Prológo

136 6 0
                                    

Zhao Kuanyin abriu a boca conforme sua avó realizava as pinturas em porcelanas, ela adorava ver como o pincel mergulhava na tinta e se transferia a uma cerâmica tão delicada, Zhao Lan trabalhava com as porcelanas que enviavam para o Reino Unido, enquanto seu marido, o falecido sr. Hua Jinse, era encaminhado para as plantações. Lan já havia tido dinheiro, seu pai foi dono de um restaurante para trabalhadores, mas quando ela saiu da cidade para Hong Kong, ele a praticamente deserdou.

A jovem menina continuava olhando a forma que a mais velha pintava, o que chamou a atenção dela.

–Gosta de me ver pintando?– Sussurrou aproximando o rosto da neta e beijando sua testa, Kuanyin assentiu.

–Gosto também quando você me conta as histórias...Não sei porque tia Jie não gosta mais, não faz mal nenhum– A chinesa disse erguendo os ombros e se ajeitando na almofada, Lan respirou fundo e continuou pintando, seus chefes não eram umas das melhores pessoas, eram os imigrantes que colonizaram o seu povo, mas se ela não fizesse as coisas direito, seria mandada para o olho da rua.

–Ela... Está em outra fase–

–Bom... Conte de novo a história de Chang'e– Kuanyin diz implorando, as mangas de seu traje cobriram suas mãos que estavam juntas, o que fez uma das colegas de Lan rir baixinho e continuar a confecção das porcelanas.

–Para uma garotinha quieta, está bem falante hoje– Jieqiong comentou sorrindo e deixando a cerâmica que havia acabado de pintar de lado, Kuanyin abriu um sorriso delicado e deu de ombros.

–Eu gosto muito dessa história–

–Mas e a deusa com o seu nome Kuanyin? Não acha que ela ficaria triste?–

A jovem negou, abrindo mais um sorriso e pulando nos braços da avó, que ficou um pouco surpresa e riu pelo afeto da neta, ela via gerações e mais gerações presas naqueles olhos, ela via o seu falecido marido e via sua filha Meifen, mas também notava todas as gerações que ela não veria.

Ela contava as histórias para que sua neta soubesse o quanto ela a amava e criasse as raízes e se apegasse a elas, diferentes de sua filha Jie, ou diferente de Huain que não parecia ligar muito, mas que fazia por ter de fazer.

–Chang'e é a deusa da lua...–

Kuanyin continuou observando a avó enquanto ela lhe contava sobre uma das deusas que mais gostava.

Escândalos em sedaOnde histórias criam vida. Descubra agora