiu tomado por uma felicidade que há tempos não sentia e propôs uma brincadeira para aliviar o clima.

– Vamos jogar “Duas Verdades e Uma Mentira”?

– Pode ser – respondeu Zoro, sorrindo. – Eu começo.

Zoro pensou por um instante antes de começar:

– Nasci na Coreia, essa é a cor verdadeira do meu cabelo, e já senti atração por outro homem.

Sanji riu e arriscou:

– A primeira é mentira, e as outras duas são verdades.

– Você acertou.

Sanji deu uma risadinha e então foi sua vez.

– Não gosto de nenhuma mulher do navio, te odeio, e amo cozinhar.

Zoro franziu o cenho, pensativo, e respondeu:

– Acho que a primeira é mentira e as duas últimas são verdades.

Sanji riu mais ainda.

– Você errou! A primeira e a última são verdades. A segunda é mentira.

Zoro ficou surpreso, mas havia um leve sorriso em seu rosto.

– Então você… não me odeia?

Sanji sorriu, envergonhado.

– Nunca te odiei, Roronoa.

Eles continuaram conversando, o ambiente leve e com uma tensão suave que nem tentaram disfarçar. Por fim, Sanji sentiu que estava mais próximo de Zoro, e a ideia de um sentimento correspondido parecia, agora, mais real do que ele imaginara.

"Amor Perigoso: A Espada e o Chef"Onde histórias criam vida. Descubra agora