Capítulo 02- Jantar com os Black

11 3 14
                                    

A madrugada em claro começou a cobrar seu preço quando me senti exausto naquela mesma tarde.

Depois de um dia inteiro de brincadeiras, sem aulas e longe do meu pai, que passou o dia fora de casa, a noite seria mais desagradável e longa.

Comecei a bocejar enquanto ainda estava me arrumando para ir no tal jantar. Não era a primeira vez que íamos na casa dos Black, e para a minha infelicidade, com certeza não seria a última.

Meu pai tinha algum tipo de negócio com eles, então de vez em quando íamos na casa daquela família ou então eles vinham na nossa. Cygnus e Druella Black tinham três filhas mais ou menos da minha idade, mas eu não tinha muita amizade com nenhuma.

Eu não gostava daquele tipo de evento. Mas ainda bem que meu pai não levava eu e Lucius em todos os jantares com os amigos dele, só os que tinham filhos de idade próxima a nossa.

Fui o último a ficar pronto. Assim como eu, Lucius e o nosso pai estavam impecáveis em seus trajes formais, aguardando minha chegada na sala de estar principal da Mansão Malfoy, que era a que tinha a maior lareira, já que íamos por Pó de Flu.

Antes de sairmos, meu pai avisou:

-Espero que vocês dois se comportem bem essa noite.

-Sim, senhor. -Respondemos juntos. 

-Você vai primeiro, Lucius. Diga o endereço em voz alta quando jogar o pó no chão.

Meu irmão obedeceu. Pegou um tanto da substância do pote que Otto segurava e foi para dentro da lareira.

-Largo Grimmauld, n° 12. -Ele disse em bom tom, lançando o pó ao chão. Um instante depois, ele tinha desaparecido.

-Você agora. -Ele me mandou.

Peguei o conteúdo do pote também e antes que pudesse entrar na lareira, meu pai me chamou:

-Maximus.

Minha pernas ficaram bambas e eu congelei no lugar. Lutei contra o sentimento de pavor e me forcei a olhar para ele:

-Sim?

-Eu não quero saber de nenhum escândalo que seja. Está entendendo?

-Estou. -Minha voz quase se perdeu na garganta.

-Para o seu próprio bem, espero que esteja mesmo.

O olhar dele sobre mim era tão voraz, tão implacável, que quase me sufocava.

Eu odiava como ele me afetava com apenas uma expressão! Detestava o fato de eu ser sempre tão fraco perto dele!

Repeti tudo o que meu irmão fez. E depois de sentir meu corpo rodar no vazio, acho que pousei na lareira da sala de estar dos Blacks, onde Lucius já me esperava ao lado das crianças da família.

-Seja bem-vindo outra vez, Maximus. -Orion Black, o atual chefe da família, me desejou com uma voz distante, balançando sua varinha na minha direção, para tirar as cinzas que ficaram nas minhas vestes com um feitiço.

-Muito obrigado, senhor. -Sorri, sem saber se devia estar sorrindo para ele, que continuava sério. Por isso, fiz um gesto de agradecimento rápido com a cabeça e fui para o lado do meu irmão e dos outros.

-Meu pai chega em um instante. -Avisei só por educação.

Segundos depois, ele apareceu na lareira e também foi recepcionado pelos outros. Apertou a mão de cada adulto, naquela etiqueta desgastante que, tenho certeza, ninguém aguentava mais.

-É bom vê-lo novamente, Abraxas. -Cygnus Black disse cordialmente.

-Igualmente. -Meu pai respondeu, tirando a poeira de suas vestes com um aceno de sua própria varinha.

Maximus Malfoy - LIVRO I Onde histórias criam vida. Descubra agora