Capítulo Quatro: Am I Asking 2 Much?

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Torna-se difícil explicar o que está sentindo quando milhares de emoções tomam conta de seu corpo. Chaeyoung sabia qual havia sido o estimulo para que todas surgissem de maneira tão sorrateira sem que percebesse até estar completamente tomada pelas mesmas, mas não entendia como, com apenas uma ligação, se deixara abalar tanto. Raiva. Decepção. Frustração. Tristeza. Sua lista ficaria gigante se listasse todas. Por conta dos hormônios liberados pelo cérebro diante da situação, sabia que o corpo responderia com ações, mas não havia percebido seu estado até o momento em que a garota do parque falou consigo. As lágrimas desciam sem controle e as mãos tremiam pela vontade de descontar sua raiva em algo. Só havia uma explicação para tamanho acontecimento: cansaço mental.

Foi ao estacionar o carro na garagem da grande casa e entrar pela porta principal da sala, que se deu conta do que ainda teria que enfrentar. Ali, observou sua mãe, sentada no sofá e encarando a televisão que transmitia o jornal da manhã. Era incômoda a forma como a mulher fazia isso todos os dias, numa rotina imaginária para que pudesse fingir ser produtiva e se gabar por saber todas as informações discursadas pela mídia. Mas a garota sabia o real motivo dessa repetição: estava aguardando que chegasse para ter certeza que ainda não desistiu de ser médica ou fugiu de casa.

— Você viu? — A mulher exclamou ao se dar conta do corpo presente no ambiente — Houve outro acidente de trânsito no centro da cidade hoje.

— Sempre tem algum. Você deveria parar de ver tanta tragédia. — Disse simplista. Não queria começar uma discussão sobre vidas de outras pessoas, sobre quem morre e de quem é a culpa.

— O rapaz estava alcoolizado. É mesmo um irresponsável. — Chaeyoung apenas murmurou em resposta, enquanto se apressava para ir ao seu quarto — Como foi seu dia de trabalho, filha? — A mais velha soltou, fazendo com que a garota retornasse ao ponto de partida.

— Foi normal.

— Normal? Só isso?

— Eu não sei? Deveria ter sido algo a mais?

— Não sei, Chaeyoung! —Reclamou num pequeno ato de estresse pela resposta da filha — Você nunca conta nada do que acontece naquele lugar. Todos os médicos vivem se gabando de ter atendido casos interessantes, preocupantes, bizarros, mas você fica nessa coisa de sigilo até com sua família.

— Não acho que eu deva expor uma história de vida para ser julgada por outras pessoas, sem ao menos conhecê-la o suficiente para espalha-la — Respondeu, enquanto brincava com os próprios dedos, sentindo-se agredida pelas palavras.

— Certo, desculpe. — Chaeyoung apenas sorriu nervosamente, e pensou em correr para o banho para que pudesse desaparecer dali, pois sabia qual seria a próxima pergunta. Enquanto sua mãe, despreocupada, dirigia-se a cozinha para preparar um café — Onde você estava? O seu turno não era o noturno e você parece nervosa. Já são quase dez horas da manhã, era para ter chegado aqui por volta de meia-noite.

— Aconteceu um imprevisto no hospital e precisei cobrir o doutor que faltou. Uma paciente chegou meia-noite, que foi quando eu decidi que iria vir embora. Mas não consegui não atendê-la, eu fiquei com dó. Ela estava bêbada e a...

— Esse povo não tem mais o que fazer? — A mulher exclamou brava, enquanto bebia um gole do café recém-colocado na xícara.

— Perdão? — Realmente não havia entendido. Ou se entendeu, preferia não.

— Hoje é quarta-feira. Beber numa terça, sem cabimento algum e ainda ir parar no hospital dando trabalho para pessoas de bem que fazem algo útil? Faça-me mil favores.

— Não, mãe. Primeiramente, não foi incômodo algum atendê-la, foi a melhor paciente do dia, inclusive. — A mulher revirou os olhos. Chaeyoung não percebeu. — Era aniversário dela e a amiga estava junto — Sorriu ao lembrar-se da cena — Foi super engraçado. E eu terminei rápido, por volta das duas da manhã. Ela vomitou e eu me ofereci para limpar no lugar da faxineira do hospital e foi por...

You're My Cure - ChaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora