lição quatro: reencarnação

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A Reencarnação
A crença na reencarnação é antiga. Ela faz parte de muitas religiões
(Hinduísmo e Budismo, por exemplo) e era, inclusive, um dos dogmas
originais do Cristianismo, até ser condenado pelo Segundo Concílio de
Constantinopla, em 553. Acredita-se que o espírito humano, ou alma,
seja um fragmento do divino e que um dia retornará à sua fonte divina.
Mas, para sua própria evolução, é necessário que a alma experimente
todas as coisas da vida.
Essa crença parece a mais sensível e mais lógica explicação para tudo
o que acontece na vida. Por que uma pessoa nasce numa família rica e
outra, na pobreza? Por que uma pessoa nasce com deficiência e outra,
forte e perfeita?... Será que não é porque devemos todos experimentar
todas as coisas? A reencarnação parece a explicação mais lógica para as
crianças prodígios. Um gênio da música, que compõe concertos aos 5
anos de idade (como Mozart), obviamente carrega consigo
conhecimentos adquiridos numa vida passada. Isso não acontece com
frequência, mas pode acontecer. Do mesmo modo, a reencarnação
também pode explicar a homossexualidade: uma pessoa que foihomem numa vida e mulher na seguinte (ou vice-versa) pode estar
transferindo sentimentos e preferências de uma vida para a outra.
Para alguém que não acredita em reencarnação, é difícil aceitar a
morte de uma criança. Qual é a razão de alguém viver apenas poucos
anos? Para o reincarnacionista, é evidente que a criança aprendeu tudo
o que deveria nesta vida e está avançando para a próxima. Uma
metáfora muito boa para explicar isso é a escola. Você entra na escola
no primeiro ano e aprende o básico. Quando assimilou tudo, passa de
ano, tira férias e depois volta para aprender e experimentar coisas no
ano seguinte. Quando termina, você se gradua (isto é, morre). Para
voltar à escola numa classe mais avançada, você nasce num novo corpo.
Ocasionalmente, você tem lembranças das vidas passadas, ou de partes
delas, mas de modo geral não se lembra de nada. (É possível, é claro,
que, por meio de técnicas como regressão sob hipnose, você possa
voltar a vidas anteriores e trazer suas memórias à tona.) Talvez uma das
experiências do Oculto mais comuns seja o déjà-vu – a sensação de que
algo já aconteceu antes –, que é tantas vezes atribuído à reencarnação
(embora de forma alguma a reencarnação seja a explicação para todas
as formas de déjà-vu): a sensação de ter um breve vislumbre de algo
que aconteceu em outra vida.
De que modo retornamos à Terra? Alguns acreditam (os hindus, por
exemplo) que não voltamos necessariamente sempre na forma humana.
Certas seitas hinduístas ensinam que a alma pode renascer como uma
planta ou um animal. Entretanto, tais crenças não costumam ser
adotadas pela civilização ocidental. Alguns dizem que existe uma escala
de evolução da forma de vida mais inferior até a mais elevada – com os
seres humanos no topo. Mas quem pode dizer qual é a ordem? O cão é
mais evoluído do que o gato ou o gato é mais evoluído do que o cão? A
centopeia é mais ou menos evoluída que uma lacraia? Isso significa que,
quando todas as almas finalmente tiverem atingido o nível máximo da
escala e se “graduado”, não haverá plantas, animais ou insetos na vida
após a morte? Isso parece bem improvável. Na Bruxaria, a crença é a deque todas as coisas têm alma. Na Bruxaria saxônica, por exemplo,
acredita-se que um cão passará por muitas encarnações, mas sempre
como um cão; um gato sempre como um gato; um ser humano sempre
como um ser humano. Existe uma razão para todas as coisas estarem
aqui... o que chamamos de “equilíbrio da natureza”. Parece que temos
uma escolha, dentro da nossa espécie, de sermos machos ou fêmeas,
para podermos experimentar e avaliar os diferentes aspectos dessa
condição.
Um argumento muito usado por não reencarnacionistas é: “Se o que
diz é verdade, como você explica o fato de que a população mundial
está sempre crescendo?”. É claro que está! A mesma coisa está
ocorrendo com a população de almas/espíritos. Não existe
simplesmente um número X de almas, que começaram seu
desenvolvimento juntas. Novas almas são criadas o tempo todo. Por isso
temos as chamadas “almas infantis” – aquelas em sua primeira
encarnação – e “almas antigas” – aquelas que já viveram um grande
número de vidas. É possível que um dia, quando os deuses decidirem
que um número suficiente de almas já foi criado, a população da Terra
se estabilize e depois comece a passar por um declínio, à medida que as
almas antigas forem se graduando.
Existe ainda uma outra questão que deve ser considerada: de onde
vêm as almas e para onde elas vão, depois da graduação final? Uma
possibilidade é a de que não vivemos apenas aqui na Terra, mas
também em outros planetas e outros sistemas de realidade. Quem
sabe?... Talvez passemos pelo ciclo aqui após termos passado por ele
uma dezena de vezes ou mais em outros mundos. Existe obviamente
muita coisa para se pensar, pouquíssimas provas (se é que existe
alguma) e muito espaço para novos conceitos.
O Karma
Junto com a reencarnação, vem o conceito de karma. Acredita-se que o
karma seja um sistema de punições e recompensas que ocorre ao longo
de todas as vidas; se você fizer algo ruim numa vida, terá que pagar por
isso na vida seguinte. Entretanto, parece que sempre se ouve falar em
“dívidas kármicas” ou “expiação do karma”, mas muito raramente se
ouve falar em “recompensas kármicas”. A visão da Bruxaria parece fazer
mais sentido.
Existe uma crença wiccana nas punições e recompensas que ocorrem
em cada vida. Em outras palavras, em vez de ser recompensado e
punido após a morte pelo que você fez na vida (o ponto de vista
cristão), os Bruxos acreditam que você recebe suas punições e
recompensas nesta vida, de acordo com a forma como vive. Faça o bem
e você receberá o bem. Mas faça o mal e o mal vai retornar para você.
Mais do que isso, a consequência vem triplicada. Faça o bem e o bem
voltará para você triplicado; faça o mal e você o receberá de volta três
vezes mais forte. Obviamente, isso não é nenhum incentivo para se
fazer o mal a alguém. É claro que não se trata de um mal triplicado
literal. Se você der um soco no olho de alguém, isso não significa que
você receberá três socos. Não. Mas, em algum momento, no futuro,
pode ser que você quebre a perna “de repente”... algo que pode ser
considerado três vezes pior do que ser esmurrado no olho.
Segundo a crença dos Bruxos, portanto, as experiências de uma vida
não dependem das experiências da vida passada. Por exemplo, se você
sofreu abuso sexual nesta vida, isso não significa, necessariamente, que
tenha sido um agressor na outra. É possível que você tenha sido, sim.
Mas também é possível que não tenha, mas será na próxima. Em outras
palavras, é o caso de experimentar todas as coisas – ser o agressor e a
vítima –, mas um não dependente necessariamente do outro. Muitas
vidas podem se passar entre uma experiência e suas consequências.
Só porque você escolheu uma vida em particular e deve passar por
certas experiências, isso não significa que você possa apenas se sentar e
dizer “Tudo está predeterminado. Só me resta relaxar e apreciar opasseio”. O Deus e a Deusa vão garantir que você tenha as experiências
certas, mas sua tarefa é progredir, dar o melhor de si para alcançar a
perfeição. Você cria sua própria realidade. O que quer que queira,
você pode conseguir. Mas sempre se lembre da Rede Wiccana: “Faça o
que quiser, mas não prejudique ninguém”.
Sempre que possível, ajude os menos afortunados que você. Quando
digo “ajudar”, eu não quero dizer “interferir”. A ajuda pode ser dada
simplesmente oferecendo conselho; mostrando compaixão; até
mesmo, algumas vezes, recusando-se a ajudar. Pois, nesse último caso,
às vezes a maior ajuda é dar ao outro a oportunidade de se esforçar um
pouco mais, de pensar por si mesmo.
O Período entre as Vidas
O tempo decorrido entre as vidas pode variar, dependendo de seu
estudo das lições aprendidas, de quanto absorveu das lições anteriores
e da preparação necessária para o próximo “ano”.
Enquanto está no período entre as vidas, você pode se incumbir da
tarefa de ajudar algum outro espírito aqui no plano terreno. Assim
como nos desenvolvemos e avançamos nesta vida, isso também ocorre
entre as vidas. Você pode ter ouvido falar de seres como “anjos da
guarda” e “guias espirituais” e se perguntado se eles realmente existem.
De certo modo, eles existem. Isso significa que um espírito está sempre
velando por outro menos desenvolvido, aqui neste plano. Como o
tempo não existe no período entre as vidas (o tempo é um conceito
criado aqui, pelo ser humano, apenas para servir de referência), a tarefa
de cuidar de uma pessoa encarnada durante toda a existência terrena
não vai atrasar o progresso do espírito protetor. Na verdade, vai
acrescentar a experiência de “estudante-professor” ao currículo dele.
Os Bruxos sempre esperam que possam renascer na próxima vida
com aqueles a quem amaram nesta. Experiências psíquicas provam que
parece ser esse o caso. Muitas vezes, um casal permanece junto pormuitas vidas, em diferentes relacionamentos (como amantes, marido e
esposa, irmão e irmã, mãe e filha).

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