Dark Paradise

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Pov Taehyung

Sabe quando você sente que não pertence ao lugar que está?

É isso que estou passando agora.

Nas salas de aula, no refeitório, nas quadras ou campo de futebol assistindo os amistosos ou até dentro de casa. A essa altura do campeonato também sei que não me sentirei bem voltando para a casa onde cresci. Parece que não tem mais um lugar para mim no mundo.

São poucos os dias que passam, mas eles parecem eternos.

Jimin nunca olha, se dirige ou faz menção de notar minha existência, mesmo quando tento abordá-lo. Como nunca fui tratado com desprezo por ele, isso me machuca profundamente.

E... Jungkook... se tornou o meu inferno particular.

Mal olha pra mim na universidade, raramente o vejo dentro de casa e agora não tenho mais noção do que realmente temos – se é que ainda teremos algo.

Estou com medo.

E o pior de tudo é que não tenho alguém para confidenciar isso ou até mesmo me abrir, parece que todas as portas se fecharam.
Há pouco tempo eu era criança, minha única preocupação deveria ser me divertir e aproveitar o fato de não ter responsabilidades, mas o que ocorreu com o meu pai mudou tudo.

Tive de crescer, encarar os problemas de perto e ser a pessoa mais madura dentro de casa, já que a minha mãe e o meu irmão queriam continuar em um mundo de faz de contas.

Agora sou adulto. E tudo o que mais quero é voltar a ser criança e poder correr livre por aí, aproveitando a chuva ou os dias de sol.
Quando trovejar ou alguém me assustar, correr para debaixo dos braços do meu pai e me esconder, saber que estarei protegido e ter a certeza de que mal algum me acontecerá.

Crescer, infelizmente, é isso: não ter certeza de nada.

Cheguei a pensar que teria as respostas, saberia de tudo o que fosse necessário para me virar, mas agora vejo que não sei de nada.

Estou pronto para desistir, porque a vida fechou todas as portas para mim.

Foi numa quarta-feira, em que estudei demais e fiquei com dor de cabeça, tomei remédios e me deitei na cama para dormir, só pra ver se a sensação passava, que tive um sonho.

Nele, eu me vi, com oito anos, observando de longe, curioso, Jungkook IV subir em seu cavalo violento. Mesmo quando o bicho sacudia e tentava de todas as formas derrubá-lo, o garoto se manteve firme.

Não era só coragem naqueles olhos, era o prazer do desafio.
O prazer de ser lançado para fora e segurar ainda mais firme nas rédeas, sentir o cavalo abaixar, jogá-lo de um lado para o outro como se quisesse parti-lo ao meio e ele encarar o bicho num sorriso desafiador: então tente me derrubar.

— Papai, o senhor me ensina a montar? — perguntei, quando cheguei em casa.

O olhar de surpreso dele se misturou com orgulho. Mamãe e Hoseok nunca compartilharam do amor dele por nossos bichos, então ficou sem saber o que dizer.

Depois do jantar ele me levou ao haras, ligou todas as luzes e tirou o cavalo mais manso do estábulo. E ainda assim, era uma fera gigante para um menino de 8 anos.

Pensei que primeiro me daria uma aula, passaria dias me explicando e me fazendo acostumar com a ideia de montar, mas não.

Ele propôs me colocar em cima do cavalo imediatamente.

A sensação de ver o chão por outro ângulo me afligia. Meu peito batia desesperado porque eu não tinha nascido para ter pernas tão longas e ficar a metros de onde poderia cair.

O Príncipe Rebelde (Taekook) Onde histórias criam vida. Descubra agora