As Paletas de Hermys

Laços

Uma imensidão de estandes inundava o Centro União Prisma, um gigantesco centro em terreno urbano aberto que reunia diferentes barracas de diferentes lugares de Deuriga. Era um leque de possibilidades alimentícias. Pratos típicos de diferentes sabores, texturas, ingredientes e cheiros. Alí era a localidade ideal caso se quisesse experimentar algo novo.

Já era de se imaginar que estaria lotado. A Feira dos Pratos de Deuriga era um evento conhecidíssimo e esperado por todos na dimensão. Acontecia uma vez ao ano e todos poderiam participar, pois era aberta ao público. Era realizada em diferentes localidades de Deuriga, e no final era feita uma apresentação pirotécnica ligada à diversidade cultural de pratos típicos de Deuriga. Era um evento que ninguém poderia perder.

Coincidência ou não, a feira daquele ano aconteceu justamente no dia em que a Cidade dos Prismas havia recebido a maior quantidade de entrada de Prismas de sua história. Ítalo achou que seria então um ótimo lugar para levar todos para almoçar e então continuar o tour. Afinal, aquela feira também poderia servir como ponto turístico, pois toda sua organização, adereços e barraquinhas davam um ar belíssimo a uma feira tradicional. A quantidade de pessoas diferentes também era um super ponto forte, visto que a diversidade era uma das bases da cidade.

Todos se espalharam. Ítalo havia determinado um ponto e horário de reencontro para continuarem o passeio. Logo todos já estavam misturados com aquela enxurrada de pessoas que cantavam músicas típicas de suas localidades e apreciavam deliciosos pratos de comida.

Ítalo saiu andando entre as pessoas à procura de um lugar para comer.

— Essa feira é sempre lotada. — May disse, agarrada em sua cabeça.

— Renderia uma pintura interessante. — Ítalo olhava para as placas em busca de um cardápio que o interessasse.

— Tira uma foto para pintar depois — May deu a ideia, e ele de imediato foi pegar seu celular para registrar aquela cena.

O interessante dos celulares da Cidade dos Prismas é que todos eles eram distribuídos pela prefeitura como uma espécie de carteira digital. Dentro dela tinha a identidade, o Registro Prisma (caso fosse um Prisma), a rede social da cidade, o aplicativo de comércio da cidade, entre outras utilidades para os cidadãos.

O jovem abriu a câmera e começou a procurar o melhor ângulo para tirar uma foto daquela cena. Pessoas rindo, garçons servindo, crianças brincando, casais apaixonados, animais caminhando e... alguém sentado pensativo. Ítalo tirou a foto, abriu a imagem e notou o indivíduo sentado pensando. Deu zoom e viu quem era. May sorriu e provocou Ítalo.

— Vai lá falar com ele. — ela disse, incentivando-o.

— Ele deve estar ocupado. — Ítalo retrucou

— Para com essa bobeira. Eu sei o que está acontecendo aqui. — May disse com as patas na cintura.

— Claro que não sabe. — ele indagou com as mãos na cintura.

— Não se esqueça que eu sou sua Musa. Sei exatamente o que está sentindo e pensando. — ela disse descendo pelas pernas dele e caindo no chão.

— Eu não tenho nem argumentos contra isso.

— Eu sei. Agora vai lá. — ela empurrou as pernas de Ítalo. — E para de ficar pensando besteira! — ela gritou olhando de longe. — jovens...

Ele caminhou lentamente, passando pelas pessoas que caminhavam conversando e gargalhando. Parecia que as pessoas não tinham direção certa. Suas pernas bambas o deixava mais perdido do que sentia estar. Suas mãos suavam e sua percepção parecia precária. A única coisa que consegui escutar era sua mente ansiosa e seu coração batendo incontáveis vezes. Quanto mais perto, menos notava o que havia ao seu redor e isso lhe custou uma queda. Crianças corriam animadas atrás de um cão vermelho pequeno que havia roubado algum tipo de alimento. O cachorro correu desgovernado e passou entre as pernas de Ítalo que, sem reflexo, acabou por se espatifar no chão. As crianças por sua vez nem ligaram e passaram correndo por cima de suas costas. May colocou uma pata na frente de seu rosto.