Malfoys

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Scorpius amava olhar pela janela, era a única liberdade que nunca poderiam tirar dele, então aproveitava esse doce conforto, se deliciando ao ver o sol nascer no horizonte. Ficara acordado a noite toda, não conseguindo fechar os olhos devido a dor em todo o seu corpo.

Hoje não conseguiria se dar ao lixo de pensar em fugir, na realidade, depois do que havia acontecido, nunca que iriam voltar a deixá-lo sozinho na mansão, era claro que começariam a deixar o Elfo Doméstico com ele, o que significava que não poderia nem pensar em colocar um pé fora da linha.

Scorpius tenta respirar, mas a única coisa que consegue é gemer de dor. Por que, necessariamente, eles haviam visto necessidade em chutá-lo?

Scorpius precisava defecar, mas olhando da onde se encontrava, o pinico estava longe demais para se dar ao luxo de conseguir andar em sua direção. Era claro que ficaria segurando até a hora que faria nas calças e isso renderia em mais chutes, tapas, socos, e qualquer outra coisa terrível, pela parte dos avós.

Scorpius se perguntava o motivo pelo qual não o matavam de vez, os pouparia de muitos esforços.

A tranca da escotilha se mexe e Scorpius engole em seco. Por favor, que não fosse Lúcius, preferia mil vez que fosse Narcissa ou quem sabe até o elfo doméstico que fingia se importar com seus machucados. Mas quem se revela não era nenhuma de suas três opções.

Draco entra no sótão, a cabeça abaixada. Scorpius bufa, tudo que menos queria era ter que arcar com aquela cabeça baixa daquele homem covarde.

--O que foi? Você nunca vem aqui. Quer alguma coisa? Olha, eu não tenho nada, então pode ir embora.--Scorpius diz seco, raiva irradiando por toda a sua mente e corpo. Odiava o pai com todas as suas forças, aquele homem era a pura covardia em pessoa.

Draco fica em silêncio, sem dizer o motivo pelo qual estava aí.

--Olha, Draco, você já pensou em falar o motivo pelo qual está aqui? Seria de extrema ajuda para eu entender alguma coisa.

Draco respira fundo, balançando a cabeça em sinal negativo antes de correr em direção à escotilha, a abrindo e descendo as escadinhas. Scorpius revira os olhos, suspirando. Por um momento havia achado que Draco fosse se importar, mas de novo, ele não havia.

Se lembrava da primeira vez que viu os avós cruzando a porta de entrada da mansão, os sorrisos cruéis em suas faces ainda o assombravam, mas eles não o assombravam tanto quanto o abaixar de cabeça de Draco. Aquilo havia aberto as portas para a crueldade que faziam consigo. Scorpius nunca poderia perdoar o pai, não naquela vida.



Albus andava pelas ruas em seu segundo dia no novo bairro, os vizinhos eram legais consigo, afinal, Albus não achava que seriam rudes com o filho de Harry Potter. Claro que Albus tentou achar pessoas que não o conhecessem, mas não parecia algo fácil em um bairro aonde todos eram bruxos.

Ele havia gostado de Scorpius justamente por ele não o conhecer. Havia gostado do fato de ele não ver seu pai como um Super Herói de HQs. Scorpius havia sido apenas educado, gentil e acabado com metade dos bolinhos de sua mãe. Achava que era por isso que o procurava pela rua, mas não parecia estar obtendo sucesso.

Onde que estava o garoto de olhos azuis acinzentados e cicatrizes pela face? Albus queria andar com ele pelo bairro, queria que Scorpius lhe apresentasse os lugares, mas não parecia que o encontraria em algum lugar.

Albus se pôs a olhar as diferentes mansões, avaliando os tamanhos e as decorações nos jardins. De fato, algumas mansões eram bem exageradas e estranhas, sorte que sua mãe e pai haviam decidido permanecer no simples.

Cicatrizes-ScorbusOnde histórias criam vida. Descubra agora