Cheirinho de chocolate quente

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Era começo de novembro, as árvores estavam tingidas de laranja e amarelo e suas folhas caíam pouco a pouco, dizendo adeus aos pedestres que tinham visto todos os dias passarem pelas ruas para elas mesmas irem começar sua própria jornada pelo mundo, ou então acabarem sua curta vida graças a uma pisadela.

Aos poucos, as ruas calcetadas de Paris se iluminavam com as luzes dos postes, cujo quais ajudavam pessoas perdidas a acharem seu caminho de volta para casa. E enquanto a luz cintilante começava a fazer sua parte, as pessoas também faziam a sua e começavam a colorir o chão com seus sapatos de várias cores, modelos e tamanhos. O passo delas era rápido, como se estivessem fugindo de seus problemas, desejosas de voltar para casa.

E apenas para completar a paisagem, um lindo pôr do sol acontecia nesse momento. A mistura de cores de vermelho, amarelo e um pouco de azul combinava completamente com a cor das árvores. Era como se fosse um cenário combinado pela natureza.

Nathaniel agora andava por essas ruas e observava aquilo tudo. Normalmente quando passava por ali era para sentar-se perto da Torre Eiffel e pintar em um quadro, mas hoje tinha outros planos.
Acontece que, depois de passar a tarde pintando por ali nas redondezas, ele costumava passar em uma cafeteria que estava ali perto e pedia quase sempre a mesma coisa: um chocolate quente. Desde que começara a frequentar aquele lugar, sempre reparara no garoto alto e moreno de olhos verde esmeralda que lá trabalhava e costumava atende-lo. Praticamente já se conheciam de olhar. 
Nathaniel tinha muito interesse naquele garoto. Parecia tão simpático, do tipo que não faz mal nem a uma mosca. A única coisa que sabia dele era que se chamava Marc, que é gay e assexual e gosta de filmes de Monster High, graças aos seus coloridos broxes presos no avental
E hoje ele tinha decidido. Hoje era um grande dia. Era hoje que iria dar seu número para àqueles olhos verdes tão misteriosos.

O ruivo se esgueirou pelas várias mesas que ficavam na parte de fora do café e entrou porta adentro fazendo o sininho tocar.

O café era bastante acolhedor: as paredes tinham tábuas de madeira marrons, plantas penduradas no teto, sofás longos encostados às paredes e uma luz amarelada que dava o charme.

Olhou para o balcão de atendimento e viu-o de costas fazendo café na máquina grande que ficava logo atrás do balcão. 
Nathaniel sentiu uma onda de nervosismo subitamente invadi-lo e sentiu uma vontade tremenda de deixar as coisas como estavam e aproveitar-se do facto de que ele ainda não o tinha visto e ir-se embora. Talvez ele nem tivesse interesse em conhecê-lo, talvez aquele sorriso que ele lhe lançava era apenas por ficar feliz em ter um cliente constante, talvez nem sequer o achasse bonito, talvez...

Foi quando seus pensamentos foram quebrados quando o viu se virar e ir entregar o café que estava preparando.
Marc reparou nele e soltou-lhe um sorriso e acenou-lhe. O ruivo se sentiu ainda mais nervoso, mas agora não tinha mais volta atrás, se não iria parecer esquisito. Sorriu de volta para Marc e dirigiu-se ao balcão.

- Vai querer o mesmo de sempre?

- V-vou.

Nathaniel soltou um suspiro aliviado quando viu Marc voltar-se novamente de costas para ir preparar sua bebida.

Rapidamente teve a bebida entrega e o ruivo foi se sentar no mesmo cantinho que sempre se sentava.

Não tinha falado. Como sempre, tinha deixado seu nervosismo tomar conta e ficara quieto. Talvez fosse melhor assim, continuaria apenas sendo apenas um cliente frequente dali e nunca o conheceria de verdade.
Nathaniel detestava tanto ter perdido tanto oportunidades de conhecer gente nova por causa disso. Podia ter feito amizades incríveis se ao menos soubesse o que falar e se não travasse tanto na hora de falar.

Respirou fundo e tomou seu chocolate quente rapidamente. Normalmente, como se sentava sempre do lado da janela, tirava o momento para apreciar a vista e desenhar um pouco mais ou mexia no celular, mas hoje não estava nem um pouco afim.

Pediu a conta e se surpreendeu por ver o garoto de cabelos pretos a ir entregar, já que normalmente ele não fazia isso.

Pagou e Marc entregou-lhe o talão, mas também entregou um outro papel.
Desdobrou o papel e leu a seguinte frase escrita em uma caligrafia impecável:

Quer ir no fliperama comigo?

E tinha o número de celular dele.

Nathaniel deixou escapar um sorriso e tirou do bolso um papel onde tinha colocado seu número e entregou-o a Marc, que estava um pouco corado.

Ele leu o papel e depois os olhares dos dois garotos se cruzaram e soltaram ambos uma risada.

Sorriram um para o outro e Nathaniel se levantou para se ir embora, dando um tchau para o moreno que também lhe deu um tchau mais tímido.

Nathaniel tirou de sua pochete seu celular e digitou rapidamente o número de Marc para enviar-lhe uma mensagem:

"Eu adoraria ir no fliperama com você"

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