Scorpius estava acostumado com olhares de repulsa vindos da própria família, então naquela manhã fria de inverno, pouco se importou de andar calmamente pela rua de sua casa. Sabia que as pessoas o olhariam de qualquer forma, sabia que elas correriam para longe e cochichariam o chamando de aberração, então não fazia diferença, não fazia diferença fugir de casa e mostrar suas cicatrizes para o mundo.
Scorpius havia sido transformado em Lobisomem aos seis anos, agora aos dezesseis, sem ter tido a oportunidade de ir para Hogwarts, pois seu pai havia negado sua entrada à Minerva, aproveitava daqueles pouco momentos que os avós e o pai não se encontravam em casa, para fugir e vagar pelas ruas de sua doce prisão.
Ele queria ser alguém normal, queria imensamente ter tido a oportunidade de dizer não àquele Lobisomem que o marcara, mas ele não deu oportunidade de tal coisa, pois estava muito preso naquela droga, sem o uso de Mata Cão para se impedir de cometer tal ato. Scorpius sabia que não havia sido culpa do Lobisomem, tinha sido sua, ou talvez de seu pai, por tê-lo mandado andar em plena noite de lua cheia pela propriedade da mansão como castigo por ter quebrado um vaso caro de família, sabendo que na floresta nos limites dos terrenos habitava todo tipo de criatura. Scorpius se perguntava se Lúcius colocava Draco de castigo quando criança. Muito provavelmente não colocava, por isso Draco não sabia o que era um castigo e o que era uma tentativa de homicídio.
Scorpius só se lembrava do momento que acordara no hospital, quando sentiu uma mão fazendo carinho em seus cabelos, essa sendo logo afastada quando seus olhos se abriram, visualizando o rosto exausto de seu pai. Aquela foi a última vez que Draco olhou verdadeiramente para seu rosto sem sentir repulsa. Ou, nos pensamentos mais afastados de Scorpius, sentisse culpa.
Era divertido ver as folhas secas de outono caídas pela rua lotada de mansões, isso ajudava a mente do jovem Malfoy, mesmo que minimamente. Se sentia mal novamente, sempre era assim, quando seu pai brigava consigo por motivo algum e trancava-o no sótão dias a fio sem comida, a maioria das vezes apenas para mostrar como era com Scorpius para Lúcius.
Se concentrava demais em seus pés para prestar atenção na rua em sua frente, então se divertia com as batidas do seu tênis na rua de paralelepípedo, tomando cuidado para esquecer de qualquer coisa ao seu redor.
Baque!
Scorpius cai sentado no chão, a testa doendo de uma forma rigorosa. O que havia acontecido? Se concentrara demais em seus pés, mas sabia que não havia nenhum poste no caminho que seguia antes de se bater contra algo duro.
--Ain...--Scorpius escuta um resmungo, então levanta a cabeça e olha para frente, franzindo a testa ao ver um garoto que parecia ter a sua idade.--Caramba, essa doeu demais!
O garoto levanta o rosto, sua mão estava em sua testa enquanto fitava meus olhos. Os deles eram verdes, tão verdes que chegava a parecer artificial.
--Oi.--Scorpius diz, baixo, porém audível.--Eu sinto muito.--Se levanta, estendendo a mão para o garoto estranho, que o fitava com um certo brilho no olhar.--Eu não prestei atenção por onde andava, está tudo bem?
O garoto estranho aceita a ajuda, se levantando e limpando a sujeira de suas vestes.
--Oi, estou bem, só um pouco zonzo, mas é normal. Você está bem?
Scorpius cora, o garoto tinha uma voz grossa e penetrante. Pelo visto a puberdade estava sendo generosa com ele, porque para Scorpius não estava sendo nenhum pouco. A voz do loiro era fina, seu corpo era pequeno, suas pernas tão finas quanto sua voz e seu pênis parecia ter parado no tempo aos 12. Bem, o médico havia dito que era efeito da licantropia. Não havia nada a ser feito.
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Cicatrizes-Scorbus
FanfictionHavia algo de interessante nos Potters, porque, em primeiro lugar, eles não achavam que as suas cicatrizes fossem repugnantes.