A Escola do Bem e Mal - Entre Castelos

confrontando o indesejável

Um profundo silêncio envolvia a masmorra, cercado apenas pelas inquietantes gotas que ecoavam no teto. Um pequeno riacho serpenteava pela planície de pedra, com uma descrição quase mágica, como se ele próprio temesse o destino traiçoeiro que o aguardava no fosso que envolvia a temida Escola do Mal. E para surpresa de todos, o cheiro nauseante do local não era tão insuportável quanto o interior daquela instituição. Raven percebeu isso ao descer os degraus da masmorra, sentindo a firme pressão da bengala de Lady Lesso em suas costas. Ela o incitava a ir mais rápido. - Se eu pudesse, príncipe, adoraria ver você destruir tudo à sua volta, mas não posso permitir. - Caminhando à frente do príncipe acorrentado pelos pulsos, a reitora deslizava as mãos pelas as chaves do local, abrindo a porta e guiando-o com suas pernas limitadas.

Naquela sala escura e sombria, os olhos ardentes de Ônix de Raven refletiam seu temor e incredulidade. Ele nunca imaginara que um dia estaria preso na Sala da Perdição. O medo percorria seu corpo como um arrepio, fazendo-o tremer incontrolavelmente. O ar gélido que pairava na sala irradiava frieza e parecia chicoteá-lo impiedosamente. Enquanto isso, a reitora agia com uma agitação nervosa, preparando as correntes que prenderiam o príncipe em sua primeira transformação na escola. Raven, preso por uma focinheira que lhe tirava a voz, mantinha-se calmo e observava, impotente, enquanto Lady Lesso o acorrentava de forma excessiva.

Uma gota de suor escorria pela testa da ruiva enquanto ela observava os olhos do príncipe mudarem de cor.

- Você ficará trancado até amanhã de manhã, eu vou voltar para te soltar e os guardas vão te vigiar a noite toda. Sugiro que não tente fugir, eles têm permissão para usar suas lâminas - a reitora murmurou para o príncipe, tocando sua bochecha coberta por uma focinheira.

- Quietinho, Raven - disse ela. A ruiva se ajoelhou perto das correntes que prendiam a mão do príncipe, e ele ouviu um som familiar de um feitiço sendo lançado.
- Assim, você não vai conseguir escapar. Pode se debater, sacudir, até morder as correntes se quiser, mas você não vai fugir - alertou Lady Lesso, com a convicção de que Raven perderia o controle e causaria o caos na Escola do Bem e do Mal. Os passos se afastaram e com eles, Lady Lesso deixou a cela onde Raven estava.

O licantropo atentamente percebia os passos se afastando cada vez mais da reitora, até que decidiu que era hora de intervir. A noite seria longa e ele não estava nada animado em estar despido e acorrentado em um lugar gélido. O som das tochas crepitantes era a única coisa que ecoava em sua solidão, junto ao peso opressor das correntes em seu corpo. Aquela situação era simplesmente insuportável demais. Cansado e desejando uma noite de sono tranquilo, Raven teve uma ideia mirabolante. Se a reitora teme a transformação, ele a traria até ela - pensou o príncipe, se acomodando entre as correntes. Fechando os olhos, Raven concentrou-se em evocar sua outra metade, guiado por sintomas que conhecia tão bem. Seus olhos ardiam enquanto sua íris negra se retraía e dava lugar a um amarelo brilhante, acompanhado de um estalo que esticava seu delicado rosto, transformando seu semblante humano em uma forma animalesca, com pêlos cor de vinho. O príncipe fica mais alto, suas pernas se alongando para apoiar-se nas pontas das patas.

Na cela, ele não se preocupava com o frio, pois sua natureza feroz o protegia do desconforto. Determinado, o lobo deu um passo à frente e olhou indignado para as correntes que ainda o aprisionavam. Com presas afiadas como navalhas, ele as mastigou em protesto. Frustrado, tentou segurá-las entre suas garras finas, mas o feitiço resistiu a todos os esforços. Raven começou a ficar impaciente, desejando fervorosamente um espaço onde pudesse se mover livremente. No entanto, todas as ideias que lhe ocorriam provavelmente falhariam. E assim, o lobo vermelho emitiu um grito assombroso, um som que mesclava o lamento humano e o uivo, tudo com o propósito de fazer Lady Lesso ouvir seus apelos desesperados.