O Poeta e o Anjo - Parte 9

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Surpreso por ter recebido tal beijo e demonstração de afeto, olho para Shiro completamente vermelho.. O deslumbrante Anjo da Morte, agora um pouco constrangido também, apenas fita-me com aqueles belos olhos tão escuros e mortos quanto a noite mais sombria daquele primeiro mundo. Aproximo-me um pouco mais de Shiro e o envolvo em meus braços, completamente fascinado e envergonhado ao mesmo tempo.. Pela primeira vez em anos eu seria amado verdadeiramente?

Em meu mísero passado eu namorei e me apaixonei por pessoas que me faziam sofrer a todo custo, para não falar de que minha mãe cuidara de mim e de minha irmã completamente sozinha.. Meu pai era um homem com péssimos hábitos. Logo que chegara a casa descontara tudo na própria família.. Eu tenho me automutilado desde meus 11 anos, só para tentar aliviar minha tão angustiante dor e sufoco. Todos os dias eu ficara imerso em tantos pensamentos, tantas decepções.. Tanta angústia! Eu não aguentei mais e por tal sofrimento, acabei por tirar minha mísera vida, que não tinha significado algum.. Creio eu.

De qualquer forma mais nada disso importava agora, eu tinha Shiro! Ele era meu amado Anjo da Morte.. Do qual eu não seria capaz de viver sem.

"No que pensais tanto? Meu amado Poeta" - Pergunta-me enquanto acaricia meu rosto com suas gélidas mãos.

"Ora, meu amado Shiro.. Não se preocupe com tais coisas!" - Digo-lhe enquanto beijo sua bochecha esquerda. Ambos caminhamos lado a lado de mãos dadas até o belo corcel negro, Shiro ajuda-me a subir e logo sobe também. Ele parece tão preocupado..

No caminho até a cidade, Shiro avisa-me sobre Dhomy e como ela seria um perigo para mim, para ser honesto.. Dhomy não me assustava tanto assim.

Entrando na cidade, eu pude ver cada pessoa entrando em suas casas, afinal havia passado o dia todo com Shiro naquele belo bosque florido.. E já havia escurecido. Chegando na nossa pequena casinha, Luke foi amarrado a uma cerca de madeira que havia ali perto, descemos daquele belo corcel e passámos pela entrada de nossa propriedade.

Rapidamente ouço alguém chamar do lado de fora, a voz era desconhecida para mim, Shiro havia ido lá conferir se alguém precisara de ajuda. No momento em que Shiro sai.. Alguém tranca a porta e janelas de nossa casa.

Posso ouvir um som de explosão vindo de trás da residência, de forma progressiva, as chamas consumiam grande parte dos cômodos, eu não sabia o que fazer, estava preso e com o fogo consumindo grande parte dos móveis. Shiro gritava desesperadamente meu nome enquanto eu asfixiava com a fumaça, pela janela eu podia ver três pessoas agarrando Shiro e o impedindo de entrar.

Com poucas forças, mas ainda com um pouco de esperança.. Eu quebro os vidros de uma das janelas e saio por lá, enquanto minha pele é dilacerada pelas pontas cortantes de cada pedacinho de vidro.

Shiro arranca o coração de uma das pessoas que o agarravam, perfurando seu peito com suas grandes unhas que cresceram assim que ele o quis.

Uma multidão de pessoas estaria se formando em volta de nós quando Shiro me agarrou pelo braço e de forma ligeira, me puxou para cima de Luke. Fugimos daquela nobre cidade com um aperto em nossos corações, o meu amado Anjo da Morte havia me dito que não seria seguro continuar em tal cidade onde Dhomy vivera. Afinal seria ela que teria feito isso contra mim.

Galopando entre densa vegetação e campos floridos, decidimos parar por um momento perto de um rio que ali estava.

"Você tem alguma ferida? Deixe-me ver.." - Diz para mim num tom de preocupação.

Ele ao verificar se depara com cicatrizes em meus pulsos e braços, parece-me que desta vez fui eu que o surpreendi.. Mesmo tendo ficado tão abalado, eu ainda desejara Shiro.

O Poeta e o AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora