No horário do intervalo Amity estava na escola conversando com seus amigos Willow e Gus, ela estava se perguntando se devia se assumir pros pais.
— Amy, você precisa ter coragem, seus pais não vão te expulsar, e por mais que não tenha a Emira e o Edric você tem a gente!— fala Willow motivando sua amiga
Gus faz um símbolo de positivo enquanto balança a cabeça — Isso aí Amity, mesmo que não lidem bem, alguma hora eles vão ter que te aceitar.—
— Vocês tem razão, eu tenho 17 anos, e em breve serei maior de idade, eu não posso ficar no armário pra sempre. — Amity diz estufando o peito
O sinal então toca iniciando o final do intervalo, Amity volta pra sua sala juntamente com Willow, e Augustus se despede das meninas indo pra sua sala, as meninas se sentam em seus respectivos lugares e Amity passa a aula toda pensando sobre como dizer pros seus pais.
Depois da escola Amity chega em casa encontrando seus pais na sala, sentados no sofá em silêncio. — Posso conversar com vocês? — pergunta tremendo, engolindo seco e apertando forte sua camiseta.
Alador assente positivamente cima a cabeça e Odalia revira os olhos. Amity então se senta no sofá do lado do qual seus pais estão e respira fundo procurando palavras para falar.
— Teve algum problema na escola Querida? — pergunta seu pai com um tom sério e preocupado, enquanto sua mãe permanece só a olhando com um olhar ríspido.
— não pai… Eu preciso dizer a vocês algo, que já está preso em mim a muito tempo. — Amity então morde seus lábios com força pela ansiedade — Eu sou lésbica, gosto de garotas, espero que vocês me aceitem…—
Alador arregala os olhos em surpresa e franze a sobrancelha em seguida, indignado com a revelação da filha. — Eu não esperava isso de você! — fala nervoso se levantando do sofá começando a andar de um lado pro outro.
Odalia também se levanta e encara Amity de cima, Amity tinha seus olhos lacrimejando, e sua boca já estava sangrando pela angústia. Odalia apenas encarou por uns minutos, fazendo o silêncio pairar na casa. O silêncio é cortado quando Odalia ergue sua mão e estapeou o rosto de Amity, marcando o rosto da garota com a mão de sua mãe.
As lágrimas que Amity estava segurando começaram a escorrer por seu rosto, embaçando sua visão. E fazendo a garota começar a soluçar.
— Nós te demos educação de primeira, uma vida boa, e você quer estragar tudo assim? Todo meu trabalho? — Amity apenas chora de cabeça baixa, enquanto sua mãe lhe diz isso. — Você me decepcionou. Pelo menos seus irmãos ainda se salvaram.
A mãe agarrou seu braço e arrastou a menina até a porta da frente — Vá embora, você não é mais minha filha— Odalia diz gritando com a menina e abrindo a porta pra garota sair.
Amity então olha desesperada pra dentro e olha pro seu pai, que apenas observa tudo em negação. — Pai! Por favor não deixe… — Alador virou as costas, ignorando o apelo da menina, e Odalia a empurra para fora fazendo a menina cair no chão do lado de fora.
— Não… não!! Por favor não faz isso…— Amity pede entre gritos de desespero e soluços, após algum tempo batendo na porta, e gritando, ela desiste.
Amity se levanta da frente da sua casa vendo que ficou apenas com a roupa do corpo, e sua mochila escolar. "Eu pensei que meu pai seria a única pessoa que me defenderia… Eu esperei tanto dele." Amity pensava caminhando e se arrepiando com seus pensamentos, fazendo lágrimas começarem a rolar novamente.
Depois de algumas horas começando a escurecer, Amity ficava com medo de caras a encarando na rua, e se sentou próxima a entrada de um mercado, era iluminado e movimentado, mais difícil de algo ruim acontecer lá.
A Blight sentou de joelhos com suas pernas juntas de cabeça baixa abraçando sua mochila escolar. Após alguns minutos o movimento foi diminuído, mas ainda havia luz, a garota estava assustada e desesperada.
"Eu devia ter ficado quieta… onde tava com a cabeça?" Começava a chorar e soluçar novamente, e de repente sente pingos de chuva cair em cima de si, fazendo a garota olhar para cima "é sério? Sempre tem como piorar!" Amity pensa frustrada e triste, se sentindo azarada.
Uma mulher que saia do mercado observa Amity na chuva, e se aproxima da garota, pondo o guarda-chuva que levava consigo em cima dela.
— Está tudo bem? Por que está na rua essa hora? E por que está na chuva?— a mulher perguntava preocupada, com uma voz doce.— Fui expulsa de casa… Por ser lésbica.— Amity fala com um tom de raiva e frustração e encara o rosto da mulher — Não tenho pra onde ir… Não devia ter falado.—
A mulher então coça o cabelo e pigarra com a garganta. — Bem… Quer vir comigo até minha casa? Sei que sou só uma estranha, mas é perigoso uma garota sozinha na rua desse jeito. — A mulher falava com uma voz gentil, e estendia uma mão para a Blight.
Amity olhava com um pouco de receio, mas agarra a mão da moça e se apoia nela para se levantar. — O-obrigada — dizia Amity gaguejando, se sentia aquecida com o sorriso da moça, e bem sem graça.
A mulher a puxa para mais perto para que assim o guarda-chuva dê pras duas e caminha até a sua casa com a Amity. Depois de chegar na casa da mulher, Amity observa bem o local, era bem pequeno, e tinha alguns copos de cupnooddles e roupas jogadas pelo chão.
— Não repare a bagunça!— fala a mulher indo em direção a seu quarto. Amity se senta no sofá por querer um lugar confortável depois de muito tempo sentada no chão, mas acaba por se lembrar que está molhada e levanta depressa.
— Droooga eu molhei— fala a garota com uma voz manhosa e frustrada "não consigo fazer nada direito." A mulher volta do quarto entregando pra Amity uma muda de roupas e uma toalha.
— Relaxa, pode ir tomar banho, eu enxugo isso e pego algo pra você comer tá bem?— Fala novamente sorrindo, Amity conseguiu reparar que a mulher tem uma cicatriz um pouco grande na testa.
— Meu nome é Amity Blight, qual o seu?— Amity pergunta procurando onde é o banheiro e a mulher grita da cozinha — Lúcia, Lúcia Noceda.— Amity então dá um curto sorriso de lado entrando no banheiro.
"Ela tem um nome latino, que bonito" Amity cheira a muda de roupas, e avalia as mesmas, não era algo que ela usaria normalmente, uma camisa grande e larga preta, um short azul curtinho, e uma calcinha preta. Ela realmente ia usar a calcinha de outra garota?
"Pensei que só usaria as roupas de uma garota depois da minha primeira vez, isso é tão íntimo" pensa, e começa a corar envergonhada com seus pensamentos. Amity tira sua roupa e se põe debaixo do chuveiro, a água estava quente, ela finalmente estava aquecida.
Depois do banho Amity se enxuga e olha novamente pra calcinha preta, se questionando se deveria vestir só o short. "Mas pode marcar se eu não botar a calcinha, seria ainda pior!" Após finalmente se vestir depois de tanta vergonha e enrolação, Amity sai na cozinha.
— Olha a senhorita Amity terminou o banho, venha cá fiz um jantar ótimo pra gente— Fala ela apontando pra mesa com dois Cupnooddles já prontos, dois copos vazios e uma coca na mesa.
Amity ri do ótimo jantar e se senta à mesa a frente de Lúcia — Obrigada pela comida!— diz dando uma risadinha e pegando um garfo a mesa pra começar a comer, o gosto parecia melhor do que ela se lembrava, provavelmente pelas horas que estava com fome, realmente agora parece um ótimo jantar.
Lucia ri vendo a garota comer empolgada e começa a comer também — Bonapeti — Fala a Noceda com a boca cheia.
Amity sentia seu coração um pouco menos pesado que a tarde desse dia, mas seu rosto ainda doía, seu peito também. Era apertado, mas dava pra respirar.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Mares Agitados
FanfictionApós se assumir lésbica pros seus pais com 17 anos de idade, Amity Blight é expulsa de casa, desabrigada e sem local pra ir na chuva, apenas sentada em frente ao mercado temendo o que poderia vir a acontecer, é resgatada por uma mulher mais velha...