Capítulo I - A Praia

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Komi

Era um alívio todas as vezes que completava o jogo com vida, embora machucada em algumas zonas do meu corpo. Todos os jogos que joguei até agora eram níveis muito difíceis e que faz com que muitos morram facilmente.

Nove de espadas, quatro de espadas, oito de copas, cinco de copas e seis de paus, esses foram os jogos que completei até hoje. Parecia que nem neste mundo tinha sorte.

Até ao momento ainda não tinha jogado nenhum jogo de ouros, o que era um alívio já que a minha especialidade estava entre copas e espadas. Eu até que era inteligente, mas tinha receio de morrer nesses jogos.

Passei por diversas lojas depois do jogo para procurar comida, mas infelizmente já não havia muita. Antes de anoitecer teria que caçar para o jantar e para guardar um pouco para o dia seguinte. Eu dormia dentro de algumas lojas ou casas abandonadas, mas escondida para que ninguém me visse e tentasse roubar aquilo que eu tinha ou até mesmo me fizessem mal.

Desde que cheguei neste mundo, tenho visto diversas pessoas com más intenções por ser um mundo sem regras a cumprir, tirando as regras do jogo, é claro.

Tudo foi muito estranho, o desaparecimento das pessoas, a quebra de energia, os aparelhos eletrônicos não funcionarem e os jogos mortais para além dos lasers que vinham do céu e matavam as pessoas.

A única coisa que lembro antes de vir para aqui foi o facto de estar em uma loja experimentando roupa e quando saí para pagar, não vi ninguém. No momento até que me senti feliz, mas agora, tudo mudou.

No início havia muita comida nas lojas de conveniência, havia água e havia pessoas com bom coração que me ajudaram e que ajudavam os outros. À medida que o tempo foi passando, a comida e água começaram a acabar rápido, as pessoas se tornavam agressivas e já não podíamos ajudar ninguém porque a confiança era pouca.

Eu até que era boa de luta e tinha uma arma e uma faca para me defender, mas ainda assim, era complicado.

A cada jogo um machucado diferente e a cada dia que passava parecia que não tinha mais energias para jogos e até mesmo para viver.

Fui pela floresta em busca de uma cachoeira para encher as garrafas de água que tinha na minha mochila e também procurar algum animal para me alimentar, já que não comia nada fazia um bom tempo. Estava quase escurecendo e precisava fazer isso rápido para montar a minha tenda em um lugar seguro e poder dormir durante alguns minutos ou até mesmo durante algumas horas.

Estava sendo difícil encontrar o que necessitava, então fiquei um bom tempo procurando até que após longos minutos, encontrei uma cachoeira.

Tirei a alça da mochila, abri o zíper e retirei as garrafas para encher uma a uma. Estava ficando frio, então tirei a outra alça e coloquei um casaco que não era nem muito quente e nem muito frio, mas que dava para me aquecer naquele momento.

Depois que terminei, coloquei tudo novamente na mochila e voltei a andar pela floresta à procura de alimento.

Já estava muito escuro e por conta disso, não dava para ver nada ao meu redor. Andei um pouco mais e entre as árvores, vi uma luz que parecia estar um pouco distante de mim. Decidi ver o que era e quando me aproximei, vi de longe um hotel iluminado. Estranhei haver iluminação já que aquele local não parecia ser uma arena de jogos e também pelo facto de não haver eletricidade em toda a cidade.

Parecia estar movimentada, mas estava com um certo receio de me aproximar mais. Peguei em uns binóculos que tinha na mochila para ver de longe e consegui ver diversas pessoas dançando.

Enquanto observava ouvi barulhos vindo atrás de mim. Estava ficando com medo, então, no impulso, tirei a minha arma que estava em uma bolsa presa na perna e apontei para quem estava ali, vendo um garoto com uma catana e tatuagens por todo o seu rosto e dois homens armados, um loiro e outro moreno e que aparentava ser o mais velho entre os três.

— Quem são vocês? — perguntei tentando esconder o medo que estava sentindo e os três apenas me olharam.

— Somos hóspedes daquele sítio — aponta para o hotel — e você tem duas opções. Ou vem conosco a bem, ou vem conosco a mal. O que prefere?

Eu não queria ir para aquele sítio, mas eu estava em desvantagem naquele momento e não tive outra opção a não ser ir com eles.

Quando chegamos, consegui ouvir de imediato música alta e pessoas gritando. Fui levada até uma sala onde estavam várias pessoas. Um homem de cabelo comprido preto com roupas de banho, uma mulher de óculos escuros, outra mulher com roupas pretas, um homem de óculos, um homem enorme que parecia ser militar e várias pessoas armadas.

Quando entrei a atenção de todos foi direcionada a mim me deixando extremamente desconfortável com aquela situação toda.

— O que temos nós aqui? — o homem de cabelos longos perguntou se levantando — uma nova hóspede?

— Nós a encontramos na floresta observando a praia — um dos homens que me acompanharam até aqui falou para o homem mais velho.

— O que você estava vendo? Estava nos espionando? — me olhou com um sorriso na cara e eu desviei o olhar para tentar responder.

— Eu estava caçando na floresta e vi luz, então eu fui ver o que era e me deparei com este lugar.

— Você é nova aqui? — perguntou a mulher de óculos escuros.

— Não, estou aqui faz 3 semanas...

— Então isso significa que você já jogou vários jogos, certo? — o mesmo homem de antes perguntou e eu apenas confirmei com a cabeça — Ainda bem porque precisamos de toda a ajuda possível para colecionar todas as cartas. Por isso, vamos precisar das suas — estala os dedos e sinto alguém mexendo na minha mochila.

— Ei, o que você está fazendo? — tirei a mochila de minhas costas e a agarrei com força, impedindo que continuassem a vasculhar.

— Estão procurando as suas cartas para me entregarem.

— Bastava pedirem que eu tirava — olhei para os homens que estavam atrás de mim e se afastaram.

Tirei as cartas da mochila, já que não tinha outra opção, e entreguei ao homem mais velho que as analisou e um sorriso se fez presente em seu rosto.

— Isto é magnifico! — voltou a olhar para mim — Você tem cartas incríveis e difíceis de conseguir. Você é sem dúvida uma das melhores pessoas que já passaram por aqui. Levem ela para um quarto confortável! — ordenou — Você deve estar muito cansada e precisa de descansar. Amanhã falo com você sobre as regras da praia...

Quando sai da sala acompanha de um dos homens que me encontrou na floresta, vi um garoto se aproximando e quando vi seu rosto, não podia acreditar que era ele.

— Niragi?

— Niragi?

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