𝐌𝐈𝐒𝐁𝐄𝐆𝐎𝐓𝐓𝐄𝐍|| 𝑫𝒂𝒗𝒊𝒏𝒂 𝑺𝒉𝒆𝒍𝒃𝒚

𝒖𝒑𝒑𝒆𝒓 𝒄𝒍𝒂𝒔𝒔

LONDON,
ENGLAND
— 1940

— Classe,
Para alguém que nunca teve contato com nenhuma moeda se quer,essa palavra é apenas um sinônimo do quão socialmente  desigual esse país,não,o mundo é.
Existiam vários tipos de classe,e nenhum deles era justo ou semelhante;
  Havia a alta sociedade britânica,que era composta do mais importante ministro,até o milionário,ou apenas rico.
  Haviam também a classe média,trabalhadores esforçados - e exaustos - que suavam para conseguir migalhas de um salário que sustentasse sua casa e seus filhos (que por ironia costumavam ser muitos) e quem sabe eles até conseguiram ter carros.
  — e por fim,a classe onde eu estou,digo,estava inserida; a classe baixa.
  Minha mãe,por outro lado nunca nem sequer soube o que "classe baixa significava" — já que tudo que a mesma teria que fazer era mostrar minimamente seu decote e balançar uma ou duas vezes a saia de seu vestido revelando razoavelmente parte da sua pele á um homem que mataria para se satisfazer a toa...e obviamente exigir o silêncio da "ajuda" que recebeu.

    — Eu por outro lado,fui a primeira a perceber o quão imundo dinheiro pode ser,e quão fácil pode se tornar algo desonesto e com mais variados meios de expor-se a desonra.
Nunca quis tocar naquele dinheiro,evidentemente nem se eu quisesse tocá-lo...eu poderia,mas eu Davina nunca iria por minhas mãos num dinheiro onde eu recebia apenas para ser usada como um objeto frágil de prazer e simplesmente calarem-me com um bocado de dinheiro e coisas materiais.

    — Lembro-me de perceber que o mundo era realmente questão de perspectiva quando pela primeira vez,tive contato com um dos variados homens com quem minha mãe se envolvia; seu nome era Benedict Hampshire, e ele foi o 1° homem que me fez enxergar que dinheiro podia ser facilmente um alinhado.
  Eu já tinha idade para saber me expressar livremente e para Benedict era um admirável feito eu ter frequentado a escola todos os dias durante todas as aulas — para mim,não era admirável,era o básico e eu detestaria ter ficado longe dos ensinamentos da professora jovem e simpática cuja me ensinou o que podia,e o que não pode — eu aprendi em livros.

    — Livros,também me lembro dessa palavra com facilidade.
Minha primeira palavra não foi papai,claro que não,como havia de ser? Se até aquele momento eu não fazia ideia de que Thomas era meu pai.
  Contudo,também não cedi a dizer mamãe,já que obviamente eu reforço sempre que nunca soube exatamente o que a palavra "mãe" significa. Minha primeira palavra,foi livro.

  Não sei exatamente por qual circunstâncias eu disse essa palavra primeiro do que todas as palavras existentes,mas eu disse.
— e depois dessa palavra,livros se tornaram comuns; e eu aprendi a desbravar o mundo em todas as páginas que podia.

   Quando Benedict notou aos meus 13 anos que eu era uma leitora voraz; fez questão de me dar acesso a sua biblioteca — onde os mais variados tipos de livros de idioma,navegações,importação e exportação e contabilidade,existiam.
  Lembro-me de passar horas trançando as rotas dos navios pelo enorme mapa qual foi apresentado á mim como atlas;
Benedict passava horas sentado comigo sobre o carpete vermelho de sua enorme biblioteca,fazendo questão de me mostrar cada mínimo continente que existia no globo — ou só me ensinar a decifrar mapas marítimos,e por onde cada embarcação inglesa passava.