Eu não existo sem você

Capítulo 2

Sebastian

Eu não sei quanto tempo estou sentado nesse bar bebendo. Eu sei que não deveria está fazendo isso, que essa não é a melhor forma de lidar com o meu passado, com meus erros. Ainda mais depois de tudo que me aconteceu justamente por ter bebido demais. Mas, é muito fácil falar, o difícil é fazer. Só sei que não aguentei quando ouvi meu pai falando com minha mãe que ela estava voltando. Sei que errei feio com ela, mas ela não deixou explicar-me, simplesmente foi embora. Ela não quis me ouvir de forma alguma, nem mesmo quando Henrique e a Emma tentaram me ajudar depois que descobriram a verdade do que realmente tinha ocorrido.

Sim, Henrique e Emma sabem a verdade de tudo que aconteceu após a partida da Júlia. Eles me apoiaram quando tudo veio à tona e tentaram convencer a Júlia me ouvir, mas ela foi irredutível. Não quis saber de nada, muito menos ouvir falar meu nome.

Seu pai nunca chegou a comentar onde ela estava morando aos meus pais, mesmo eles sendo os padrinhos dela. Quando minha mãe o perguntou apenas respondeu que ela havia pedido segredo. Que não queria que a pessoa que a tinha magoado fosse a sua procura. Percebi que não tinha mais volta, ela nunca me perdoaria. E assim como ela, também fui embora. Fui para o Canadá onde trabalhei e me especializei em neurologia.

Voltei tem uma semana e quando soube que ela também estava voltando, a vontade que tive foi comprar uma passagem de avião e voltar para o Canadá. Certamente ela já encontrou alguém melhor que eu, e não suportarei vê-la com outro.

Mas não fiz isso, ao contrário, vim para um bar beber para esquecê-la. Sim, eu ainda penso nela. Nunca a esqueci. Claro que tive outras mulheres, no entanto, nunca passou de uma noite ou duas no máximo. Ela sempre esteve em meus pensamentos, cravada em meu coração. Mas eu precisava seguir em frente, tentar esquecê-la, mesmo que tenha falhado todo esse tempo.

– Cara, o que você está fazendo bebendo desse jeito? Amanhã você estará uma merda. Você sabe que beber para esquecê-la não é uma boa ideia, você viu o que aconteceu quando fez isso. Vem, vou te levar para casa. – Fala meu melhor amigo Luís. Ele sabe de tudo, menos que ela está voltando.

– Ela está voltando meu amigo. O que eu faço? Eu não consigo esquecê-la. – Desabafo. Sei que estou sendo ridículo, mas quem não é quando se trata de amor?

– Você está fudido, meu caro. Primeiro vamos cuidar de você, beber não resolverá nada e você sabe disso. Depois pensamos o que fazer. Vem. – Me chama. Ele tem razão, não posso beber achando que tudo se resolverá, porque não vai.

– Você veio de carro ou de táxi? – Me pergunta.

– De táxi. – Respondo.

– Ótimo, vamos em meu carro então. Vou te levar pra minha casa para sua mãe não ficar preocupada com seu estado. – Ele diz me acomodando no banco da frente e coloca meu cinto. Ele pega meu celular e manda uma mensagem para meu pai se passando por mim e o avisando que não dormirei em casa.

Quando chegamos a seu apartamento ele me leva para o quarto de hospedes e me entrega uma roupa de dormir e me manda tomar um banho. Encaminho-me para o banheiro e tomo um banho gelado que me relaxa um pouco e me deixa mais sóbrio.

Logo depois de sair do banheiro Luís aparece com uma xícara de café bem forte. O tomo sem reclamar, afinal, se não fosse pelo meu amigo ainda estaria naquele bar enchendo a cara.

– Tenta descansar agora Sebastian. Amanhã a gente conversa. Boa noite, cara! Qualquer coisa estou em meu quarto. – Diz meu amigo. Luís é um grande amigo, sempre esteve ao meu lado. Mesmo quando estava no Canadá mantemos contado, foi ele quem me indicou para o Hospital que trabalha. Meu amigo é um grande ginecologista e obstetra.

– Obrigado, cara. Por tudo. – O agradeço. E ele acena com a cabeça e sai me deixando sozinho. Não demora muito e durmo. Acabo sonhando com a garota que não sai de meus pensamentos.

Ela sorrir para mim. Ela é tão bonita quando sorrir. Seus cabelos e olhos castanhos são lindos. Sei que ela não se acha bonita, que não é muito vaidosa. Mas a acho linda mesmo com suas sardas.

Ela gira e quando olha pra mim, meu coração se despedaça. Ela está chorando e vejo ódio em seus olhos. E sinto que esse ódio é direcionado a mim.