Capítulo 22

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Sebastian

Na caixa há fotos minhas e de Raquel da noite que estivemos juntos. Noite que me arrependo amargamente. Só em olhar essas fotos me sinto sujo. Eu não sei como ela as tirou, ainda mais sem minha autorização, e muito menos como descobriu onde eu morava. Sem falar ainda do fato dela ter tido a ousadia em invadir meu consultório e pegar uma foto minha e de Júlia do dia de nosso casamento e rasgá-la ao meio, em um sinal explícito de que deseja nossa separação.

Como coordenador responsável da equipe de neurologia me foi designada uma sala onde atendo e posso ter mais privacidade para descansar ou mesmo estudar. Costumo deixar alguns documentos, livros de consulta ou qualquer estudo que esteja desenvolvendo e recentemente tinha colocado essa foto minha e de Júlia e outra de nossa com nosso filho. Sempre deixo a sala trancada e entrego a chave para Lívia ou Bia para caso precisem pegar algo para mim. Aconteceu alguma coisa, pois sei que elas não deixariam qualquer pessoa entrar sem antes me avisar, nem o Otávio elas iriam permitir, mesmo ele sendo o diretor.

Mas, irei resolver isso hoje. Vou conversar com Otávio a respeito e com as meninas para saber como essa louca conseguiu invadir minha sala e mexer em minhas coisas.

–Júlia...

–Não precisa se explicar, Sebastian. Eu sei que essas fotos são antigas e que foi Raquel quem mandou, por mais que não tenha remetente ou qualquer bilhete. –Diz ainda chorando. –Mas dói muito ver essas fotos, ver você com ela assim.

–Ela fez isso por causa das coisas que disse a ela ontem. Ela está com raiva e quis se vingar. – Conto e ela acena com a cabeça baixa chorando. –Eu irei resolver isso. – Digo me aproximando. Tento pegar suas mãos, mas ela se afasta em um sinal de que não quer que a toque. Sua atitude me dilacera, mas eu a entendo.

Meu padrinho e Ben aparecem na sala e, por mais que Júlia tente secar as lágrimas para que não a vejam chorando, não adianta. Meu filho corre para a mãe e a abraça preocupado perguntando o que foi. Meu padrinho George me lança um olhar questionador, querendo saber o que fiz com sua filha.

–O que foi mamãe? Não chora, por favor. –Diz Ben abraçando Júlia.

–Não foi nada meu amor. Mamãe está bem, foi um cisco que caiu no meu olho e papai estava tentando tirar. –A velha desculpa do cisco, mas que Ben acaba acreditando. Menos meu sogro, é claro.

Pego a caixa e vou para a cozinha sendo seguido por meu padrinho. Claro que ele iria me seguir. Ainda mais depois de ver a filha aos prantos na sala.

–O que foi que aconteceu com minha filha, Sebastian? –Pergunta sério. Pego as fotos, coloco-as dentro da pia, despejo um pouco de álcool e queimo todas.

–Que fotos são essas que você está queimando? –Pergunta agora irritado.

Tento lhe explicar resumidamente o que aconteceu, pois não tenho como explicar tudo em detalhes agora. Preciso levar Benjamin para a escolha e eu e Júlia precisamos ir para o hospital.

–Tenham cuidado com essa moça. Vou conversar com meu amigo Vicente e ver o que pode ser feito, ela já demonstrou que não é alguém muito profissional, muito menos confiável. –Comenta e concordo com ele.

–Também irei conversar com Otávio, ele precisa saber o que anda acontecendo. –Pego a maldita caixa e jogo na lixeira em frente da nossa casa.

Deixamos Ben na escolinha e seguimos em silêncio até o hospital. Estaciono o carro, desço, abro a porta para Júlia e antes que ela saia sem falar comigo, a abraço. Ela paralisa, sem retribuir meu gesto.

Eu não existo sem vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora