Palavras não ouvidas

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Agora que suas prioridades foram definidas, Lúcia Noceda estava feliz, suas costas não estavam mais pesadas, nem seu coração apertado, ela conseguiu falar pelo menos o essencial para que a Blight continuasse consigo, e não ia deixar que nada pusesse a relação das duas em segundo plano, ou que fizesse parecer que algo estava acima disso novamente.

— Vamos voltar? Tô morrendo de sede — Fala Lúcia dando uma risadinha ainda abraçada com a sua garota — Claro Luci, vamos indo — Responde a mais nova ficando na ponta do pé pra dar um beijo na testa da sua companheira.

As garotas se olharam por uns instantes, em meio a risadas envergonhadas e corações acelerados, as garotas conseguem ouvir o som do trem partindo, fazendo a Noceda suspirar aliviada, sem a possibilidade de Amity mudar de idéia agora.

As duas se dão as mãos e saem de dentro da estação com a latina ainda tentando recuperar o fôlego, o sedentarismo é uma coisa horrível, principalmente quando se passa da adolescência. A Blight então põe as mãos no rosto surpresa ao ver a moto em que a latina veio, era uma moto grande, vermelha, com alguns desenhos de asas próximo ao motor. 

— Nossa Lúcia, essa moto é linda — Fala a Blight com seus olhos brilhando e um sorriso empolgado em seu rosto — É do Hunter — Fala a Noceda dando um sorriso de lado com a reação de sua pequena.

— A gente pode dar uma volta nela antes de voltar para casa? — Pergunta a Blight dando uns pulinhos e agarrando um dos braços da mais velha que a olha negando com a cabeça e dando umas risadas baixas.

— Tá certo, eu te levo, de toda forma íamos ter que passar na casa do Hunter antes de ir pra casa do Sr Wittebane — Diz Lúcia sentindo um aperto no peito, e desfazendo seu sorriso ao lembrar da briga que teve com o loiro.

Amity nota o semblante entristecido da mais velha e leva suas mãos até o rosto dela, a fazendo olhar para si, com as bochechas coradas. — O que aconteceu? — Pergunta Amity com um sorriso fraco de lado. 

A Noceda leva as mãos pras mãos da garota de cabelos lilás em seu rosto acariciando as mesmas — É que… Nós brigamos, eu não sei como agir normalmente com ele agora — A Noceda suspira pesadamente.

— Vocês são amigos há anos, não é? Vai ficar tudo bem, se consegue sobreviver ao tempo e a distância consegue sobreviver a isso — Diz Amity confortando sua namorada que sorri fraco de canto e acena positivamente com a cabeça.

— Tem razão, Rosinha, obrigada — Diz a mais velha agradecendo e elas voltam a andar até a moto — Ou, por que você me chama de Rosinha? Nunca entendi isso — Pergunta Amity após a Noceda subir na moto, fazendo a mais velha a encarar.

— Bem, por causa do seu cabelo — responde Lúcia sorrindo — Mas ele é lilás, você é daltônica? — pergunta Amity zombando de sua companheira que faz beicinho com o sarcasmo da mais nova, que a encarava com os braços cruzados.

" E se eu fosse daltônica? As cores são a mesma coisa! Ah, na verdade eu já tenho a resposta perfeita ", pensa Lúcia, estreitando os olhos e sorrindo confiante de lado — Mas e aí no meio das suas pernas, não é rosinha? — Amity cora bruscamente com a pergunta da mais velha e começa a bater no braço dela surtando envergonhada.

— Idiota, idiota, tarada idiota! — Lúcia sorria com a língua entre dentes vitoriosa com a vergonha da Blight que acaba socando com força demais e acertando os peitos da mais velha — Aí! Porra Amity desculpa — Diz Lúcia se contorcendo de dor em cima da moto.

Amity então arregala os olhos, e acaricia o local do soco fazendo Lúcia se afastar um pouco envergonhada pelo toque repentino naquela área, a latina então cora levemente e Amity tenta se aproximar novamente pra fazer carinho na intenção de diminuir a dor, não notando nada de estranho no momento.

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