Helsink e o fim de tudo.

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“... I'll be the thorns in every rose
You've been sent by hope
I am the nightmare waking you up,
from the dream of a dream of love...

 

 ... (Eu serei os espinhos em todas as rosas
Você foi enviada pela

esperança
Eu sou o pesadelo que lhe acorda
do sonho de um sonho de amor) ...”

  Os versos mais uma vez preenchiam os ouvidos de Red. Parecia até que algum recado queria ser dado na forma da canção. Não importava se estava no aleatório, frequentemente a música repetia-se. Vivia a cantarolando por aí, especialmente esta pequena estrofe que dizia muito. Tirou os fones e virou para Lilly, que estava ao seu lado lendo um de seus muitos livros. O voo até Helsinki se encontrava quase no fim, as luzinhas da cidade acenando para quem quisesse ver. Roma havia ficado para atrás uma semana antes e desde então passaram por inúmeros lugares, sem descanso ou coisa assim. Emendaram paradas, apresentações e aquilo apenas somou para o sentimento de exaustão geral. Tudo se resumia a isso. Exaustão da turnê, da correria e da melancolia que tomava a todos pelo fim da maravilhosa viagem.

  - Desembucha. – A baterista resmungou, parando sua leitura e fitando a amiga. Era palpável a frustração dela.

  - Chegamos em Helsinki. – A ruiva informou, franzindo o cenho e lutando contra as lágrimas que se formavam. Engoliu em seco antes de sorrir fracamente.

  - Sim, chegamos. – A morena assentiu, gentil. Odiava ver a outra sofrendo assim, ainda mais quando sua situação era a oposta. Conseguira chegar num acordo com Mirkka, que voltaria consigo para os Estados Unidos, pois o HIM entraria em hiato. – Por que não para de reprimir o que sente e aceita estar apaixonada? Não há nada de errado nisso. E internamente você sempre que poderia acontecer. – Despejou as palavras antes que se arrependesse. – Porra, Red! É palpável o sentimento de vocês! Todo mundo já percebeu que estão gostando verdadeiramente um do outro. Pode ser difícil conciliar, mas o que há de errado em tentar? – Manteve a voz baixa, entretanto, o efeito causado foi o mesmo que se tivesse gritado a plenos pulmões. Viu a figura da vocalista se encolher, envergonhada e ressentida, certamente atingida em cheio pelos “tapas” de realidade. – Sinto muito. Não quis soar invasiva ou fria ao que está passando. - Desculpou-se, fechando os olhos e respirando fundo. – É só que, caramba! Nem é paixão mais o que rola entre vocês. É amor. Aquele tipo de amor intenso e fatal. É como se estivessem conectados pelo destino. Fadados a se encontrarem. Amarrados pelo fio vermelho das almas, dos corações. – Sorriu, enxugando as lágrimas que escorriam da face de Red. – Pense e pese se vale a pena continuar sofrendo ou lutar pela felicidade. – Terminou o discurso, sabendo que dera muito para a amiga refletir. Suspirou, prendendo o cinto e aguardando começarem a aterrissagem. Alguma coisa lhe dizendo que o final da história não seria o almejado.

  Fileiras de distância e uma conversa parecida discorria entre Ville e Mige, que também expunha sua visão dos fatos e o que seria aconselhável de se fazer naquela situação.

  - Acha que conseguirá esquecê-la, Ville? – O baixista indagou, certo da resposta. – Sabe que o sentimento que o habita é forte e teimoso. Criou raízes profundas em seu coração, em sua alma.

  - E isso está me matando a cada dia. Ter consciência de que o amor se abrigou em mim, um amor que sempre desejei, que sonhei em ter e ser correspondido. Agora que o alcancei, ele se esvai entre os dedos. Sou covarde, não posso insistir no que está fadado ao fracasso. Postergar o fim só traria maior agonia e sofrimento. – Pigarreou, desviando o olhar para a minúscula janela. – Não deveria ter aceitado o trato ou me deixado levar pelo que é Samantha. A amo como nunca amei ninguém, e penso, não conseguirei amar. Necessito tocar sua pele, ouvir sua voz... sua respiração enquanto dorme. Necessito tê-la comigo e essa é a principal razão para deixar que vá. Não é justo.

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