Para Platão e Aristóteles, o coração é a sede das emoções e coragem significa a ação do coração. O coração é a força para enfrentar os perigos do mundo. Mas ao mesmo tempo, esta força precisa ser regulada. E para estes filósofos, esta regulação é feita pela Razão. O excesso de força do coração se torna ira, cólera, emoção demais. A falta de força no coração se torna medo, pusilanimidade, emoção de menos.
Acho que eu tenho essa emoção de menos, essa pusilanimidade, essa falta de força. Penso que muitas vezes, me falta coragem, posso ser bem áspera ao falar de meu pai, mas ele sempre me disse...
Minha filha, tenha coragem, e seja gentil. Sempre.
Não sei se tenho seguido isso, e principalmente em relação a ele. Perdi a coragem depois do que aconteceu com mamãe, e não sei se um dia hei de recuperá-la não consigo mais agir com meu coração. Não tenho mais coragem de correr atrás de meus sonhos, de realizá-los, não tenho mais coragem de ir contra o meu pai ou de enfrenta-lo como tinha quando mamãe estava viva, sei que se decepcionaria com o que eu me tornei. Antes eu almejava ser uma boa rainha como mamãe era e agora estou apavorada, e detestando totalmente a ideia de me tornar rainha, antes eu queria mostrar à meu pai e o resto de nossa sociedade machista que eu era sim, capaz de gerir um reino inteiro sozinha, que eu era capaz de tomar decisões definitivas, eu sonhava em ser uma mulher, uma rainha, não só pelo título mas uma verdadeira rainha...
Ao me sentar, reparo, meu pai na ponta da mesa, como sempre, Jimin ao seu lado esquerdo, meu lugar em frente ao de meu irmão, Doyun ao meu lado direito, e o senhor Niragi ao lado esquerdo de Jimin. Observo a comida que não parecia asiática, e sim europeia.
- É aquela massa italiana? - pergunto já enrolando em meu hashi - spagi... ipisa...
- Espaguete minha filha. - diz rindo de canto, e eu sinto meu coração aquecer com aquele gesto quase imperceptível -
- Como uma princesa pode não saber como é um simples espaguete? - meu irmão pergunta revirando os olhos e começando a comer -
- Não enche Jimin, eu esqueci, comi isso apenas uma vez. - respondo também revirando os olhos -
- Vejo que está vestida como uma princesa hoje Bora-shi - Sr. Niragi comenta para minha infelicidade -
- Olha que bom. Sinal que o senhor enxerga! - digo e sorrio falsamente, vendo Doyun quase engasgando com o epasguete ao segurar a risada e meu pai pigarrear em negação -
Voltamos a comer, e logo terminamos. Agora estamos a espera de que tragam a sobremesa, e eu confesso que estava ansiosa, porque esse almoço estava sendo tão inusitado hoje? Talvez fosse uma data importante e eu me esqueci?
- Bem, Bora. - começa e eu o olho - eu e o senhor Niragi estávamos conversando - daí eu já sabia que estava ferrada - E eu decidi que não há porque esperar, vamos marcar um baile na próxima semana para que você e Seokjin fiquem noivos. - diz rapidamente e eu já sinto o tal de ispaiguerte voltar -
- C-como assim? Eu... Não estou preparada ainda pai. - aviso tentando me manter calma - Por que ir tão rápido?
- Minha filha, não sabe o quanto qualquer mulher mataria para casar-se com ele? Já tem princesas e mais princesas querendo e tentando, não podemos perder tempo! - ele explica e parecia estar certo daquilo -
Como ele podia não perceber que estava me humilhando como mulher? Estava me usando como uma moeda de troca, um mísero acordo e fazia questão de me lembrar a todo tempo que eu não tinha escolha, sempre me deixando mais e mais encurralada, não suporto mais a ideia de ser um instrumento nas mãos de meu pai.
- Então, eu preciso parecer uma desesperada? Já não basta me fazer casar com alguém que eu não amo? Não é o suficiente para você? - pergunto não conseguindo conter as lágrimas percebo Jimin apertando os punhos -
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Borahae
Fiksi PenggemarAntes da Coréia ser Coréia, quando eram apenas penínsulas e reinos distintos com leis e formas de governo diferentes, essa história retrata a vida de uma jovem princesa do reino de Baekje, que por injustiça e o espírito superprotetor de seu amado pa...