Na chuva

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Marc estava prestes a sair da escola, pronto para ir para casa depois de um dia esgotante de aulas, quando teve a impressão que estava chovendo.
Só para verificar se estava mesmo chovendo, estendeu sua mão e sentiu os pingos frios a atingirem. Que maravilha! Justamente quando ele não tinha trazido guarda-chuva.

Para alguns, aquilo era uma benção, já que não teriam que lavar o carro mais tarde, mas para outros era um pesadelo, principalmente para quem tinha carro: as ruas ficavam molhadas e escorregadias demais e era muito difícil conduzir. Se já tivesse em casa, talvez seria gostosinho dormir um pouco com o barulho, mas agora, aquilo era um pesadelo.

Recuou um pouco na tentativa de se afastar dos respingos que caíam ao chão, pensando se seria melhor esperar a chuva passar, ir no meio da chuva para casa, se deveria ir pegar o ônibus...

Foi quando seus pensamentos foram quebrado por ele.

- Oi!

Era só o que faltava. Já tinha tido um dia horrível por causa dele, da chuva, de não ter trazido sua caneta preferida pra escola, e agora tinha que encarar aquele ruivo falsificado.

Marc desviou rapidamente o olhar e bufou, fazendo Nathaniel se sentir um pouco envergonhado e triste consigo mesmo.

Nathaniel abriu seu guarda-chuva preto que, felizmente, trouxera consigo e antes de ir embora olhou pelo canto do olho para o moreno.

- Eu queria que você soubesse que eu realmente sinto muito pelo ocorrido de hoje mais cedo. Eu... Os meus desenhos sempre foram zoados por todos, ninguém nunca me levou a sério. Eu só... eu só estou tão acostumado que zoem comigo que acabei  me precipitando e desenhando um monstro em minha mente de você. Claro que isso não justifica o que eu fiz, até porque não há justificativa nenhuma eu ter rasgado as folhas do seu caderno. Descarreguei em você o meu medo de voltar a ser zoado por querer ser pintor. Ver alguém que não queira me zombar por isso e até quer trabalhar comigo é meio novo para mim... - naquela hora, Nathaniel se virou de frente para Marc, que já estava perplexo, pois o pedido de desculpas mais cedo tinha apenas sido só um "sinto muito". -  Eu... vou comprar um bloco novo para você. Não precisa me perdoar se não quiser, mas saiba que eu adoraria trabalhar com um escritor tão talentoso como você - Dito isto, o ruivo estendeu o guarda-chuva ao moreno, que aceitou, fazendo suas mãos se tocarem.

Marc olhou para aqueles olhos cianos. Já não tinha a mesma visão que tinha deles quando os encontrou hoje mais cedo. Agora, parecia que, no meio daquele mar das águas mais límpidas, havia uma doce pessoa no centro dele.

O moreno sentiu como se seu coração tivesse falhado uma batida ao receber aquele pedido de desculpas sincero. Começou a sentir o sangue a preencher suas maçãs do rosto. Ficou completamente desajeitado.

E, naquele encontro de oceano com folhas, o que estava agora segurando o guarda-chuva, acabou apertando sem querer o botão que fechava, o fechando assim em sua cara. Era como se ele se tivesse transformado naquele bicho de guarda-chuva com perninhas da coleção de jogos 'Yomawari'. Começaram ambos a rir com aquele ato desajeitado.

Nathaniel olhou para trás e viu sua mãe o esperando no carro.

- Até amanhã.

- A-A-aham. A-a-até ama-amanhã. 

- Primeiro dia que vocês se conhecem e já são dois pombinhos apaixonados - comentou Marinette, aparecendo por detrás do primo.

- O quê-? Claro que não!

- Sabe, vocês são feitos um para o outro - após dito isto, desceu as escadas em direção à sua casa.

- É... talvez - disse Marc esperançoso, vendo a prima desaparecer ao longe, enquanto ele próprio seguia seu caminho.

oneshots marcanielOnde histórias criam vida. Descubra agora