💜 Convivência💜

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De acordo com David Hume, o que floresce em nossa mente e acrescenta conteúdo à mesma, é chamado de percepção. Percepções para Hume, são sensações que podem "imitar" os sentimentos, mas nunca poderão atingir a intensidade e vivacidade de um sentimento legítimo. Essas percepções se dividem em impressões e ideias, as impressões são como percepções com maior influência e força. E as ideias são como resquícios de memórias que derivam das impressões.

O primeiro aspecto que chama atenção em alguém que vemos pela primeira vez, é a imagem pessoal. Que além de personalidade, incluí linguagem corporal, bem como vestimenta, aparência do rosto, sorriso, higiene ou até mesmo o corte de cabelo desse alguém. Todos esses fatores, influenciam na primeira impressão que alguém quer passar para as pessoas ao seu redor... Enfim, minha primeira impressão de Vincent, por incrível que pareça, foi de uma pessoa do bem, visto que nos conhecemos em circunstâncias não muito favoráveis para mim, e ele me ajudou sem ao menos me conhecer, sei que isso foi somente um senso de justiça, e que talvez para ele qualquer um faria o mesmo, mas para mim foi um gesto bem mais que admirável.

Naquele dia ele estava com uma postura destemida, e justiceira, seu corpo estava agindo com proteção, o que me deixou uma ótima primeira impressão, até o momento em que me percebi sendo sequestrada pelo mesmo, sendo assim, vejo que a primeira impressão nem sempre é a "que fica". Obviamente que, sempre serei grata pelo que ele me fez, sempre reconhecerei que Vincent me salvou e que isso foi muito nobre de sua parte, mas também não esquecerei das palavras que ele deferiu a mim, posso perdoa-las mas não vou esquece-las, assim como o que ele fez com Doyun, sem algum motivo aparente, não consigo entender o porquê de ele parecer amigável e tão abominoso ao mesmo tempo, para mim sua imagem estava distorcida, não sabia mais o que pensar ou esperar dele.

...

Já se passaram duas semanas depois do dia inusitado em que Vincent me pedirá perdão. Ainda estava estranhando essa atitude repentina, o que havia feito ele se preocupar e vir ao meu quarto? Ele passou todos os dias se certificando de que eu estava tomando os remédios na hora certa e "fazendo" as refeições corretamente já que eu não comia muito. Às tardes eu pedia para ficar um pouco sozinha e ele aceitava relutante, não conversamos muito, eu apenas respondia quando ele falava algo. Penso que agora eles estejam achando que tem que pisar em ovos em relação ao que aconteceu, mas eu estou acostumada a fingir que está tudo bem mesmo depois de uma crise tão intensa como essa.

Estava quase na hora do almoço, e Vincent sempre vinha esse horário para vir me trazer a minha refeição por que eu não queria descer para comer com os outros, ainda estava com vergonha de como me viram aquele dia, isso ainda me constrangia. Então Dome me trazia o café da manhã, Vincent trazia o almoço e jantar, por que na parte da manhã ele estava sempre ocupado fazendo sei lá o que, Marcel me trazia meus comprimidos nos horários certos, Amélie sempre me ajudava com o quarto e me acompanhava quando eu decidia ler, não estávamos fazendo exercícios por conta do meu desânimo e Doyun vinha me visitar algumas vezes na parte da tarde para conversarmos somente. Ele me contava sobre suas conversas apaixonantes com meu irmão, suas juras de amor e suas discussões também, confesso que ficava sempre boba e muito feliz pelo meu irmão ter alguém tão bom que o ame de verdade.

Meus sentimentos quanto ao fato de ter sido sequestrada, estavam mais estáveis, não estava mais tão preocupada com eles me fazerem algum mal, Vincent tentou de qualquer forma me deixar claro que não me fariam mal, e que não queriam se beneficiar ao me sequestrar, mas que era em prol de um bem maior, este que eu ainda desconheço, pois ele disse que não era a hora para me contar.

Neste momento estou deitada lendo um dos livros da prateleira na copa, quando escuto alguém bater na porta penso ser Vincent e murmuro um "pode entrar".

BorahaeOnde histórias criam vida. Descubra agora