Ao chegar em casa, fiquei editando o vídeo até minha barriga começar a roncar, o que me fez perceber que ainda tinha que almoçar. Me empolguei com a ideia de comer o maravilhoso macarrão da minha mãe, mas ao abrir a geladeira me lembrei que não tinha sobrado, então só tinha uma opção: cozinhar.
Eu cozinhando é igual a miojo! E ainda sim, eu era tão ruim na cozinha que acabava ficando com gosto de nada. Acabei decidindo ir até a praça perto de casa, onde sempre tinham pipoqueiros e carrinhos de cachorro quente. Era a opção mais saudável? Não. Mas era a mais gostosa.
Vou de elevador até o térreo, estava prestes a cumprimentar o porteiro, quando vi que ele discutia com a dona Luzia, uma das mulheres mais chatas do prédio. Tentei passar despercebida, mas ela me viu.
— Cibelle quanto tempo! Como vai a sua mãe? — perguntou, com sua voz aguda demais.
— Minha mãe está otima, daqui a pouco ela chega e falo para ela te ligar. Preciso ir, porque já estou atrasada. Até mais! — sorri e continuei a andar, apressando o passo como se realmente estivesse atrasada.
Poucos minutos depois, cheguei na praça e fui direto para o carrinho do pipoqueiro. Comprei um saquinho de pipoca doce e um da salgada. Você pode estar pensando que eu sou indecisa, mas a verdade é que eu sou esfomeada mesmo!
Quando voltei para o apartamento, cerca de vinte minutos depois, dona Luzia não estava mais na recepção, então consegui ir para casa tranquilamente. Adiantei meus deveres do colégio e fui para a sala, onde fiquei assistindo pela terceira vez a primeira temporada de The Vampire Diaries até que minha mãe chegou, quase sete horas da noite.
— Ci, aquela minha forma de bolo redonda está na casa da dona Luzia. Pode pegar pra mim? — pediu minha mãe, seu rosto refletia o cansaço depois de trabalhar horas seguidas no hospital.
— Por que sua forma de bolo está na casa dela? — perguntei, tentando enrolar.
— Ela pediu emprestado no fim de semana, mas já usou e quer devolver. Busca pra mim?
Se tinha algo que eu não queria fazer, era buscar aquela forma de bolo. Mas minha mãe estava cansada e tinha trabalhado o dia inteiro, então o mínimo que eu poderia fazer era buscar pra ela.
Sai do nosso apartamento e fui de elevador até o andar de baixo, assim que ele parou desci e andei até a porta 213. Toquei a campainha e escutei passos vindo, e como demorou um pouco para abrir, soube que a pessoa estava olhando pelo olho mágico. Por fim um garoto que nunca vi abriu a porta, parecendo tão confuso quanto eu.
— A dona Luzia está? — perguntei, quebrando o silêncio.
— Não, minha tia saiu. — respondeu, com um sorriso. — Posso te ajudar?
— Você é sobrinho dela? — perguntei, e acho que meu choque transpareceu, porque ele riu.
Com seus olhos castanhos e o cabelo cacheado, ele não se parecia em nada com a rabugenta senhora que morava naquele apartamento.
— Sou o Alex, vou morar aqui por uns meses.
- Sou a Cibelle, mas todo mundo me chama de Belle. — falei, sorrindo. — Moro no andar de cima.
— Então, do que precisa? — perguntou, me fazendo lembrar que tinha coisas pra fazer ao invés de só conversar.
— Minha mãe pediu para eu buscar uma forma de bolo dela que ficou aqui. — expliquei.
— Ah, acho que sei qual é! Minha tia me falou que alguém ia vir buscar a forma, vou pegar e já volto. — falou, entrando no apartamento.
Fiquei esperando na porta e não pude evitar espiar o interior, consegui ver uma sala, com um sofá estampado que era a cara da dona Luzia. Sobre o tapete marrom, dava pra ver um controle de vídeo game que com certeza era dele. Achei engraçado essa mistura.
Depois de alguns minutos, ele voltou e me entregou a forma.
— Obrigada, até qualquer dia! — falei.
— Até!
Assim que entrei no elevador e ele fechou as portas, comecei a dar risada de mim mesma. Eu dificilmente era tímida, mas perto de meninos, especialmente aqueles que são bonitos, eu não conseguia evitar. Quando voltei para o meu quarto, comecei a gravar de novo. Advinha o tema? Se chutou histórias de quando eu fiquei sem graça perto de garotos, parabéns, você acertou.
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Belle, youtuber!
FanfictionBelle é mais uma brasileira com um canal no YouTube e quase ninguém da sua cidade parece se importar com isso. Apesar de sonhar em crescer seu canal, parece isso parece estar muito distante, ou pelo menos essa isso que ela pensava. Um dia ela recebe...