Um dia agradável

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Aonung se encontrava ajoelhado no chão de palha ouvindo mais um dos sermões de Ronal, tinha aprontado mais uma de suas travessuras dessa vez com a pequena Tuk, mas em sua defesa foi ela quem pediu para aprender a surfar junto com seus amigos. 

"Ela é muito nova para ficar com vocês perto do recife! Você sabe que é perigoso e mesmo assim a levou. Não quero que Neytiri tenha um motivo para reclamar de nós." Ela andava de um lado para o outro, a gravidez avançada deixava seus hormônios à flor da pele.

 Aonung segurou um suspiro e mordeu seus lábios impaciente, apenas queria sair dali e continuar seu dia normalmente, não achava que tinha feito nada demais, apenas atendeu um pedido do bebê Omatikaya. Revirou os olhos.

Ronal vendo que de nada adiantaria ficar gritando com ele, finalmente parou no lugar e lhe deu um último olhar de repreensão, estava exausta de seu primogênito ser tão infantil.

"Aonung..." O chamou mais calma. "Você está perto de completar seu Iknimaya, já não é nenhuma criança, porquê se comporta como uma?" Se ajoelhou junto a seu filho.

Ele a olhou nos olhos extremamente ofendido. "Ela quem pediu e eu só quis ensinar. Não aconteceu nada, então porque todo esse alarde?" Estava contendo sua fúria, esses dias estava sendo bastante culpado por qualquer coisa que fizesse na intenção de ajudar alguém, começou a achar que era melhor apenas ser o cretino que costumava ser que não receberia tanto sermão, o que era irônico de certa forma.

"Ela encostou em um daqueles 'ouriços-do-mar'* venenosos, mas ela não te contou não é? Neytiri veio furiosa atrás de mim, a pequena Tuk está com uma leve febre." Ela acariciou sua barriga proeminente.  

As orelhas de Aonung se remexeram em preocupação. "Eu não sabia... Me desculpe mãe, ela... Eu estava de olho nela o tempo todo." Encolheu seus ombros em culpa.

"Olha, leve isso para eles, é uma pasta que eu fiz para acalmar a febre." 

Aonung pegou o pequeno remédio e se levantou. "Vou me desculpar adequadamente." Manteve seu olhar baixo. 

Aonung sentiu uma pequena apreensão lhe atingir, parecia que estava errando demais ultimamente, e aquele sentimento estava lhe consumindo. Parou de frente para o Marui da família Sully e respirou fundo, pondo o pesado pano de entrada para o lado.

"Com licença..." Disse alto o suficiente para alguém escutar.

"O que faz aqui?" Neytiri apareceu com um olhar furioso e seu sotaque forte o fez arrepiar, mantinha sua cauda acompanhando sua irritação.

O herdeiro engoliu em seco e ergueu a pasta para ela com suas orelhas baixas. "Minha mãe pediu que eu trouxesse isto, vai acalmar a ferida e abaixar a febre." Neytiri o olhou de cima a baixo e pegou rudemente o remédio, Aonung ousou segui-la, queria saber como Tuk estava.

Chegando no pequeno quarto, viu a pequena deitada segurando as mãos de Neteyam, chorava baixinho pela dormência em seu pé, a culpa o invadiu novamente, mesmo que não fosse o real culpado da situação. Viu ela o olhar chorosa.

"Nung..." Tuk o chamou pelo apelido que tinha dado naquele dia com um choramingo.

"Oi Tuk tuk." Se agachou ao lado dela lhe dando um sorriso sincero, ela segurou sua mão, estava muito quente, deu um leve afago em sua pequena mão.

Tuk era a única dos Omatikayas que parecia gostar de Aonung verdadeiramente e o herdeiro não tinha nada contra a pequena, a achava menos irritante dos quatro irmãos. Tiveram um dia curiosamente agradável e nunca achou que gostaria de estar com uma criança o dia todo se divertindo com o que mais gostava de fazer. Conseguiram criar um pequeno laço. 

Sensations (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora