II- Verônica Miller

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Apesar da pouca idade, Verônica Miller não era nova no ramo, já havia trabalhado em outro caso, mesmo que fosse significativamente menor do que aquele. A verdade é que todos achavam a novata extremamente promissora nos Estados Unidos, ela simplesmente era boa em pegar traficantes. 

Sua vida em Nova York era boa, ela passava a maior parte de seu tempo trancada em um cubículo analisando papéis e estratégias. Não havia muita ação por lá, outras pessoas cuidavam dessa parte, o maior perigo que já havia passado era ter sido seguida no caminho de volta para casa.

E foi isso que a fez aceitar sem nem pestanejar o emprego na Colômbia, ansiava pela mínima aventura, pela emoção, pelo perigo que aquilo poderia lhe causar. Sabia que as coisas por lá eram diferentes de Nova York, era o que seus amigos gostavam de chamar de "barra pesada".

Não podia dizer que aquele calor infernal da cidade a agradava, sentia sua camisa grudando em suas costas devido ao suor, nem o ar-condicionado parecia conseguir conter o calor de adentrar pelas paredes do lugar. 

Havia acabado de ser apresentada aos seus mais novos colegas de equipe, Steve Murphy e Javier Peña, e detestou o olhar de desdém que eles haviam trocado. Não era ingenua, sabia que a DEA era composta abundantemente por homens, sabia que não seria fácil ser aceita e respeitada naquele lugar, mas não conseguiu evitar a raiva que sentiu.

O loiro parecia mais receptivo, atualizando a mais nova sobre algumas coisas em relação ao Cartel de Quiteña, mas o moreno nem sequer olhou em sua direção, estava concentrado em uma papelada a sua frente.

-Ficou em qual prédio? -Steve perguntou enquanto se jogava em sua cadeira, apoiando os braços sobre a mesa.

-Ahn, não lembro o nome da rua. -A ruiva falou enquanto desviava sua atenção ao homem sentado a mesa ao lado da sua. -Mas não fica muito longe daqui, uns 5 quarteirões talvez?

Murphy limitou-se a dar um leve aceno de cabeça e voltou sua atenção aos papéis a sua frente. O resto do dia passou em com um silêncio mortificante no ambiente, o único som era dos papéis sendo remexidos de vez em quando. Ouviu o som de cadeiras sendo arrastadas e notou a breve movimentação, Steve segurava um casaco e se dirigia até a porta.

-Não vai se matar de trabalhar no primeiro dia, novata. -Ele tinha um leve sorrisinho de canto -Precisamos desse cérebro gigante que dizem que você tem. 

Dito isto ele simplesmente foi embora. Peña se quer parecia ter notado que o amigo havia acabado de sair, lia compulsivamente aqueles arquivos na tentativa falha de encontrar alguma coisa nova, qualquer pista, por menor que fosse. 

Verônica ouviu o suspiro alto do homem que estava sentado na mesa a sua frente e o encarou pelo que pareceu ser a primeira vez. Javier tinha as mãos sobre o rosto, parecia cansado e seus ombros estavam tensos. Desviou rapidamente os olhos para o papelada a sua frente, a realidade é que não havia nada de útil ali. 

Ouviu novamente o som de uma cadeira sendo arrastada e notou que Javier havia deixado o recinto sem falar uma palavra sequer.

Algumas horas depois Verônica também havia desistido, sendo finalmente vencida pelo cansaço dirigiu pelas ruas silenciosas da cidade até o apartamento alugado pelo governo. Aquela era literalmente a segunda vez que colocava os pés naquele lugar e não podia dizer que não estava aliviada em finalmente poder descansar.

Subia as escadas vagarosamente, seus pés estavam doloridos devido aos saltos que havia usado para causar uma boa impressão. Quando chegou ao seu andar notou que havia mais quatro portas e não pode deixar de imaginar quem moraria naquele lugar.

Bem, logo sua dúvida foi sanada, pois enquanto ela procurava a chave dentro da bolsa a porta ao lado da sua foi aberta. Olhou com certa curiosidade para a figura relativamente alta que estava a porta, era uma mulher muito bonita, com pernas longas e bronzeadas que fariam inveja a qualquer um.

Don't Blame Me - Javier PeñaOnde histórias criam vida. Descubra agora