Ser Pobre Dói

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— Preciso urgentemente de um emprego — Elizabeth monologou naquela manhã de sábado.

— Em quê exatamente você quer trabalhar? — Carter, que estava sentado a alguns metros distantes de si questionou, lhe causando um leve sobresalto.

Ok, talvez ela devesse se habituar com alguém prestando atenção em tudo o que dizia

—  Não estou em posição de escolher, mas eu adoraria trabalhar em um bar ou club de stripper.

A segunda opção pegou o loiro desprevenido. Club de stripper? Porquê ela trabalharia com aquilo?

— E você... Você já trabalhou nesse ramo? — Indagou.

Naquela altura do campeonato ele já não duvidava de nada.

Elizabeth esticou as pernas sentada no chão, com a cabeça enfiada naquela touca que escondia a vergonha que eram seus cabelos.
Estavam na "sala de cinema" que Carter decidiu mostrar a ela depois da mesma ter perguntado se era um tipo de regra não ter televisão em casa de rico.
Seu queixo literalmente caiu quando teve a visão daquela sala mobiliada com sofas brancos que mais pareciam camas, o lugar todo envolvido por luzes ambientais fracas e uma TV enorme que com certeza valia mais que qualquer objecto daquele apartamento.

E foi aí que ela teve ainda mais certeza de uma coisa: ser pobre dói.

No mesmo lugar, a morena teve a confirmação de que Carter também era um nerd da informática e vídeo games depois de avistar toda uma coleção de computadores e uma quantidade bem descenessária de Joystick's em todas as cores e designs. Aquilo parecia um tipo de tesouro valioso de tão bem guardados e organizados que se encontravam dentro das suas gavetas. E ela, embora tivesse achado aquilo um desperdício de dinheiro logo de primeira, acabou  tendo uma visão melhor e mais maravilhada pela maneira que o professor falava deles, com tanto orgulho e adoração, assim como também  dos record's que tinha batido na adolescencia, já que atualmente o mesmo não se  encontrava assim tão disponível para bater novos como antigamente.

— Já! — Respondeu a pergunta do professor — Foi o meu primeiro emprego aos dezoito anos antes de virar barista. Na verdade, o lugar era uma casa de prostituição que tinha como fachada o título de club de stripper. — observou o outro arregalar os olhos em espanto — E antes que você pense: não, eu não me prostituía.

— Eu não... Estava pensando isso de você.

— Era só para deixar claro. — Deu de ombros.

Não é como se ela nunca tivesse sido confundida com uma prostituta. Ficou quase um ano inteiro tendo que lidar com clientes que não aceitavam um não como resposta e ficavam insistindo o tempo todo para que o dono do lugar tentasse fazê-la mudar de ideias. Claro que Elizabeth se envolvia com alguns, os que lhe causavam interesse, mas deixava bem claro logo no começo da noite que não era prostituta, não queria dinheiro algum e muito menos transaria com a pessoa no seu local de trabalho.

Carter estava quase dizendo alguma coisa para a morena quando o seu celular tocou notificando a entrada de uma nova mensangem. Era Ian!

E a primeira coisa que passou pela sua mente assim que abriu o chat deles, foi um grande branco que em poucos segundos foi substituído pelo pânico.

Droga, droga, droga! Era a única coisa que conseguia processar.
Ali, bem nas suas mãos, naquele aparelho que ele mesmo pagou caro para o ter e agora fazia questão de trazer-lhe problemas, o loiro tinha uma visão de fotos muito bem tiradas e de ótimas qualidades, em momentos diferentes dos seus últimos dias.

Mas esse não era, nem de longe, o problema que fazia suas mãos suarem e seu coração palpitar tão rápidamente que aquilo parecia até o último estágio para se ter um ataque cardíaco. O centro da porra toda era simplesmente a garota morena que se encontrava em todas elas, em momentos tão íntimos que nem ele se recordava de estarem assim tão próximos:  Carter e Elizabeth na delegacia, com a cabeça dela encostada em seu peito e ele falando com o polícial; Carter e Elizabeth no Panda Express, com ele fazendo o pedido e ela bem ao seu lado, o encarando com um sorrisinho no rosto; e então, por último e nem de longe menos importante, Carter e Elizabeth naquela manhã de sexta-feira. Tinha umas quatro fotos mostrando momentos diferentes na praia: eles caminhando calmamente; a morena o seguindo; o loiro rodopiando com ela em suas costas; os dois na corrida até as montanhas.

Colombiana - (EM ANDAMENTO) Onde histórias criam vida. Descubra agora