Capítulo 5

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Katherine estava em estado de choque. Como poderia seu amado ser um dos infectados? Seus olhos, antes verdes, brilhavam agora em um tom amarelo, como os de um lobo. Ele sorria para ela, mas não com aquele sorriso sarcástico do infectado que ela havia matado dias atrás, mas sim um sorriso doce, repleto de dor e pena.

— Eu pretendia te contar um dia, talvez antes de nos casarmos, — disse James. — Mas eu jamais imaginaria que você odiaria minha espécie. Você, que é tão compassiva e piedosa, que ajuda a todos. Eu pensei que você iria ajudar os 'infectados', como vocês nos chamam, a escapar da fogueira. Mas não, você é mais um dos monstros que nos caçam.

Ele falou olhando diretamente para ela. Katherine ainda estava desestabilizada, sem conseguir articular uma palavra. Ela tremia, tentando compreender o que estava acontecendo, enquanto lágrimas escorriam por suas bochechas. Ela não seria capaz de matá-lo. Não poderia ser. James a amava, e ela o amava. Como poderia fazer algo assim?

E no breve momento em que Katherine tentou processar o que estava acontecendo, o infectado avançou rapidamente em sua direção, erguendo-a do chão pelo pescoço com uma mão só. Ela chorava, sem tentar lutar, completamente sem forças.

— Aqueles que vocês chamam de infectados, minha querida, não estão doentes. Eles simplesmente deixaram de ser humanos, e não são inferiores a vocês. Na verdade, somos mais fortes, rápidos e praticamente imortais. Eu não queria ter que fazer isso com você, meu amor, eu te amo tanto... Mas você não me dá escolha...

Ele falou enquanto a segurava. Nesse momento, Elizabeth, que estava escondida, saiu de sua posição de suporte e disparou uma flecha de sua besta, passando de raspão no casal. Ela então correu para longe, provavelmente em busca de ajuda. O movimento brusco da criança, bem como a flecha que quase o pegou de raspão, atraíram a atenção de James, que, sem querer, deixou Katherine escapar de suas mãos, derrubando-a no chão e a arranhando no braço. Isso trouxe-a de volta à realidade, que disse, chorando:

— Como... Como pôde? Eu te amei, amei um monstro? Agora tu vens e me machuca? Eu jamais te mataria, meu amor. Eu teria te deixado fugir... Mas... Vejo que és apenas mais um infectado, sem mente, e que não se importa em ferir os outros! — Katherine gritou, tentando processar o que estava acontecendo.

James não conseguia encarar a garota nos olhos. Seus olhos amarelados ainda brilhavam, e ele podia sentir a dor e a confusão em suas palavras. Ele queria explicar, queria confortá-la, mas sabia que não tinha escolha. Não podia deixá-la viva agora que sabia sua verdadeira natureza.

— Eu realmente te amei, e te amo, Katherine! Tu és a mais bela de todas para mim, mas não posso te deixar viver agora que sabes de mim. — Uma lágrima escorreu de seu olho, uma prova de seus sentimentos. — Mas não consigo, assim como tu dissestes que não consegues! Não posso tirar tua vida, não de novo!

Nesse momento, eles ouviram passos se aproximando. Katherine estava extremamente nervosa, e murmurava de dor. Eles não poderiam ser vistos como um infectado ensanguentado e uma garota modesta em roupas vulgares, usando calças. Seriam segredos demais a serem revelados. James pegou Katherine no colo, que parecia estar fraca devido ao baque da queda e a perda de sangue do corte no braço, e partiu de volta para a vila onde moravam. Ele não podia deixá-la ali, naquela situação, mas também não a mataria.

James estava com o coração partido, mas ao mesmo tempo, sentia uma paz imensa por ter Katherine novamente em seus braços. Ele sabia que não podia perdê-la outra vez, e faria de tudo para mantê-la segura. Precisava encontrar uma solução para esse impasse, mas por enquanto, deveria deixá-la em sua casa, onde estaria protegida dos perigos que rodeavam a existência dos infectados como ele, ainda mais após aqueles acontecimentos.

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