Sobretudo preto

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"Não há solidão mais triste do que a do homem sem amizades. A falta de amigos faz com que o mundo pareça um deserto".
— Francis Bacon.
👑

POV Taehyung

A única coisa que acalma a minha mente ansiosa e meu corpo, que tentou entrar em um estado catatônico, é pegar a minha bicicleta e pedalar o mais rápido que consigo para o Palácio de Skarsgard, onde mora a Família Real do Setentrião e o meu melhor amigo, Jimin Kjaerlighet, o terceiro filho do rei e da rainha.

Entre as árvores do longo bosque e o caminho que percorro pelo cair da noite consigo ter uma visão deslumbrante do céu estrelado, brilhante e cheio de vida. Cresci ouvindo que 'a noite é mais viva no Norte' e é pura verdade. Consigo ver as constelações luminosas e o tom leitoso que enche o céu de vida.

Papai sempre gostou de três coisas na vida, além de dinheiro: cavalos, o céu noturno do Setentrião e música. Sobre o céu, ele dizia que no dia em que nascemos, as estrelas brilhavam de um jeito único, anunciando nosso destino. Já a minha mãe diz que nasci em um dia de nevoeiro, que nem a lua era visível.
Acho que alguém se esqueceu do meu destino, porque é assim que me sinto agora: numa corrida de cavalos com o tempo nublado, não consigo ver um palmo a minha frente.

Não sei para onde vou, mas sei de onde vim: a minha família tem uma combinação bem incomum – o meu pai é um veterinário que veio dos Estados Unidos e seus pais da Coreia do Sul o tornando postiço, e ele tinha o dinheiro de uma grande herança deixada por seu avô e a mente inventiva para empreender. A minha mãe nasceu aqui no Setentrião, no país do inverno, descende de uma antiga condessa, mas ela não tem o título.

Essa junção rendeu fama, riqueza e um filho ômega apaixonado por cavalos, o céu noturno e violão – e é daí que vem a minha amizade com o Jimin, pois desde que me lembro tocamos juntos no coral do rei.

Agora não sobrou nada. E eu estou angustiado com as incertezas da vida.

— Boa noite, sr  Kim Taehyung Cunningham! — o guarda real me cumprimenta quando passo por ele de bicicleta.

— Boa noite, William — aceno e continuo pedalando.

Paro na entrada lateral do palácio de Skarsgard.

A noite está mais fria do que de costume e o céu se desmancha em cores verdes neon devido à aurora boreal. Aqui é possível ver todo o esplendor desse fenômeno da natureza e sempre que piso nesse palácio, entendo por que foi construído justamente aqui.

Morar no Setentrião, no extremo norte da Europa, tem dessas belezas.

Entro de fininho após passar pela segurança. Odeio quando entro pela porta principal e o arauto do apocalipse grita o meu nome para todo mundo ouvir, sempre me dando um susto.

— Chimmy, cheguei, será que pode descer? — Mando uma mensagem de voz para ele.

Encaro o hall de entrada majestoso. Não seria exagero dizer que do chão até o teto há pelo menos 10 metros, com vitrais que parecem ser feitos de diamantes, quadros de pintura renascentista e estandartes bordados com fio de ouro.

Venho aqui desde criança e ainda me impressiono com o tapete vermelho impecável, que sempre parece novo. As flores da estação em vasos delicados me indicam o caminho até a escadaria principal.

— Estou na cozinha sul do palácio. Pode subir para o meu quarto, chego em 5 minutos — ele responde.

— Ok, tudo bem.

Tiro o sobretudo preto e respiro o ar quente e perfumado do lugar. Aqui dentro é muito aconchegante e tem um ar familiar muito agradável.

Subo as escadas devagar, meus dedos brincam no corrimão dourado, aquecido.
Para chegar mais rápido ao quarto de Jimin eu preciso virar à direita.

O Príncipe Rebelde (Taekook) Onde histórias criam vida. Descubra agora