capítulo 4

269 25 12
                                    

                           Nestha


Eu estava com um péssimo pressentimento. Talvez seja loucura da minha cabeça, mas eu estou sentindo que algo vai acontecer.

Só não sei se é bom ou ruim.

Já faz duas semanas que eu me encontrei com o general. Bom, ele me encontrou. Depois disso nunca mais interagimos.

Vejo ele às vezes andando pelas ruas, fazendo as pessoas tropeçarem para fora de seu caminho, mas ele mal olha em minha direção. Quando olha, é pra me olhar da mesma forma que olha para outros moradores.

Com desprezo e ameaçador.

Não me importo da maneira que ele me olha. Não faz diferença. Todas as pessoas me olham assim.

Ele não é a exceção.

Subia desesperadamente para o meu quarto, tentando fugir um pouco das obrigações de noiva.

Depois que meu noivado foi aceito - e liberado - tenho passado mais tempo com Thomas e seus pais desprezíveis.

" Ela tem um bom quadril, vai dar bons netos"

" Seus peitos são grandes, vai ser bom na hora de alimentar as crianças"

Essas falas da mãe de Thomas passam pela minha cabeça, me  causando uma vontade imensa de gritar.

Essa vai ser a minha vida depois que me casar com Thomas. Adeus qualquer sonho e vontade que eu já tive.

A realidade disso caiu sobre mim depois que fui coagida a beijá-lo. Foi totalmente contra a minha vontade. Mas mamãe me disse que seria errado e estranho se eu não beijasse o meu noivo.

Thomas deve ter confundido o meu nojo com inexperiência, já que sorriu como um predador. Se ele soubesse que já me deitei com outros homens - Balthazar - ele não sorriria assim.

Eu só queria um destino - uma vida - diferente. 

Sai dos meus pensamentos infortúnios quando ouvi um barulho estranho vindo do quarto da Elain.

Abro a porta e travo com o que vejo.

Elain, amarrando dois lenços e os jogando na janela.

- O que diabos você está fazendo?

- Já falei pra bater.  - Elain responde, sem olhar em minha direção. - Eu poderia estar indecente.

- Já vi você  nua várias vezes. - Suas bochechas ficam vermelhas. - E nada que tenha aí me impressiona. Responda minha pergunta.

- Vou me encontrar com o Lucien. - Arregalo os olhos. - Ele me ensinou um truque para conversarmos em segredo.

- Ele tem uma filha e é bem mais velho do que o nosso pai. -  Cruzo os braços. - Que papelão, Elain.

- Ele é gostoso. - Minha irmã dá de ombros. - Inteligente e aquela cicatriz em seu rosto o deixa muito sexy.  

Sinto meu estômago embrulhar e quase vômito o meu almoço quando sinto o cheiro da minha irmã mais nova.

- Não é mais fácil vocês "fugirem" - Faço aspas com os dedos. - De noite? De dia não é uma coisa muito legal.

- Sabemos o que estamos fazendo, certo? Não se preocupe.

Ajudei Elain a fazer um bom nó no lençol e seguro para ela descer.

- A propósito. - Seguro firmemente em sua corda improvisada de lençóis. - Ouvi dizer que ele tem fogo outonal nas veias. - Sorrio maliciosamente fazendo Elain corar.

Entre luzes e sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora