Trombadas da vida.

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  Era mais um dia normal no mundo, onde pessoas acordavam cedo para trabalhar, caminhar ou qualquer outra coisa assim. Era verão afinal, o sol trazendo seu calor e encorajando a vida a desfrutar das coisas que a terra oferecia.
  Red, uma mulher no auge de seus vinte e cinco anos e que mal lembrava a última vez que lhe chamaram pelo nome de batismo, acabara de se deitar na cama de mais um hotel. Os olhos ardiam de cansaço pelo longo voo, sentindo o jetleg. O corpo reclamava por algumas horas de descanso e silêncio, onde tentaria recuperar-se inutilmente de uma vida tumultuada. O corpo reclamava por algumas horas de descanso e silêncio, onde tentaria se recuperar inutilmente de uma vida tumultuada. Nem se dera o luxo de se despir, retirar a maquiagem ou escovar os dentes, sabendo que se arrependeria depois, mas, no momento mandando a higiene básica à merda e apreciando o macio e reconfortante colchão. Entraria em “coma” por algum tempo, se desligando de tudo ao redor, pausando sua famosa e famigerada existência. Ali era apenas Samantha novamente, a garota de cabelo escarlate que adorava dormir, comer, ler e ouvir suas bandas preferidas enquanto imaginava-se nos palcos, mandando ver no bom e velho rock and roll. Sorriu, pensando em como aqueles desejos adolescentes se tornaramrealidade. Sua versão de quinze anos ficaria orgulhosa e um tanto chocada, surtando com a nova vida. Riu baixo, antes de fechar os olhos e se deixar levar pelos sonhos, mesmo que tenham se realizado.


                     •••••••••••••••••



  - Red! – Uma voz feminina chamava do outro lado da porta. – Red, porra! Acorda! Morreu aí dentro? - As investidas se tornaram mais fortes, obrigando a ruiva a despertar mal-humorada. – O Teddy quer falar com a gente daqui vinte minutos!
  - Já acordei! Já acordei! - Red gritou, irritada. Ouviu uma risadinha antes de tudo voltar a ficar em silêncio. – Que caralha... - Bufou, chutando a coberta longe e semicerrando os olhos, concentrada em se levantar. Procurou pelo maço de cigarros e o celular, tateando a mesa de cabeceira. Bocejou longamente, ainda bastante sonolenta. Parecia que nunca seria suficiente o ato de dormir. Espreguiçou-se por longos segundos antes de caminhar até o interruptor, iluminando o cômodo. Checou o horário, vendo que era quase cinco e meia da tarde. Dormira até que bastante, mesmo que a sensação fosse a de apenas ter piscado por alguns instantes. Colocou as malas sobre a cama, separando uma troca de roupa e os objetos de higiene pessoal, rumando ao banheiro. Lá, submeteu-se a um rápido e necessário banho, onde buscou despertar por completo e remover a maldita maquiagem. Após minutos preciosos desligou a ducha, indo até a pia e se encarando no largo espelho. Ainda havia resquícios do lápis de olho, que manchavam os cílios inferiores, mas nada que fosse muito urgente. As olheiras estavam visíveis, denunciando as poucas horas de sono desprendidas nas últimas semanas. Sorriu, feliz de estar na correria, mesmo que isso às vezes lhe custasse caro. Escovou os dentes, passou um pouco de corretivo, mais lápis delineador para esconder o borrado anterior, rímel e um batom tão vermelho quanto seu cabelo. Voltou ao quarto, trocando-se quase que na velocidade da luz, pois estava praticamente atrasada. Enfiou suas poucas tranqueiras nas bagagens, fechando tudo e colocando no canto do cômodo. Deu uma última olhada no recinto, desejando se jogar novamente na enorme cama, mas, ao contrário disso, acendendo um cigarro e passando pela porta, se dirigindo aos elevadores. Não havia visto nenhuma placa de “proibido fumar” no prédio. Então, continuaria fumando por aí até que alguém lhe parasse. Riu com o pensamento, sentindo-se um tanto rebelde. Nesse momento o celular vibrou no bolso da calça, tirando-a do devaneio supérfluo.
  - Margera! – Red saudou, animada. – A que devo a honra? – Zombou, sorrindo sozinha.
  - Adivinha quem está a alguns andares de você? – O rapaz soltou, ouvindo risadas. – Já liguei pro Jason e vamos fazer uma festinha aqui no meu quarto mais tarde.
  - E me ligou só pra avisar? – A ruiva riu mais um pouco.
  - Sabe que te amo. – Margera respondeu, divertido. – Te espero lá! - Despediu-se, encerrando a chamada sem rodeios. 
  - Ok... – Red afirmou pra si mesma. Não fazia muito tempo que conhecia Bam Margera, queridinho da MTV e um louco de pedra. Saber que o moreno estava ali só anunciava problemas e diversão. Sacudiu a cabeça, imaginando o quão fora de controle poderia tornar-se a festa que ele daria. Tragou o cigarro, reparando que finalmente o elevador parou em seu andar, abrindo as portas metálicas e nada convidativas. Entrou, apertando o térreo e aguardando chegar atrasada na reunião com seu “querido” empresário. Por sorte, não houve paradas e rapidamente estava no saguão. Caminhou sem pressa até o restaurante do lugar, avistando Teddy e mais cinco pessoas numa mesa redonda, somente uma cadeira vazia, que deveria ser a sua.
  - Tá atrasada. – Uma jovem de cabelos escuros e cacheados comentou, sorrindo de lado. Soltou uma longa e densa nuvem de fumaça dos lábios, jogando a bituca de seu cigarro no cinzeiro. – Teddy estava quase tendo uma síncope. – Segurou o riso, apontando o homem de meia idade que falava no celular. 
  - O elevador demorou. – Red deu de ombros, sentando-se ao lado da amiga e pegando um pãozinho.
  - Finalmente! – Teddy explanou, exagerado, fechando o aparelho. – Iríamos começar sem você.  – Informou, lançando um olhar pouco amigável à Red, que assentiu, preferindo não retrucar. – Sei que estão cansados da viagem e que querem descansar. – Começou, fitando os jovens. – Amanhã e depois teremos compromissos, após isso, darei folga a vocês. – Sons de alívio e contentamento foram ouvidos, fazendo o homem revirar os olhos. – Só por favor, não causem por aí. – Quase implorou, cansado. – Lilly, cuide deles, sim? – Pediu para a mulher, que assentiu.
  - Como se a Lilly fosse um puta exemplo. – Jason, um cara alto e magro, comentou.
  - Mais que você com certeza. – Cassie, namorada do jovem, resmungou, tirando risadas dos demais.
  - Vamos discutir quem é menos imaturo ou pedir a comida? – Shaun, um moreno de cabelos longos e ondulados, proferiu, já acenando para o garçom.
  - Tem mais alguma coisa que queira falar, Teddy? – Lilly indagou, falsamente inocente.
  - Por enquanto não. – O agente franziu o cenho, desconfiado. – Tirando o fato de que não irei jantar com vocês. Tenho que resolver algumas coisas. – Avisou, se levantando. – Bom apetite a todos e comportem-se. – Repetiu a última parte, conhecendo seus clientes. Sem demora se afastou do bando, rumando para algum lugar desconhecido do prédio e os deixando sozinhos.
  - O que foi isso, Lilly? – Red questionou, fitando a morena.
- Quando estava chegando escutei Teddy conversando com alguém no celular e ele falava sobre uma parceria. – A jovem jogou a informação na roda, satisfeita com a reação de todos.
  - Teremos que esperar pra ver. – Matt, um loiro de fios escorridos e olhos muito azuis, deu de ombros, mais preocupado em terminar sua taça de vinho. Logo saberiam do quer que fosse e ficar curioso com um telefonema parecia bobagem.
  A verdade era que aquela mesa estava ocupada por uma das bandas mais famosas do momento, o Cemetery Trees. Com exceção de Cassie que os acompanhava, namorava Jay e trabalhava como uma faz tudo, os demais compunham o grupo musical. Lilly era a baterista. Shaun e Matthew os guitarristas, Jason o baixista e Red, a vocalista. Todos amigos de infância e que continham o mesmo sonho. Foram anos de insistência até serem reconhecidos e terem os frutos do trabalho colhidos. Agora estavam ali, na primeira de muitas turnês a Europa, onde tocariam no Rock am Ring e dariam entrevistas a rádios, canais de televisão e revistas. Suas músicas, tocando em todos os lugares, onde adolescentes e jovens alternativos costumavam frequentar.
  - O Bam me ligou. – Red comentou como quem não quer nada. Já haviam sido servidos e desfrutavam de uma ótima comida.
  - Ele também me ligou e nos convidou para uma festinha. – Jason informou, mordendo uma batata assada.
  - Eu nem sabia que ele estava por aqui. – Shaun levantou uma sobrancelha, sorrindo arteiro.
  - Prevejo que não dormiremos hoje. – Matt riu baixo, já um tanto alto pelo vinho.
  - Só lembrando que amanhã cedo vocês terão passagem de som e a cidade do festival é quase duas horas daqui. – Cass avisou, sabendo que não valeria de nada.
  - Ótimo. Uma hora e meia de descanso. – Lilly brincou, rindo em seguida. – Vamos só curtir um pouco, sem exagerar. – Falou, não convencendo ninguém.
  - Fumar um baseado e relaxar. – Jay passou o braço pelos ombros da namorada, que revirou os olhos mesmo sorrindo.
  - Vocês quem sabem. Só não digam que não avisei. – Cassie resignou-se, decidindo aproveitar também. Estavam na Alemanha, a primeira de muitas e inéditas paradas durante os próximos dois meses. Iriam descobrir e experimentar coisas novas, com braços e mentes abertas.


     ****************


    O som alto que vinha de determinada porta no longo corredor, denunciava onde era a festa. O sexteto parou em frente ao pedaço de madeira compensada, batendo algumas vezes antes que alguém atendesse.
  - Entrem! Entrem! – Um desconhecido sorriu abertamente para eles, dando passagem.
  - Eles chegaram! – Bam gritou, tragando um baseado. – Que bom que vieram. – Sorriu, indo abraçar os colegas. – Tem bebida e erva pra todo mundo! – Apontou ao redor, contente. - Divirtam-se! – Desejou, antes de afastar-se e ir falar com uma loira.
  - Vou pegar bebidas. – Shaun avisou, caminhando até o frigobar. Segurou algumas latas, jogando aos companheiros. A música tocava de um amplificador, plugado a um pequeno aparelho de som.
  Rapidamente o bando escolheu um canto qualquer, onde havia alguns cigarros “bolados”. Acenderam e iniciaram uma conversa qualquer, não demorando muito até a “onda bater”. Matt gargalhava de algo que Jason disse, as lágrimas escorrendo por sua face. Lilly divertia-se com a cena, rindo um tanto mais contida, enquanto Shaun e Cass disputavam quem segurava a tragada mais tempo.
  Red observava os amigos, piscando algumas vezes. Se sentia um pouco desconfortável, decidindo beber um pouco mais. A erva não a tinha relaxado e sim lhe dado uma bad. Era quase sempre assim. Aprendera que deveria fumar maconha ruim, que desse apenas leseira, não as mais fortes que faziam a pessoa viajar. Em passos concentrados rumou até a pequena geladeira, tirando de lá uma garrafa. Fez uma ligeira careta ao provar o sabor amargo da cerveja, reparando que era nacional, não a Budweiser que tomou anteriormente. Deu mais um gole, olhando a movimentação do quarto e assistindo desconhecidos cheirando carreiras de cocaína, como se aquilo não os afetassem mais. Entornou outro tanto de sua bebida, não sentindo mais o gosto dela, apenas uma leveza dos sentidos. Seu humor pareceu melhorar consideravelmente, mesmo estando bem calada. Voltou para os companheiros, sentando-se ao lado de Lilly, que lhe sorriu.
  - Tá na “brisa”. – A baterista afirmou, divertida. – E essa garrafa aí? Passa pra cá.
  - Pode pegar. – Red entregou o objeto, procurando por seu maço. Não fumaria mais baseado nenhum, apenas seu bom e velho Lucky Strike. – Quase entrei na “bad”.
  - Cuidado. Fica na sua e não fuma mais. – A morena retrucou, preocupada.
  - Sim, eu sei. – A ruiva assentiu, contendo uma resposta grosseira. Tomou a garrafa para si novamente, sorvendo uma grande quantidade do líquido, praticamente acabando com o mesmo. – Matt? – Chamou o loiro.
  - Oi... – O guitarrista respondeu, fitando a amiga. Seus olhos pequeninos e vermelhos.
  - Busca mais dessas daqui, por favor? – Red pediu, sabendo que ele iria.
  - Ok. – Matt desencostou-se da parede, indo pegar o que lhe foi solicitado e sumindo entre as nuvens de fumaça que só deixavam todos mais chapados.
  - Essa música tá um porre! – Cassie reclamou com uma careta. – Troca a porra da música! – Gritou, escutando outras pessoas concordarem. Logo, algo mais agitado soava pelo ambiente, fazendo-a ficar em pé e puxar o namorado. – Vamos dançar.
  - Só vou, por que é Billy Idol. – O baixista resmungou, já começando a pular desajeitadamente.
  - Eu também quero dançar. – Red soltou, seguindo o casal de amigos, no caminho pegando a garrafa que Matt trazia. - Dancing with myself (dançando comigo mesmo). Dancing with myself (dançando comigo mesmo) ... – Cantava o refrão, abraçando a bebida e chacoalhando o corpo pra lá e pra cá. - ... Well, there's nothing to lose (bem, não há nada a perder), and there's nothing to prove (e não há nada a provar). When I'm dancing with myself (quando estou dançando comigo mesmo).
  Lilly observava a ruiva, rindo do jeito estabanado dela. Quando seus passos descoordenados juntaram aos de Jay e Margera, que também dançava empolgado, um novo clima nasceu. As pessoas entraram na brincadeira e como nos filmes, todos começaram a se mexer sem rumo, cantarolando a canção em um mantra. Cassie tinha subido na cama, pulando no colchão e mandando gritos de apoio aos amigos. Shaun e Matt riam, se divertindo com toda a situação. Era óbvio que a bagunça fora para um outro patamar e que logo alguém viria acabar com tudo. Enquanto não acontecia, era aproveitar. Com os acordes finais os ânimos pareceram diminuir um pouco, porém, só até a voz de Dexter Holland soar, com seu “lalalá” característico e que ditava o início de uma das músicas mais famosas do The Offspring. Era impossível não se mexer ao som da banda californiana ou entoar a letra de Self Steem a plenos pulmões.
  - ... When she's saying, oh, that she wants only me (Quando ela diz, oh, que eu sou o único que ela quer) ... – Bam cantou ao lado de Red. - ... Then I wonder why she sleeps with my friends (Então eu queria saber porque ela dorme com os meus amigos) ...
  - ... When she's saying, oh, that I'm like a disease (Quando ela diz que eu sou como uma doença)... – Ela continuou, entrando na onda do moreno. - ... Then I wonder how much more I can spend (Então eu queria saber o quanto mais eu posso gastar)... – Tomou mais de sua cerveja, vendo as coisas girarem um pouco. Não era muito forte para bebidas, no entanto, a quantidade que ingeriu, mesmo somada a maconha, não lhe faria estar daquele jeito. Forçou os olhos, procurando o teor alcoólico no rótulo e vendo que era de nove porcento. – Puta merda... – Xingou, perplexa. Era melhor parar com aquilo também ou não levantaria na manhã seguinte. Franziu o cenho, oferecendo a garrafa para Margera, que aceitou de bom grado.
  - Red. – Lilly chamou a vocalista, tocando em seu ombro. Conhecia-a muito bem, sabendo que estava prestes a entrar em outra bad. Era quase sempre assim. – Vamos sentar um pouco? – Sugeriu, puxando a amiga para o canto que estava.
  - Eu tô bem, Lilly. De verdade. – A ruiva retrucou, forçando-se em não ceder a embriaguez. – Não tô na bad mais não. – Riu, fazendo a baterista relaxar consideravelmente. – Só me assustei com o teor alcoólico da cerveja. – Explicou, acendendo outro cigarro. – Tô meio tonta, acho melhor ir embora. – Comentou, soltando uma grande nuvem de fumaça.
  - Quer que te acompanhe? – A morena propôs, gentil.
  - Não precisa. – Red sorriu, passando segurança. Tinha percebido desde que chegaram os olhares que a amiga trocava com a loira que Bam havia conversado. – Curta seu flerte. – Zombou, acenando levemente em despedia e rumando até a porta. Por sorte, o pessoal estava muito chapado para perceber sua saída. Pé ante pé caminhou pelo chão acarpetado, prestando atenção na estampa clássica em tons de bege e vermelho. Tão distraída estava que não percebeu a aproximação da figura alta, que mexia no celular, também não reparando nela. O choque foi inevitável, quase derrubando-a.
  - Caralho! – O desconhecido proferiu, sua voz grave ecoando. – Se machucou? – Indagou, nitidamente apreensivo.
  - Não foi nada. – Red ria, tentando recuperar o equilíbrio. – Que trombada, hein! – Soltou, escorando na parede mais próxima. Seu rosto estava abaixado, ainda não tendo visto sua “vítima”. Levantou o olhar, encontrando orbes muito verdes. – Te feri? – Devolveu a pergunta.
  - Não. – A pessoa sorriu, permitindo-se rir também. – Sinto muito por isso. Estava distraído com o celular.
  - E eu, bêbada. Tudo certo. – A vocalista deu de ombros, sorrindo arteira. – Fora que você é alto, absorveu todo o impacto. – Brincou, arrancando mais risadas do sujeito.  - Sou a Red, muito prazer. – Fez uma leve reverência, ainda apoiada a parede.
  - Ville. – O homem repetiu o gesto, que combinava com seu jeito aristocrático. – O prazer é meu. – Sorriu, gostando da interação. – Estava na festa do Bam? – Questionou, querendo ser diplomático.
  - Sim. – A ruiva confirmou, indo um tanto para o lado, pisando na bituca que um dia fora seu cigarro e que queimava o carpete. – Quase... – Resmungou, voltando a posição anterior. – Vai dar uma passada lá? Na festa do Margera, digo. – Indagou, como se quase não tivesse causado um pequeno incêndio.
  - Irei. – Ville assentiu, achando a mulher divertida.
  - Confira o teor alcoólico das cervejas. –  Red falou, como um conselho valioso. – Eu não fiz isso e olha aí. – Apontou para si mesma e sua condição. – Bêbada com duas garrafas. – Encostou a cabeça no adorno de gesso, suspirando derrotada. – O baseado que fumei ajudou um pouco nisso, mas... – Deu de ombros.
  - Vou conferir, pode deixar. – O rapaz concordou, achando melhor não contraria-la. – Quer alguma ajuda pra chegar ao seu quarto? – Ofereceu, vendo que ela apresentava um pouco de sonolência.
  - Não, consigo me virar. – A jovem sorriu, determinada. – Aproveite sua noite, moço bonito. – Desejou, sincera. – Espero encontrá-lo novamente. – Soltou, o achando familiar, mas por conta de sua mente nublada, não ligando nome à pessoa.
  - Até mais, Red. – Ville acenou contido, retribuindo o sorriso. – E penso que nos encontraremos sim, muito brevemente. – Deixou a frase no ar, dando as costas e retomando seu caminho. Sabia quem era a mulher, mesmo que não a conhecesse pessoalmente até aquele momento, pelo menos.
  A ruiva direcionou-se ao elevador, apertando o botão para que subisse. Bocejou, sentindo um sono gostoso. Imaginou o colchão macio e as horas de descanso que teria, pois não era tarde da noite. Foi com prazer que assistiu as portas metálicas abrirem passagem, adentrando o cubículo e selecionando seu andar. Mais ligeiro que a última vez, o ascensor chegou ao destino, libertando Red para seu merecido repouso.
  Entrar no quarto foi fácil, muito disso devido ao cartão magnético que fazia o papel de chave. Sem rodeios, a vocalista chutou os coturnos longe, tirando a calça jeans e jogando-se na cama tão atraente, sem ao menos se preocupar em tirar a maquiagem, como antes. Se permitiu ser tragada para o mundo de Morpheus, sonhando com olhos verdes e uma voz profunda e reconfortante.

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