[ . . . ]Faz tempo que a feiticeira estava no subterrâneo, ela lançava feitiços em minha direção que sempre falharam. Ainda não podia ver seu rosto, mas da maneira que se movimentava era possível notar um cansaço visível nela.
-Que merda!! -Ela jogou um tubo de ensaio no chão que se partiu, em seguida duas pessoas passaram pela porta.Em primeiro vinha o mesmo homem que me visitou no primeiro dia, ele estava com o sorriso de arrepiar a espinha, em seguida Ian com uma expressão diferente do homem que estava na sua frente, parecia preocupado.
-Como está o projeto, serva? -A mulher curvou-se em silêncio. -És realmente uma incompetente, lhe pedi UMA COISA, e nem isso consegue fazer. -Ele a pegou pelo braço e a levantou.
A manta que cobria seu braço desceu e pude ver marcas, parecia cicatrizes feitas recentemente como queimadura de fogo. Olhei para o Ian que parecia atento a cada ação do homem, por um segundo achei que o homem iria agredir a mulher.
-Rei, meu rei... por favor.
-Nem mais uma palavra, tirem ela daqui e a tranquem em algum lugar. -Ele soltou a moça e esse ato a fez cair no chão, ela parecia estar bem fraca e pude ouvir choros vindo dela.
-Tenha piedade dessa mulher, lhe suplico.
Os ogros pararam, Ian, o rei e a senhora me olharam, mas somente o rei veio em minha direção com os olhos arregalados. -Você... que voz incrível. Parece que não és tão inútil assim, serva.
-E-Eu consegui?! -Mesmo com a voz baixa, ela parecia feliz com a conquista.
-Ela realmente conseguiu uma magia para nos comunicarmos, pode falar novamente? -Ambos acreditavam que a feiticeira tinha me feito falar. Olhei para o Ian, meio perdida, ele me incentivou com pequenos gestos.
-Ah sim... estava tentando me comunicar, entretanto minhas cordas vocais se recusaram em soar qualquer palavra. -O rei estava sorridente, estava em silêncio ansiando para que continuasse a falar. -Por favor, não a machuque, ela estava se esforçando bastante.
Ele fez um sinal com as mãos, ordenando que os ogros a tirassem do cômodo mesmo assim. -Não se preocupe com a serva, estou intrigado com outra coisa neste momento... -Ele cruzou os braços e levou a ponta do polegar à boca, rondava a jaula me olhando, era difícil imaginar o que estava pensando. Foi impossível me conter e olhei o Ian que parecia atento à situação, mas sem nenhuma expressão, até que o silêncio foi quebrado.
-Senhor?! Precisa receber seus convidados. -Um elfo direcionou sua fala ao rei.
-Uma festa? Serei usada como exposição? -Só de imaginar essa ideia me sinto enjoada.
-Sem chances!! -Disse o rei. -Você é minh... Nossa, você é nossa. Isto nunca ira acontecer. Ian, cuide dela por enquanto, faça sua pesquisa ou sei lá o que você normalmente faz. -Ele foi andando de costas até a porta me encarando, soltei um suspiro quando finalmente o rei deixou o cômodo.
-Era para eu ter ficado calada...
-Não se preocupe com isso, Ellisella. Tenho certeza que ele nem desconfiou.
-Parece acostumado quando pronuncia...
-Quando pronuncio?
-Sim, quando quando pronuncia meu nome. -As sobrancelhas dele se ergueram, sua expressão estava mais relaxada.
-Tenho uma boa memória, além do mais é difícil esquecer um nome tão bonito. -Dei um sorriso para ele.
-Acho que o rei não aprecia sua presença...
-É um sentimento mútuo, como te disse eu sirvo a realeza, mas não quer dizer que sou um capacho. -Ele fez questão de fechar a grande porta e se aproximou de mim.
-Então... o que você é? -Ian olhou para mim, parecia não ter entendido a pergunta. -Digo, se não é um capacho, que tipo de seres você pertence? Não acho que seja um humano, apesar da semelhança.
-Bem, eu me tornei um ceifeiro.
-Então os ceifeiros também fazem magia? Você fez esferas aparecerem naquele dia.
-Não fazem desse tipo, eu era e ainda sou um feiticeiro, apenas não pratico da mesma forma.
-Pode fazer aquilo novamente? Em algum dia? -Ian retribuiu o sorriso e concordou com a cabeça. -Acredito que também precisa ir à festa, correto?
-Só a classe média, alta e alguns membros vão a este evento, é um ambiente hostil. Sinceramente prefiro ficar aqui com você... Se quiser, claro.
-Pode ficar, iria dizer para se acomodar mas nem tem lugar para sentar-se. -Ele levantou uma de suas mãos e uma coloração saiu dela, uma materialização começou a se formar ao seu lado, era uma poltrona que se completava aos poucos. -Assim?! Do nada?!
-É mais fácil transportar objetos. -Ele se sentou. -Se incomodaria se eu lesse um pouco?
-Pode ler em voz alta?
-Quer que eu leia para você?
-Sim, sua voz é bem relaxante...
-Então você gosta da minha voz?
-Eu não disse isso.
-Entretando quis dizer, também gosto da sua voz, Ellisella. -Desviei meu olhar do dele, senti minhas bochechas queimarem por um tempo, ele parecia está adorando essa situação. Ian invocou um livro e começou a ler, era cauteloso em explicar alguns trechos e palavras difíceis que eu não entendia. O livro era pequeno, ele o devorou com muita facilidade, interpretava as falas mudando sua voz, era como se fosse uma atuação, dei várias gargalhadas durante a história que contava.
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Cᥲρtᥙrᥲ ᥒ᥆ C᥆rᥲᥣ - 𝑊𝑎𝑟𝑒ℎ𝑎𝑚
Fantasy━━━━━━ • ✿ • ━━━━━━ ɑ brisɑ do oceɑno soprɑ os segredos que ɑli predominɑm, se ousɑr inclinɑ-se pɑrɑ ɑ beirɑ do nɑvio poderά ver umɑ escuridα̃o e no fundo um brilho luminoso, é ɑzul e chɑmɑ pelo seu nome, ɑnsiɑndo por ser descobertɑ. Pule! E tente...