O Poeta e o Anjo - Parte 5

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O pequeno Anjo de cabelos negros olha-me aguardando tranquilamente por minha resposta, eu completamente fascinado pelo facto de que meu querido amigo pertencia ao mundo dos mortos, confirmo seu pedido. Shiro desencadeia então uma pequena aura luminosa de dentro de seu delicado peito, aproxima-se de mim de forma tão cuidadosa, como se estivesse tentando não me assustar. De forma doce e meiga, Shiro toca suavemente meu ombro.. Avisando-me de que precisava cravar suas afiadas unhas por dentro de minha pele, de certa forma achei tão gentil de sua parte avisar-me antes que fizesse algo que com certeza me magoaria.
Com sua suave mão em meu ombro, ele aprofunda suas unhas negras por dentro de minha pele, me fazendo sentir uma dor insuportável.. Uma dor que rapidamente havia me feito cair em seus braços, eu estou ofegante, meu coração se corrói à medida que os segundos são contados. Shiro calmamente diz-me: "Meu pequeno poeta, não tema tamanha dor, pois eu estou aqui para fazê-lo manifestar sua tão mísera alma que tanto o faz sofrer..". Após suas meigas palavras, eu sinto algo consumir-me progressivamente por dentro, eu começo a perder os sentidos e então tudo se torna escuridão em minha volta.. O pouco de luz que havia naquele lugar em declínio apenas tinha desaparecido completamente, porém, estava mais fácil respirar.. Mas onde estaria Shiro? Ele simplesmente teria sucumbido junto daquele ruinoso mundo?
Eu completamente perdido naquele lugar, sem conseguir ter noção de quanto tempo se passou, estava faminto. Parece que a cada segundo que passava, mais fraco eu ficava.. Estava tão confuso, até surgir um pequeno broto no chão em que pisava, rapidamente floresceu uma bela flor branca, um lírio tão belo quanto a névoa das montanhas. Eu toco suas delicadas pétalas de seda, nisso eu fecho meus olhos apenas uma vez, e quando eu os abro.. Estou deitado num belo campo cheio de lírios suaves e molhados pela chuva que já havia parado, de repente tudo ganhou cor.. Como seria isso possível? Eu podia jurar que estava morto naquele pequeno mundo assustador e gélido, seria isso apenas um pesadelo sombrio? Não.. Eu podia jurar que Shiro era real, levanto-me do chão húmido onde estava deitado, procurando e chamando por Shiro desesperadamente. Pequenas gotas de saudade escorrem pelo meu rosto e formam fios de uma profunda tristeza.
-"Qual a razão de tamanha melancolia? Meu querido poeta. Agora somos um só.. Nossas almas foram unidas por mim, este é o verdadeiro lugar onde os mortos descansam." - Disse para mim num tom meigo e dócil.
Eu olho para trás e lá estava ele, era Shiro sorrindo para mim.

O Poeta e o AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora