TPM

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Na manhã seguinte, Elizabeth abriu os olhos aos poucos tentanto se acostumar com a claridade do ambiente. Que merda! Ela não tinha fechado as cortinas? O quanto deve ter bebido ontem à noite? Não costumava se lembrar de nada do que fazia em suas bebedeiras e não acordava com nenhuma dor de cabeça, mas tinha a recompensa da ressaca moral, aquela que você fica o dia todo se perguntando quanta merda deve ter feito.

Ao baixar o olhar para a garrafa vazia aos seus pés, teve a resposta e não ficou nem um pouco admirada. Sempre mandou bem no copo, bem demais até, e o facto de saber que não teria nenhuma dor de cabeça infernal no dia seguinte contribuía para isso, além de ser muito resistente à qualquer tipo de bebida.

Mas infelizmente a coitada não era resistente a TPM e as malditas cólicas. Tinha noção da pequena dor no útero que com certeza aumentaria com o tempo e o enjoo que pairava por si. Daquele dia não passava, tinha a certeza, ia extrapolar. A ideia de fazer isso em um lugar que era apenas uma hóspede não lhe parecia nada agradável.

E pensar nisso fazia toda a merda de ontem voltar para sua mente. Mas que droga! Tinha ficado desamparada de novo e para piorar, a porra do telefone não funcionava mais.
Claro que as coisas pareciam boas demais para ser verdade, o que ela achava? Que Deus colocaria um homem daqueles em sua vida e o faria seu? Ela queria que ele fosse dela? Céus... Estava ficando louca, talvez um banho a ajudasse a pensar com mais clareza.

Elizabeth agradeceu quando percebeu que tinha sido colocada em uma suíte. Ainda não estava pronta para encarar quem quer que fosse que vivesse naquela casa e tinha a impressão de que ninguém a incomodaria até que saísse por conta própria.

Tomou um banho demorado, mas o champô, mais uma vez, a puxou para onde ela não queria. Estava acostumada  com o seu cheiro de jasmim - que Carter tinha feito questão de mandar colocar assim que percebera que aquele era o aroma favorito e usual da morena -, e aquele champô forte demais a fez ter ainda mais saudades de casa.

Casa, casa, casa?!  Sério? Ela já considerava aquele lugar sua casa? Assim, tão já?

Enfim, não valia nada matutar sua mente com aqueles questionamentos. Carter tinha feito a sua escolha e era totalmente compreensível. Kimberly era sua namorada e era a ela quem ele devia ouvir, obedecer e agradar.

Elizabeth sabia que não se sentia triste por conta do conforto perdido, afinal, tinha a certeza de que a companhia arranjaria um bom lugar para ela, como devia ter sido logo de início. Mas então... Porquê ela se sentia triste a abandonada? Como se mais uma vez, tivesse sido trocada? Aquilo com certeza era consequência de seus relacionamentos fracassados, mas  o loiro não era seu namorado, não tinha nenhum dever de escolhê-la, então porquê?

Com aqueles pensamentos massacrando sua mente, Elizabeth  vestiu-se com uma calça Jean's preta e uma blusa de alcinhas da mesma cor, amarrou seus cabelos em um coque fraco e uma carreta de dor surgiu em seu semblante assim que suas cólicas decidiram dar mais indício de existência.

Alguém bateu à sua porta enquanto ela sentava-se na cama e respirava fundo. A posição amenizou. Aquilo era bom.

Mais uma vez, uma batida ressoou em sua porta.

— Pode entrar! — Permitiu.

Fios loiros foram a primeira coisa que ela notara e, aquilo estranhamente quase fez seu coração saltar pela  boca. Então, as esferas cor de emeralda estavam sobre si acompanhadas de lentes oculares.

— Oi! — Recebeu um sorriso tímido e duas  bochechas coradas.

Céus! Como ela podia continuar chateada com ele?
E o que ele estava fazendo ali? Certamente, para devolver o resto das suas coisas.

Colombiana - (EM ANDAMENTO) Onde histórias criam vida. Descubra agora