NOTHING NEW | Warren Rhodes

𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐔𝐌

Após 20 anos desde o fim da renomada banda Daisy Jones & The Six, os integrantes decidiram realizar entrevistas contando a história do início ao abrupto fim da banda ocorrido em 4 de outubro de 1977.

A ascensão dos Six

Billy Dunne (vocalista, The Six): Tudo começou há bastante tempo. Eu tinha sete anos quando meu pai caiu fora, Graham tinha cinco e Gwen tinha quatro. Acho que eles nem se lembram de como era quando tínhamos um pai. A única coisa que ele deixou em casa foi uma guitarra Silvertone, eu e meus irmãos brigávamos o dia todo pra ver quem iria tocar. Aprendemos tudo sozinhos, não tinha quem nos ensinar.

Gwen Dunne (baixista, The Six): Não tenho lembranças de uma infância ao lado de um pai. Na verdade, por muitos anos, eu nem sequer conhecia sua aparência. Eu sempre me perguntava se tinha algo a ver com ele e cruzava os dedos para que não. Não queria me parecer nem um pouco com alguém tão covarde como ele.

Graham Dunne (guitarrista solo, The Six): A história da banda começou quando ganhei uma guitarra, Billy já tinha a antiga Silvertone de nosso pai. Sempre quis aquela guitarra, mas dava pra ver que aquilo era muito mais importante para Billy.

Gwen Dunne (baixista, The Six): Acho que eu tinha 14 anos quando Graham ganhou aquela guitarra, até hoje não sei como minha mãe conseguiu economizar tanta grana só pra agradar os filhos.

Na véspera de Natal em 1964, Marlene Dunne fez uma grande surpresa para seus filhos ao economizar um dinheirinho e comprar uma guitarra Stratocaster usada para Graham, um toca-discos antigo para Gwen e um afinador de guitarras para Billy. O entusiasmo foi tanto que, no mesmo dia, já tiveram a grande ideia de começar a compor músicas e criar uma banda.

Graham Dunne: Billy curtia muito compor e escrever letras. Acho que o grande sonho dos irmãos Dunne era ser como os Beatles. E a Gwen também, mas, naquela época, a gente não dava tanta credibilidade para o que ela falava.

Billy Dunne: Ter uma irmã mais nova na adolescência é muito difícil, eu tinha 17 anos e só queria compor em paz. Ela me fazia a mesma pergunta todos os dias: "Quando eu vou poder entrar pra banda?"

Gwen Dunne: "Quando você aprender a tocar ou cantar direito" era o que Billy me respondia todos os dias. Então, minha missão aos 14 anos era achar um emprego para juntar dinheiro e comprar uma guitarra novinha só pra mim. Virei babá de uma menininha. No início foi bem difícil porque eu sempre fui a mais nova da família, não tinha experiência alguma com crianças, mas, ao longo dos meses eu me dei muito bem como babá, e, além do mais, eu recebia uma boa grana.

Aos 15 anos, Gwendolyn Dunne foi à loja de instrumentos e encontrou a guitarra perfeita, mas, chegando ao caixa para comprá-la, avistou a promoção de um baixo e resolveu economizar seu dinheiro de meses trabalhados e arriscar a nova ideia de se tornar uma baixista. Ao longo do ano, ela parou de perguntar aos seus irmãos sobre a banda, e, aprendeu a tocar e ajustar o instrumento. Queria ser a melhor baixista que Billy ouviria em toda a sua vida.

Todo esse processo foi demorado, apenas para, Chuck Williams ser chamado para fazer parte da banda como baixista, em 1967, antes mesmo de Gwen ter a oportunidade de se apresentar. Eddie Loving e Warren Rhodes seriam os novos guitarrista e baterista, respectivamente.

Gwen Dunne: No início, eu geralmente ficava escondida escutando eles ensaiarem na garagem e fazendo anotações de como eu poderia superar a habilidade deles. Pra falar a verdade, eu odiava todos por terem entrado na banda antes de mim. Mas acho que sempre soube disfarçar isso muito bem.

Eddie Loving (guitarrista base, The Six): Uma vez tentei puxar papo com a Gwen nos corredores do colégio enquanto ela conversava com Graham. Ela simplesmente me lançou um olhar mortal, virou as costas e foi embora. Eu achava aquela garota uma tremenda ignorante - igual ao Billy, deve estar nos genes -, odiava ela.