chapter VII

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as coisas estavam mais calmas desde a última vez que eu vi Bright; meu pai não entrava em contato comigo a dias, e eu voltei a falar com Janine, mas claramente não é como antes.

Estávamos planejando uma festa de halloween, eu estava ajudando em todos os detalhes junto a Janine, a galera do teatro também se juntou a nós para tratar da festa, eu estava animada, Janine não.

- Com as abóboras na porta e um ghostface de papelão, a decoração vai ficar melhor, não acha ? - perguntei. A garota deu de ombros, não estava interessada. Me senti envergonhada, peguei minhas coisas e fui para perto do palco.

- Relaxa, ela só precisa de um tempo. - Kim disse, sentando ao meu lado.

- Não é justo - suspirei. - Ele termina com ela e eu pago o pato. que hilário.

- Pense no lugar dela, o namorado dela acabou de terminar um relacionamento de quase dois anos porque assumiu gostar de você, que nessa posição é melhor amiga dela. Como você acha que se sentiria em seu lugar ? - Ele perguntou, e eu abaixei a cabeça. ele está certo, Janine está chateada, e com razão, e eu me sinto um pouco culpada, afinal, eu sempre gostei de Chang, mas agora não me parece certo ter qualquer tipo de laço com ele.

Respeitei fundo, minha chateação era visível, Kim passou seu braço pelos meus ombros e me encarou com um sorriso.

- Ei, deixa isso de lado princesa. Temos vinte minutos até o horário bater, que dar um volta? - Olhei o rapaz.

- Vou dar um volta, mas prefiro ir sozinha. Tenho alguns livros pra entregar na biblioteca, posso fazer isso no caminho, tudo bem pra você ?- disse e ele assentiu com a cabeça.

- Claro gatinha, não fica pensando nisso, vai ser pior pra você. - beijou minha testa e saiu; Kim é minha amizade mais aleatória, eu não faço ideia de como nós nos aproximamos, nós simplesmente somos isso e não sabemos como.

Peguei minha mochila e saí da sala de teatro em direção a biblioteca. Tenho pensado em muitas coisas, como Dew, meu pai, Bright, Janine e Chang, o passado, enfim. Fiz o que tinha de fazer e me apressei para sair da escola assim que ouvi o sinal bater, desci as escadas e dei de cara com meu pai; Ele usava um suéter azul marinho, uma calça preta e eu não reparei muito em seu calçado, ele tinha um sorriso grande no rosto, evidentemente queria conversar algo.

- Pai? você por aqui? - parei em sua frente.

- Como eu havia dito, não vou desistir tão fácil de vocês dois. Pensei que eu pudesse almoçar com você ou algo assim, mas é só se você quiser, claro.

Como eu poderia dizer não? Ele me olhava com tanta esperança e arrependimento que meu mole coração não pôde resistir.

- Claro, mas eu preciso avisar a minha mãe antes, tudo bem? - Eu disse e ele assentiu. Me afastei um pouco, mandei uma mensagem e segui com ele.

Andamos por algumas duas até chegarmos num restaurante e churrascaria.

- Amo esse lugar! - ele disse, entrando.

- eu já trabalhei aqui, como garçonete, muitos fotografos vem porque geralmente casais brigam e isso é bom pra blogs de fofoca. - respondi.

Ele parou e me encarou.

- Disse que já trabalhou aqui? - Ele perguntou, incrédulo, e eu assenti. Talvez ele tenha ficado assustado com o fato de eu não ter dezoito anos ainda mas já ter trabalhado.
ele nem imagina, coitado.

nos sentamos numa mesa perto à janela, ele pegou o cardápio e me disse para escolher, mas eu não fazia ideia do que pedir, então eu só falei qualquer nome aleatório do cardápio.

- Kimchi? - perguntou, e ele soltou uma risadinha nasal.

- Você pode comer Kimchi todo dia, aka, peça algo diferente..

- Aka ? - questionei, e ele desviou o olhar.

- eu costumava chamá-la assim, me desculpe. - ele disse e suspiro. O clima ficou completamente constrangedor, eu não queria deixá-lo daquela forma, mas também não me lembrava deste apelido, e não sei se quero que ele me chame assim novamente.
não por enquanto.

- Tudo bem. Faz o pedido, o que você comer eu como! - falei, na tentativa de mudar o quadro.

Ele fez o pedido e passou a me olhar; eu não me lembrava dele desta forma, na realidade eu não conseguia me lembrar muito dele, afinal, ele foi embora a tanto tempo que mal posso contar.

- O que você gosta de fazer? - ele perguntou e eu me encostei na parte de trás da cadeira.

- Hmm, eu gosto de desenhar.. aprendi com Dew, ele sempre me incentivou a fazer o que eu gosto e ele também sabe desenhar super bem. Na verdade tudo que o Dew faz sai perfeito, eu não entendo como ele consegue! - Eu disse, com uma certa empolgação na voz; a verdade é que meu irmão mais velho sempre foi minha figura paterna, tudo que ele faz sempre será perfeito para mim, porque ele é o meu herói.
você sempre será meu herói, Dew.

- Dew sempre foi muito inteligente, mente aberta, ele era bom para aprender as coisas.. ele faz faculdade? - perguntou.

- Faz. Ele faz Engenharia. - sorri.

- Ele sempre foi da matemática, fico muito feliz em saber que ele está traçando um bom futuro. - ele disse, e, seus olhos se encheram de lágrimas; É doloroso vê-lo assim, quer dizer, eu não tenho intimidade com meu pai, não sei das coisas que ele fez, não consigo me lembrar de algo que me faça odia-lo.

- pai..

- Tudo bem - ele disse, tentando disfarçar. - Tudo bem. Seu pai é um idiota, chora por coisas bestas. - disse, rindo, e eu sorri.

- Olha, dizem que homens emotivos são os mais românticos! - tentei amenizar.

Meu pai não é um monstro de sete cabeças, pelo ao menos não mais, talvez as pessoas realmente mudem com o tempo, talvez elas realmente aprendem com a vida.
Ficamos ali, papeando sobre algumas coisas até nossos pratos chegarem. O cheiro era absurdamente maravilhoso, cada ingrediente era bem colocado, várias cores e cheiros se misturavam no prato, eu não fazia ideia do que era aquilo, mas, assim que provei eu derreti por completo.

- O que é esse pedaço dos céus!? - perguntei, ainda de boca cheia.

- Gostou? eu tenho bom gosto pra comida! - ele sorriu.

- Hmm, a mãe me disse que você era cozinheiro chef num restaurante de Seul antes do Dew nascer. - terminei de mastigar, pegando um copo d'água e ele assentiu com a cabeça.

- Todos me aclamavam, eu era o fenômeno, sinto falta de cozinhar por Seul e ver a gratidão estampada no rosto dos clientes. - Ele olhava para a comida como alguém que quer voltar no tempo e concertar tudo. sinto muito por ele.

- Onde ficou durante todo esse tempo?

- Em Boston, cidade onde nasci. - respondeu e eu voltei a comer.

Não conversamos muito durante a refeição. Quando acabamos, ele me ofereceu sobremesa, mas eu recusei.

- na verdade eu tenho que ir pra casa, tenho que ajudar minha mãe a fazer os pãezinhos para vender na banquinha hoje. - me levantei e ele assentiu, logo se levantou mas rapidamente se segurou na barra de ferro ao lado da mesa, com uma expressão estranha, estava me assustando.

- David? - eu o chamei, mas não tive resposta. Ele desmaiou sobre o chão antes que eu pudesse sequer ajudá-lo. Gritei por médicos e alguns  funcionários do restaurante vieram até mim, o balconista ligou para a ambulância e um homem veio correndo alegando ser médico, mas nessa altura do campeonato tudo ao meu redor estava mudo e somente um fino zumbido podia ser escutado.

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⏰ Última atualização: Mar 24, 2023 ⏰

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