Komi
O clima entre Niragi e Chishiya estava estranho. Niragi por algum motivo estava com raiva e eu não conseguia perceber o porquê.
Será que ele não gostava de Chishiya? E se eles não se gostam, qual será motivo?
Dúvidas rodeavam a minha cabeça e depois de muito tempo encarando Chishiya, Niragi passou a me encarar mudando o seu olhar para um que eu não conseguia decifrar. Ele me puxou pelo braço e eu arregalei os olhos olhando para ele não entendendo o que estava acontecendo.
— Espera! — exclamei, fazendo Niragi me encarar — O que está rolando? — olhei para Niragi e depois para Chishiya que continuava com o mesmo olhar de sempre, um olhar de indiferença e com as suas mãos nos bolsos do casaco branco. Niragi não falou nada, apenas me encarou e aquilo de certa forma me dava raiva. Eu queria perceber o que estava acontecendo, mas por algum motivo não queriam me contar. — Você não vai falar? — tentei perguntar mais uma vez, recebendo o mesmo olhar dos dois.
— Eu quero você longe dela — aponta para Chishiya e um sorriso cínico se forma em seu rosto.
— E se eu não ficar? O que você vai fazer? — olhei para Niragi que ficou com mais raiva do que antes e se afastou de mim indo em direção a Chishiya e apontando a sua arma para ele.
Fui até os dois e tentei afastar Niragi e fazê-lo parar, mas foi em vão já que ele me soltou e voltou a sua atenção para Chishiya.
— Não me provoque — disse entredentes. — Ou eu mato você!
Confesso que me assustei. Era a primeira vez que via Niragi assim. Eu sabia que ele era um pouco impulsivo, mas não tanto ao ponto de ter tanta raiva e querer matar alguém. Este mundo o mudou ainda mais, e isso era notável.
Niragi voltou a sua atenção para mim e me puxou para longe de Chishiya me levando até uma sala que estava vazia.
— Eu vou falar, mas não na frente dele — fecha a porta à chave e a guarda no bolso. Ele me encarou, ainda com um pouco de raiva e foi se aproximando de mim. — Chishiya não é uma pessoa de confiança, acredite em mim. Não quero você perto dele.
— Já percebi que vocês têm uma briga rolando, mas eu não tenho nada a ver com isso — falei e percebi o seu olhar mudar e os seus olhos agora pareciam chamas por conta da raiva que era nítida. Viro as costas para Niragi e vou em direção à porta, parando e lembrando que o garoto tinha trancado e que a chave estava com ele. — mas não se preocupa, eu vou ter cuidado — voltei a encará-lo e dei um leve sorriso. — pode abrir a porta? Ou vamos ficar aqui até o laser cair na cabeça porque não fomos jogar? — o encaro com uma expressão cínica em meu rosto, que muito provavelmente ele tinha notado, já que também retribuiu com um sorriso.
Ele foi se aproximando e ficou bem perto do meu rosto. Ele beijou o canto do meu lábio e confesso que até gostei da sua atitude, já que não era a primeira vez que fazia isso.
— Às suas ordens, minha princesa — passou por mim indo em direção à porta, a destrancando e abrindo logo em seguida, dando espaço para que saísse na frente dele.
Olhei para trás brevemente, piscando o meu olho direito e recebendo um sorriso do garoto.
Como estava com fome por não comer nada desde antes do jogo, fui até o refeitório para comer algo. Não parava de pensar no que Niragi me tinha dito e não sabia se me afastava ou não de Chishiya. Uma parte de mim queria se afastar, mas a outra parte queria que eu me aproximasse e conhecesse melhor o garoto. Ele era misterioso e queria saber mais sobre ele.
Chegando lá haviam várias pessoas em grupinhos comendo e conversando. O som da música alta que vinha do lado de fora era mais forte naquela zona por ser perto da área da piscina onde as pessoas passavam o tempo se divertindo.
De longe vi Chishiya. Ele estava em uma mesa mais afastada do mar de pessoas que estavam presentes no local e estava acompanhado da mesma garota que vi ontem, antes do jogo.
Eu queria ir até lá, mas não queria interromper o que quer que eles estejam falando e também porque eu ainda não conhecia a garota. Será que era a namorada dele? Não sei, mas não queria me intrometer e acabar me ferrando caso fosse.
Apenas peguei em um pacote de bolacha e um sumo, sentando em uma mesa que estava livre e um pouco próxima de onde Chishiya estava, já que naquela zona, não estava tanta gente.
Ouvi alguém me chamando e logo presumi ser Chishiya já que ele era a única pessoa que me conhecia para além de Niragi e dos devotos que falaram comigo quando cheguei.
Me virei em sua direção, vi os dois olhando para mim e a garota fez um sinal para ir até eles. Assim fiz e fiquei em pé esperando eles dizerem algo.
— Você pode sentar se quiser — a garota falou e sorriu amigavelmente para mim.
— Ah, claro — me sentei ficando de frente para os dois que me encaravam. Confesso que estava um pouco desconfortável perante aquela situação, mas tentei disfarçar para que não percebessem.
— Meu nome é Kuina, e o seu? — quebrou o silêncio constrangedor que permaneceu alguns segundos naquela mesa.
— Komi...
— Gostei do nome. Gostava de ser sua amiga... — ela esticou a mão e eu a apertei gentilmente. Ela me encarava e eu a encarava. Parecia que por segundos, o tempo tinha travado e só nós duas estávamos ali.
Não dei conta que paralisei enquanto analisava a beleza da garota. Pele macia, olhos pequenos e bonitos, sua boca macia e também pequena. Tudo nela era bonito.
— Você está bem? — Kuina pergunta enquanto me observava com um sorriso em seu rosto. Chishiya intercalava o seu olhar entre mim e Kuina, mas com o mesmo olhar de sempre. Indiferença.
— Você paralisou — riu — no que você estava pensando?
— Em Niragi? — Chishiya que até agora estava calado, se pronunciou e me encarou com um sorriso no rosto.
— Não — o olhei — estava pensando... hmm... nos visas — sorri de modo a tentar parecer convincente.
Seria ridículo eu falar: paralisei porque estava observando a beleza de Kuina.
Seria muito ridículo.
— Mas já que fala em Niragi, o que esta acontecendo entre vocês dois? — passei a observar Chishiya com um olhar sério e ele continuou comendo me observando também. Os nossos olhares estavam penetrados um no outro, quase como se quem piscasse, perdesse.
— Se Niragi não te falou nada, não vou ser eu que vou falar — disse ríspido ainda com o seu olhar cravado no meu — a única coisa que posso dizer é que ele, de certa forma, é muito parecido comigo — se levantou com o pacote de bolacha em suas mãos. — e eu não gosto nem um pouco disso — foi a última coisa que disse antes de ir embora e me deixar sozinha.
Kuina, antes de sair atrás de Chishiya, me olhou e deu um leve sorriso, não sendo retribuído por estar em choque com o que ele acabara de dizer.
Como assim parecidos?
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PROMISES | ALICE IN BORDERLAND [CHISHIYA]
RomanceEm um mundo anormal e cheio de jogos, Komi irá reencontrar um amigo de longa data por quem tinha uma paixão e irá também conhecer alguém que irá desiquilibrar o seu coração. Enquanto tenta perceber os seus sentimentos, também tenta sobreviver aos jo...