13. O meu Lar destroçado lar

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P.o.v. Nico di Angelo

Não era o tipo de reencontro familiar que eu esperava, mas acho que é o tipo de coisa a se esperar quando se é filho do rei do submundo.

Eu estava em um salão enorme, tão grande que parecia não ter fim, era escuro e sombrio, o que dava a impressão de que algo sinistro poderia acontecer a qualquer momento, o que não me acalmou. As chamas, queimando constantemente em torno do trono de ossos humanos, proporcionavam uma iluminação elegante e perigosa, como se a qualquer momento pudessem se alastrar e causar um grande incêndio.

O silencio parecia mortal.

Eu sufoquei um grito quando as enorme portas duplas descoradas com pedras preciosas e ossos se abriram.

Não me lembrava do meu pai, as vezes era quase impossível de acreditar que ele é minha mãe estavam comigo e minhas irmãs apenas dois anos antes. A figura que entrou no cômodo tinha uma pele branca como a de um albino (ou a de um cadáver, mas preferi não pensar nisso.), o cabelo comprido até os ombros era preto-azeviche, como o meu. Não era corpulento, mas irradiava força. Usava um terno preto com algumas manchas leitosas que pareciam se mexer (me esforcei para não as associar a almas).

–Nico.- Falou em um tom quase aliviado.

– Pai.

–É bom ver que esteja bem...- Falou simplesmente, me esforcei para não dar alguma resposta como "Não graças a você", mas me contive.

–Eu tenho me virado.

Ele não respondeu, seu olhar se perdeu por alguns instantes. Então, simplesmente estralou os dedos.

Senti uma sensação estranha no estômago, como se estivesse sendo puxado por um aspirador de pó, fechei  os olhos e por um momento me senti estranhamente em casa e percebi o cheiro, de lasanha, lasanha feita pela minha mãe. Quando abri os olhos não estava mais no submundo, estava em casa, minha casa em Washington DC.

Por um momento me senti novamente no dia em que eu, Bianca e Stella estávamos arrumando nossas malas  para Westover Hall, o ultimo internato que ficamos antes de sermos atacados pelo ex-vice diretor que na verdade era um mantícora, um ser mitológico, com cabeça de homem e corpo de leão, olhos de cores diferentes e cauda de escorpião.

Olhei para meu pai, ele parecia mais...mais humano, o olhar estava nostálgico e melancólico.

Uma fina lágrima molhou minha bochecha.

-Papà.

–Piccolo.

–Por que? Isso é névoa?

–É, mas não dá forma que pensa. - E voltou a estalar os dedos.

Eu senti a névoa se dissipando. O cheiro bom desapareceu sendo substituído pelo cheiro de queimado. A minha volta os móveis estavam alguns destruídos, outros queimados, poucos intactos. As memórias me acertaram como facas.

Stella tinha os olhos vermelhos e o rosto inchado. Estava mais quieta que o normal e completamente em outro mundo.

–Querem levar mais alguma coisa? - Perguntou Bianca. – Não sei quando vamos voltar.

Demos alguma resposta vaga e nos encontramos com o advogado, que andava impacientemente de um lado para outro, na frente da casa. Sempre o achei estranho, mas nunca comentei com minhas irmãs, tínhamos problemas maiores na época.

–Estamos realmente aqui? – Perguntei. – Estamos em Washington ou isso é só névoa?

–Estamos, Nico. Estamos em Washigton.

Di Angelo 2 | O labirinto de DédaloOnde histórias criam vida. Descubra agora