Casas e picolés

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O que as pessoas esperam quando vão se mudar? Certamente algo mais aconchegante que seu antigo lar, confortável, limpo, e em uma boa vizinhança. Se mudar de uma kitnet pra um apartamento no centro talvez fosse um grande passo para iniciar a nova fase na vida do casal.

— E temos também um quarto com suíte além do outro quarto. — O corretor disse enquanto guiava o passeio delas pelo apartamento. — Vocês têm filhos? Se for mais de um talvez seja necessário um apartamento maior.

Amity sentiu seu rosto esquentar com a pergunta, e negou com a cabeça repetidas vezes, assim como com suas mãos.

— Não, não, não, ainda estamos pensando. — Ela disse qualquer coisa que veio a sua boca pra poder relaxar a si mesmo, e o corretor acenou com a cabeça, continuando a andar.

Lucia estava olhando pra cima durante toda a guia do apartamento, ela estava ouvindo sons vindos do andar de cima, a deixando com um grande beiço emburrado em seus lábios.

— Nada disso aconteceria se eu fosse picada por uma aranha. — A mais velha tinha várias visões de como seria se ela tivesse poderes como os dos homens aranhas, assim podendo subir no teto e fazer o procedimento inverso.

— Tá tudo bem, Lucy? — Amity perguntou acenando a mão na frente da Noceda, tentando chamar sua atenção com um sorriso bobo no rosto. — Os barulhos estão te incomodando?

— ESTÃO! quem corre dentro de casa? Já faz 7 minutos e ainda não parou. — Ela começou a puxar seus próprios cabelos de fora da touca pra baixo, sentindo sua cabeça pulsar com os estrondos, e seu corpo inteiro arrepiado num grande sinal de alerta.

Os problemas de humor da latina preocupavam muito a Blight, afinal ela não sabia o quão intensos e extensos poderiam ser. Ela tentou dar uns tapinhas consoladoras nas costas de sua noiva, fazendo Lúcia suspirar e abraçar a si mesmo.

— Senhoritas? Está tudo bem? — O corretor perguntou do quarto principal, e Amity deu um beijo suave no rosto de Lúcia, deixando ela ter seu tempo pra absorver os sons, mas não querendo dificultar o trabalho do homem.

Lúcia começou a esfregar seu rosto com os barulhos se tornando ainda mais fortes, apertando a própria cabeça e sentindo dificuldade em respirar fundo e manter lá dentro. Ela sentia que precisava fazer algo, algo que ela teria que fazer sem ser um tipo de mulher aranha.

Depois da apresentação do apartamento inteiro, o corretor pareceu ter notado que aquele não era o tipo de casa ideal, pelo menos era o que a reação da mais nova, e o sumiço da mais velha diziam.

— Se esse apartamento não lhes interessa eu também poderia mostrar-lhes outros. — O homem disse simpático, e Amity acenou positivamente com a cabeça enquanto procurava onde Lúcia tinha se metido. — Seria perfeito, minha… Bem, ela é bem sensível auditivamente.

Ela disse rindo um pouco desesperada por não fazer ideia de onde Lúcia havia se metido, até o teto vibrar novamente com a corrida no andar de cima. — Eu já volto!

A garota mais nova saiu correndo pra fora do apartamento, vendo o elevador descer pro andar de baixo, mas algo ainda assim dizia que Lúcia não havia descido. Ela suspirou e começou a subir as escadas em vez de esperar o elevador retornar, sentindo dores em suas pernas quando finalmente chegou no andar superior.

Ela olhou pelo corredor, e foi até sua noiva mais velha que estava esmurrando a porta. — Abre isso, quero ver tu continuar correndo do estado que vou deixar sua perna, PERRO! — Amity engoliu seco e correu até Lúcia, começando a puxar ela pela cintura com força, mesmo ela continuando a tentar escapar.

— Lúcia, Lúcia! Calma, por favor, respira, se acalma. — Amity sabia que nesse tipo de situação com pessoas com transtorno de humor haviam palavras, barulhos, e toques chaves, mas não sabia qual exatamente seria o de Lúcia. — Por favor, vamos embora…

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⏰ Última atualização: May 13, 2024 ⏰

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