Capítulo 20

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Zhao Kuanyin


Quando eu vi minha mãe ali, senti que iria enlouquecer.

Quando ouvi ela dizendo que vovó Lan havia partido, senti que iria morrer.

Quando ouvi minha bisavó dizendo que queimou as cartas de minha mãe, senti que viraria um monstro.

Eu já tinha planos para voltar à China depois do casamento de Olivia, mas eles estavam começando aos poucos a me transformar em vilã dos contos de fadas.

Eu talvez possa ter me descontrolado um pouco quando aquela velha me disse isso. Assumo que pegar um grampo afiado e sair atrás da pessoa não fosse algo de alguém completamente são... Mas eles haviam me enlouquecido.

Tentei muito fazer parte daquele lugar, mas eu não me encaixava, eles me deram tratamento do silêncio diversas vezes e como você imagina alguém reagindo a sua mãe aparecendo do nada e te contando que sua avó morreu? Como não pode se despedir dela uma última vez?

Meu pai gritou comigo, disse que eu era uma decepção para ele e então minha mãe começou a gritar com ele também, os cabelos dela estavam soltos, o coque que usava tinha ficado desfeito.

–Você não vai falar assim da minha filha!–

–Ela é minha também!–

–Não! Eu não sou!– Grito olhando o mesmo, que parou de gritar e desviou os olhos da minha mãe para mim. –Você me disse para vir aqui e eu vim, mas não agiu como meu pai em nenhum momento–

Seus olhos continuavam me olhando, enquanto minha mãe passava a mão no rosto e cruzava os braços.

–Você não me buscou no porto, não disse para me apresentar como Donwell no baile, deixou que a minha bisavó pegasse roupas, acessórios e tudo isso, deixou que pisasse em mim e quando não aceitei isso, virei uma decepção?– Pergunto com algumas lágrimas caindo, parecia que o peso de todas as coisas que fez começaram a cair nos ombros dele. ─Você não ficou ao meu lado quando precisei─

Olivia havia entrado na sala, não sei onde estava, mas aquilo não me interessava mais, a postura de minha mãe mudou novamente, os olhos dela estavam fuzilando minha irmã com o olhar, mas a mais nova não estava nem ligando, fingindo que aquilo não acontecia.

–Quero conversar com minha irmã sozinha–

–Você não vai falar com...–

–Mãe, tudo bem– Digo em chinês, ela desviou os olhos para mim.

–Eles te trataram como lixo filha, não acredito que vai deixar com que falem mais coisas a você–

–Só quero ouvir minha irmã–

Meifen assente e sai dali, foi a primeira vez que observei como minha mãe andava, era como um felino, os cabelos lisos estavam caindo pelas costas e quando meu pai percebeu que ele deveria sair também, então seguiu a minha mãe.

–Não imaginei que você era assim Yin-Yin– Olivia diz se encostando em uma das mesas, desvio os olhos para ela, sem compreender o que queria dizer com aquilo.

–Não me imaginou como?–

–Agindo de forma tão selvagem... Achei que isso estava apenas com os selvagens

da colônia– Ela responde negando com a cabeça, inclino a cabeça para o lado, em choque com a forma natural de minha irmã dizer uma coisa dessas. As "13 colônias" haviam tido a independência a muitos anos atrás, tanto que eles tentaram entrar na Ásia várias vezes.

Só que eles não eram mais algo pertencente ao Reino Unido.

Ao contrário do lugar que eu nasci.

–Aquele lugar não pertence mais a vocês, que digasse de passagem, mataram as populações originais de todos os lugares que pisaram–

–Fizemos o melhor!–

–Estupro e matar gente não é o melhor Olivia–

–Olhe como fala de nós, está na minha casa e não vai ofender a minha morada–

Senti meus olhos marejaram, quando trocamos cartas, sempre imaginei que Olivia iria me respeitar, que ela me entendia pelo menos um pouco, mas vejo que eu estava errada, então me levantei e caminhei até a minha irmã.

–Sua morada é uma grande merda–

Senti a mão dela contra o meu rosto, o tapa foi forte, mas o fato de ela não ter excitado em me bater doeu bem mais do que pude imaginar.

–Guarde minhas palavras, o que vou dizer a você, Olivia, eu não teria saído da China se não fosse porque você e papai insistiram. Confiei que vocês dois iriam me proteger deste lugar e o mínimo que fizeram foi me tratarem como todos os outros– Começo, os olhos dela também estavam marejados. –Se você um dia precisar do meu perdão, saiba agora que não o terá–

–Você é louca, papai deveria ter te internado–

–Deveria, mas vocês queriam pisar mais em mim... Para sua felicidade, não fico mais nenhum momento neste lugar–

Me afasto dela, desfazendo o coque que estava usando, abro a porta e a fecho, deixando para trás um dos motivos de ter vindo a este lugar.

Só precisava conversar agora com o motivo de ter me deixado forte.

Escândalos em sedaOnde histórias criam vida. Descubra agora