Limpava os ferimentos de mais uma vítima do Encantador das sombras. O pobre coitado não estava em um estado nada bom, dificilmente passaria dessa noite e se passasse teria sequelas.
Queria saber por que os membros do círculo íntimo eram tão cruéis. Parecia que Rhysand - o grão senhor - tinha prazer de aterrorizar e humilhar os cidadãos daqui. Graças a Mãe eu nunca fiquei de frente com nenhum deles.
Seus irmãos - Azriel e Cassian - também não eram nada gentis, na verdade, eles eram um acréscimo a crueldade que Rhysand representava. Ambos os guerreiros illyrianos esbarravam em outras pessoas de propósito só para provocar uma briga.
Quando era mais nova, o senhor Archeron - pai de uma das minhas melhores amigas - contava histórias deles para mim e suas filhas. Ele dizia que se nos machucarmos e um gota, por mais pequena que fosse, caísse no chão o senhor do derramando de sangue iria nos buscar, contou que se ficássemos muito tempo em um lugar escuro as sombras do mestre Espião nos levaria até ele, se mentissem Morrigan - prima de Rhysand - cortaria nossas línguas e se desobedecermos os nosso pais Amren puxaria os nossos pés e beberia o nosso sangue.
Todos contavam versões de histórias diferentes, mas uma coisa sempre era repetida: Nunca diga o nome deles. Nem em pensamento, pois Rhysand poderia ouvir.
- Não tem mais o que fazer para ajudar o pobre homem. - Encaro de soslaio a mãe de Emerie.
Emerie era minha melhor amiga, junto de Nestha.
- Então acho melhor eu ir. - Me levanto. - Soube que eles virão aqui hoje e eu só quero me esconder no meu quarto com várias velas ao redor.
Por mais tenebroso que todos os membros do círculo íntimo fosse, Azriel era o que mais me causava sensações estranhas. Só tinha o visto uma vez quando tinha doze anos e estava acompanhada de Nestha e Emerie. Ele também estava junto com Cassian.
Éramos três crianças arteiras que estavam chateadas por nossos pais não deixarem a gente sair por conta de uma visita idiota. Resolvemos nos esgueirar de noite, sem nenhum adulto saber e corremos em direção a floresta. A cidade escavada ficava sob as montanhas, então você tinha que sair um pouco de seu território se quisesse ver uma árvore ou um lago.
Conseguimos fugir sem que ninguém nos percebesse e estávamos todas saltitantes porque iríamos nadar no lago sem supervisão. O pensamento agora me parece idiota, mas para a Gwyn de doze anos era demais.
Quando chegamos no lago, não percebemos que não estávamos sozinhas. Nós apenas o vimos quando estávamos em frente ao lago.
Na mesma hora, eu e minhas amigas nos escondemos atrás de uma árvore e ficamos lá. Paralisadas.
Para ser bem sincera, não estávamos paralisadas, só estávamos curiosas para sabermos o que eles iam fazer. Podíamos ter corrido se quiséssemos.
Ficamos ali, ouvindo a conversa deles sobre política e outras cortes. Até que Cassian - o senhor do derramamento de sangue e general da corte noturna - disse "acho melhor conversarmos sobre isso quando estivermos sozinhos. Sem três fedelhas vigiando" aí sim paralisamos. Azriel, por sua vez, respondeu "Talvez devêssemos ensinar bons modos para elas, assim isso nunca mais volta a acontecer"
Corremos feito loucas quando vimos eles darem passos em nossas direções.
Desde então, fizemos de tudo para nos manter longe de suas vistas.
Afinal, eles eram guerreiros com mais de 500 anos, só não nos pegaram porque não quiseram. Quem nos garante que teremos sorte se tentássemos repetir o erro?
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Entre luzes e sombras
FanfictionGwyneth era uma morada da terrível corte dos pesadelos. Como todo o cidadão da corte ela conhecia e seguia os avisos: Nunca se aproximar ou desrespeitar o círculo íntimo e seu grão senhor, e nunca ultrapassar a fronteira. Mas em uma noite, Gwyn e s...