Pais por acidente - Docshoe

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Antônio não conseguia acreditar no que via. Ele estava a alguns minutos parado observando o objeto vermelho que reluzia na gaveta. Após pegar a essência foi até o quarto de Bella e apesar do choque não quis perturbar a criança. Então entregou a essência e voltou ao quarto, onde se vestiu e esperava Amanda voltar.

Ele não conseguia entender o que estava acontecendo até se dar conta da sensação. A mesma sensação daquela noite foi o que ele sentiu quando ele e Amanda se entregaram um para o outro. As lágrimas escorriam quando ele finalmente se deu conta de que havia muito mais.

O tempo, ele fez as contas várias e várias vezes. A semelhança de Bella com ele, os cabelos totalmente pretos e fartos. Amanda nunca falando sobre o pai da criança nem mesmo com ele que sempre estivera ali por ela. A dor dele fazia seus pensamentos nublarem. Ele amava tanto aquela criança, como ela pode esconder isso dele? A sua respiração estava mais ofegante e ele decidiu que precisava pensar, ele precisava muito pensar. Sozinho. Então, saiu sem bater a porta.

Quando Amanda voltou para o quarto, Antônio já ia saído. O brinco estava na cama e a gaveta aberta. O brinco agora eram dois. E ela se deu conta do que tinha acontecido.  Amanda soube naquele momento que tudo havia mudado para sempre. Por uma hora, ela viveu o momento mais lindo da sua vida, a promessa da felicidade plena e agora, estava vivendo um pesadelo que ela mesmo criou tentando se proteger e proteger as pessoas que amava. Ela não tentou ligar para ele. Ela tinha certeza que ele não atenderia então apenas se deixou cair no choro até o cansaço fechar seus olhos.

Durantes dias, então, ela ligou sem descanso para ele. E para todos os amigos e familiares e ninguém dizia para ela onde ele estava. Não que não quisessem, mas todos apenas foram informados que ele estava bem e queria ficar sozinho também não foram informados o porquê. Aquilo era algo que ainda seria revelado e Amanda agradeceu pela discrição dele.

- Amor – Amanda suplicava nas mensagens de voz. – Me atende por favor. Eu posso explicar.

Antônio ouvia as mensagens em que ela chorava suplicando e o coração dele se partia em mil pedaços.

- Antônio, por favor. Me deixa te explicar. – Amanda disse em outro recado deixado na caixa de mensagens.

Fred já havia mentido tanto que se acostumou. Durante duas semanas após receber Antônio aos prantos na porta de sua casa, conviveu com ele silencioso e triste. Mentiu que ele não estava lá, mentiu que não o tinha visto.

- Uma hora você vai ter que ir até ela. - Ele disse enquanto empurrava um café para Antônio que nada disse. - Ela deve ter uma explicação.

Antônio queria que ela tivesse uma explicação, ele queria que ela tivesse várias explicações. Algo que o convencesse de que aquela atitude fazia algum sentido.

- Para esconder minha filha de mim? - Antônio disse triste. - Para me deixar no escuro sobre o fato de dormirmos juntos.

Fred sabia que era um assunto complicado. Ele conhecia Amanda o suficiente para saber que ela jamais faria algo para magoar Antônio ou qualquer outra pessoa, justamente ao contrário.

- E se ela não se lembra? - Fred chutou. - Vai ver ela não sabe.

Antônio sabia que era impossível. Ela havia visto o brinco várias vezes no colar dele. Ela sabia ao menos que ele tinha o par do brinco dela podia ter questionado. Mas não, ela mentiu para ele.

- Ela ama você cara. - Fred disse abraçando o amigo. - E você a ama. Fugir não vai resolver o problema. E mais, vocês tem algo muito mais importante para resolver agora, algo que está acima de vocês dois.

Antônio encarou Fred. Estava morrendo de saudade da sua princesinha.

- Bella. - Ele disse olhando para Fred. - A Bella é minha filha.

Fred sorriu com o rosto bobo de Antônio.

- Sim, parabéns papai.

- Eu tenho uma filha, Frederico. – Antônio repetiu sorrindo com os olhos cheios de lágrimas. – A minha menininha que eu segurei pela primeira vez é minha filhinha.

- É, ela é. – Fred abraçou Antônio que chorava emocionado.

Os dois riram. Apesar de tudo. Bella era o que alegrava Antônio.